Opinião
Um país falso
Nestes últimos dias, vivemos entre as fábulas de Tancos e a de Serralves. O pano de fundo nos dois casos é a falsidade, as explicações mal dadas, a tentativa de fazer passar as pessoas por idiotas.
Back to basics
Vejo as coisas de uma forma como não foram vistas antes. A Arte é uma declaração rigorosa sobre o tempo em que é produzida.
Robert Mapplethorpe
Vejo as coisas de uma forma como não foram vistas antes. A Arte é uma declaração rigorosa sobre o tempo em que é produzida.
Robert Mapplethorpe
Um país falso
Nestes últimos dias, vivemos entre as fábulas de Tancos e a de Serralves. O pano de fundo nos dois casos é a falsidade, as explicações mal dadas, a tentativa de fazer passar as pessoas por idiotas. Tancos e Serralves estão envoltos numa neblina de mentira e mistificação, de protecção de compadrios. Nos dois casos há laxismo e prepotência, que passam pelo encobrimento dos factos e por encenações de circunstância para esconder a verdade. Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura, agora travestida de vestal porta-voz de Serralves, esteve ligada, enquanto membro do Governo PS, aos afastamentos de Paolo Pinamonti do São Carlos, de Paulo Cunha e Silva do Instituto das Artes, de António Lagarto do Teatro Nacional D. Maria II, de Dalila Rodrigues do Museu Nacional de Arte Antiga e de Ana Pereira Caldas da Companhia Nacional de Bailado - às vezes, a memória das gentes é curta, por isso vale a pena recordar os efectivos currículos de actuação desta governante que teve uma concepção dirigista da Cultura, que se imiscuiu repetidamente nas programações dos organismos que tutelava e que agora se arma em guardiã dos bons costumes. Ana Pinho, a presidente de Serralves, revelou-se uma ilusionista da realidade, ignorando factos, procurando ocultar as suas próprias acções e as dos seus pares e insinuando a sua inocência - bem protegida pelo extraordinário apego de Pacheco Pereira à defesa da ordem estabelecida. Ao pé deste triunvirato, o sargento da GNR de Lagos e o director da Polícia Judiciária Militar são meninos de coro que só tiveram êxito na récita porque o ministro da tropa se tornou o maior especialista nacional em assobiar para o ar. Uma falsidade pegada, é o que isto é.
Semanada
• Depois de ter prometido a mudança para compensar a derrota na instalação da Agência Europeia do Medicamento, o Governo deixou cair a passagem do Infarmed para a cidade do Porto • o número de inscritos em cursos técnicos superiores aumentou 40% em relação ao ano passado • mais de 15% dos acidentes verificados nos primeiros seis meses deste ano foram atropelamentos • Tino de Rans está a recolher assinaturas para formalizar um partido a que chamou RIR (Reagir, Incluir, Reciclar) • já depois do caso Robles, o Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia Municipal de Lisboa uma proposta de investigação às decisões polémicas de Manuel Salgado, vereador do urbanismo, proposta que foi chumbada pelo PS e pela sua aliada arquitecta Helena Roseta • o desemprego de muito longa duração é, para os portugueses, o dobro do que representa para os estrangeiros que vivem em Portugal • o número de cidadãos estrangeiros a optar por viver em Portugal aumentou 83% no último ano e meio, resultado do regime fiscal português que visa atrair trabalhadores qualificados e reformados • no primeiro semestre de 2018, transaccionaram-se 86.335 casas em Portugal, mais 19,8% do que no período homólogo - uma média de 474 casas vendidas por dia, e as receitas atingiram os 11,6 mil milhões de euros, um crescimento de 30,5% face ao primeiro semestre de 2017 • as contas de Centeno são claras: fez aumentar a despesa do Estado em 1,2 milhões de euros e aumentou as receitas dos impostos em 2,6 mil milhões nos primeiros oito meses do ano.
Dixit
"É ao público que cabe avaliar se quer ou se deve ver ou não imagens com mais teor sexual explícito."
João Fernandes
Ex-diretor artístico de Serralves, actual vice-director do Museu Reina Sofia, em Madrid.
