Opinião
Bons e maus, sem rótulo
Os grandes problemas da poluição planetária estão em África e na Ásia, onde a pobreza económica e comportamental tem lixeiras e esgotos a céu aberto e doenças por falta de água potável e salubridade.
A FRASE...
"Somos uma espécie de aldeia do Astérix da estabilidade."
António Costa, Expresso, 23 de agosto de 2019
A ANÁLISE...
Em tempos idos, Portugal teve também um governo que equilibrou as finanças públicas e assumia ser uma ilha de estabilidade num mundo complicado, e ambos gostavam pouco de greves em setores estratégicos.
Dito assim, com alguma ironia, ajuda a escrever que não existem governos de esquerda ou governos de direita, existem bons e maus governos. Todos terão preocupações sociais, político que não tenha não é político e perde eleições, e mesmo quando governam sob intervenção externa, Soares 1983/Passos 2012, os resultados são semelhantes. Até por vezes dentro do mesmo governo a mudança de titular muda completamente a execução política, como aconteceu recentemente na energia, com o novo titular da pasta a tentar reverter três anos de tolices e desastres. Há bons e maus em todo o lado.
E as velhas etiquetas de esquerda e direita já não colam facilmente. E a este Governo não cola, pois tem políticas ditas de esquerda e outras bem à direita. Taticamente ganha no esvaziar das oposições, o que perde em coerência e em ideologia. Ideologia? E defender o peso do Estado, em detrimento das liberdades económicas individuais, agradaria a Salazar e agrada certamente ao BE e ao PCP. Será Salazar de esquerda ou serão o BE e o PCP de direita?
E as causas ambientais, serão de esquerda ou de direita? Bem, o primeiro governo com preocupações ambientais foi o de Cavaco Silva com Carlos Pimenta e Macário Correia. E não as há muito onde a esquerda dura governa, entre o sem-número de catástrofes ambientais na ex-URSS ou a poluição atmosférica e de plásticos na China. Pelo contrário, os países com maiores taxas de reciclagem de plástico e menor poluição, são os países ditos capitalistas e desenvolvidos. Os grandes problemas da poluição planetária estão em África e na Ásia, onde a pobreza económica e comportamental tem lixeiras e esgotos a céu aberto e doenças por falta de água potável e salubridade. Salvar o planeta passa por dar condições de desenvolvimento económico e social a esses povos, pela globalização dos seus produtos, do que usando o ambiente como causa política interna e manifestante, num país pouco poluído e com 0,11% das emissões de CO2 mundiais.
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
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