Folhear
Vasco Graça Moura gostava de fado, estudou-o, escreveu para fadistas. Sabia a sua história e percebia onde estava hoje em dia. Num artigo escrito em Novembro de 2011, para o Diário de Notícias, Vasco Graça Moura abordava a evolução do fado e sublinhava: "Amália provoca uma revolução, fazendo entrar de pleno a grande literatura nos territórios do fado e forçando os paradigmas musicais a incorporar outros contributos que hoje reputamos essenciais, como o de Alain Oulman." E mais adiante: "O público do fado é cada vez menos composto por saudosistas envelhecidos e sobreviventes das gerações anteriores (que, aliás, têm um papel de enorme relevo na transmissão de um saber, de uma sensibilidade e de um gosto de experiências feitos) e cada vez mais pelas novas gerações, abertas a um grande sincretismo de manifestações musicais." Vasco Graça Moura tinha esta sensibilidade - e esta curiosidade - em relação ao fado. Não é de admirar: escreveu poemas para vários fadistas como Mísia, Kátia Guerreiro ou Carminho, além de vários outros que lhe pediram autorização para cantar poemas seus. "A Puxar ao Sentimento: Trinta e Um Fadinhos de Autor" é um livro agora editado com fados inéditos de Vasco Graça Moura. Termino com um excerto de um deles: "Com um traço de amargura/quis cantar o fado a sós/e uma tristeza sem cura,/mais negra que a noite escura,/pôs sombras na minha voz."
Bolsa de valores
As Edições do Limão, ligadas à Galeria Monumental, iniciaram a sua actividade com "Branco", de Luísa Ferreira, que tem por base o livro de artista com o mesmo título, integrado na exposição que está naquela galeria até 25 de Outubro. É uma edição de 50 exemplares, 20 dos quais numerados e assinados pela autora, ao preço de 65,00€. Está à venda na Galeria Monumental e na livraria STET, e é um objecto lindíssimo, de colecção.
Pensamentos ociosos
O que terá levado a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, a visitar a sede da Ryanair em Dublin em vésperas da greve europeia de trabalhadores da companhia, e depois partilhar nas redes sociais uma bem-disposta fotografia com o polémico CEO da empresa, Michael O'Leary, acusado de não respeitar as leis laborais de uma série de países, entre os quais Portugal?
Ver
Estamos a atravessar bons tempos para a fotografia, em matéria de exposições. Em Serralves, claro que está Robert Mapplethorpe e a notoriedade desta exposição foi aumentada pelo truque da bolinha vermelha que a administração da Fundação lhe decidiu atribuir. Polémicas à parte, e apesar das alterações impostas, é uma mostra de um dos grandes nomes da fotografia do século XX, que marcou a estética fotográfica norte-americana. A interpretação do corpo, sobretudo o masculino, como matéria-prima é a sua imagem de marca.
Em Lisboa, no Museu do Chiado, é mostrada a obra de Carlos Relvas, um fotógrafo amador que, na segunda metade do século XIX, foi precursor de técnicas e formas de utilização da fotografia. Ainda em Lisboa, Luísa Ferreira tem duas exposições - uma na Galeria Monumental ("Branco") e outra no Espaço Santa Catarina, na qual revisita algumas lojas históricas da cidade, sob o título "Há Quanto Tempo Trabalha Aqui?". Finalmente, em Cascais, pode ser vista em estreia mundial uma exposição da obra de um dos maiores fotógrafos de moda do século XX, Norman Parkinson, sob o título "Sempre na Moda", com curadoria de Terence Pepper - que, durante mais de 40 anos, foi responsável pela área da Fotografia na National Portrait Gallery, em Londres. A mostra estará patente no Centro Cultural de Cascais, de 28 de Setembro a 20 de Janeiro de 2019 e percorre seis décadas da obra de Parkinson, para revistas como a Vogue ou a Harper's Bazaar, tendo fixado imagens de modelos e de estrelas do cinema, como a de Audrey Hepburn, que aqui se reproduz.
O som da chuva
Aline Frazão nasceu em Angola, viveu em Lisboa, Barcelona e Madrid. A sua música cresceu num triângulo com pontas no Brasil, em Cabo Verde e em Angola. A influência do jazz vem de outras latitudes e é bem presente, convivendo com um ritmo quente, na voz e nos arranjos, no cruzamento das mornas com a bossa nova, na maneira de dizer as palavras. "Dentro da Chuva" é o seu quarto disco e marca o seu reencontro com Luanda, de onde esteve ausente dez anos. Luanda, aliás, é uma presença dominante neste disco, em temas como "Areal do Cabo Ledo", sinais locais em "Manifesto", o apelo de África em "Um Corpo Sobre o Mapa" ou o desejo do regresso que "Fuga" conta. E depois as influências cruzadas, em parte trazidas por convidados como o violoncelo de Jaques Morelenbaum, a voz de Luedji Luna ou a guitarra de Gabriel Muzak. E o fio condutor é Aline Frazão, sempre inesperada como quando escolhe fazer uma versão de "Ces Petits Riens", de Serge Gainsbourg, ou quando vai explorar as composições de Danilo Lopes da Silva (o delicioso Peit Ta Segura") ou as palavras de Ruy Duarte de Carvalho. É escaldante, este disco.
Provar
Tudo indica que, até final da próxima semana, continuaremos a ter dias quentes e amenos fins de tarde. Portanto, tudo continua a proporcionar a procura de um bom vinho branco. A casta Cercial, originária da região do Dão e da Bairrada, existe por todo o país. Normalmente é associada a outras castas de vinho branco, como, por exemplo, o Arinto, a Bical ou a Malvasia Fina. As principais características da Cercial são a acidez e o aroma - daí usar-se em conjunto com uvas de outras castas. Fazer um monocasta de Cercial é uma aventura rara, porque é tão marcante que pode tornar-se desequilibrado. Mas o Cercial 2015 da Quinta de S. Sebastião é uma excepção que merece ser conhecida. A fermentação decorreu em barricas novas de carvalho francês e o resultado é um vinho com uma cor dourada, aromas pronunciados, mineral, intenso e fresco, do qual foram apenas feitas 700 garrafas. A Quinta de S. Sebastião, da região de Lisboa (Arruda dos Vinhos), produz uma extensa gama de vinhos e tem sido desenvolvida por António Parente que ali cultiva as castas tintas Syrah, Merlot, Touriga Nacional e Tinta Roriz e as brancas Arinto, Cercial e Sauvigon Blanc. Uma curiosidade final: a casta Cercial é a origem do famoso vinho generoso Sercial da Madeira, um vinho seco que depois de envelhecer adquire características excepcionais.
Nestes últimos dias, vivemos entre as fábulas de Tancos e a de Serralves. O pano de fundo nos dois casos é a falsidade, as explicações mal dadas, a tentativa de fazer passar as pessoas por idiotas. Tancos e Serralves estão envoltos numa neblina de mentira e mistificação, de protecção de compadrios. Nos dois casos há laxismo e prepotência, que passam pelo encobrimento dos factos e por encenações de circunstância para esconder a verdade. Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura, agora travestida de vestal porta-voz de Serralves, esteve ligada, enquanto membro do Governo PS, aos afastamentos de Paolo Pinamonti do São Carlos, de Paulo Cunha e Silva do Instituto das Artes, de António Lagarto do Teatro Nacional D. Maria II, de Dalila Rodrigues do Museu Nacional de Arte Antiga e de Ana Pereira Caldas da Companhia Nacional de Bailado - às vezes, a memória das gentes é curta, por isso vale a pena recordar os efectivos currículos de actuação desta governante que teve uma concepção dirigista da Cultura, que se imiscuiu repetidamente nas programações dos organismos que tutelava e que agora se arma em guardiã dos bons costumes. Ana Pinho, a presidente de Serralves, revelou-se uma ilusionista da realidade, ignorando factos, procurando ocultar as suas próprias acções e as dos seus pares e insinuando a sua inocência - bem protegida pelo extraordinário apego de Pacheco Pereira à defesa da ordem estabelecida. Ao pé deste triunvirato, o sargento da GNR de Lagos e o director da Polícia Judiciária Militar são meninos de coro que só tiveram êxito na récita porque o ministro da tropa se tornou o maior especialista nacional em assobiar para o ar. Uma falsidade pegada, é o que isto é.
• Depois de ter prometido a mudança para compensar a derrota na instalação da Agência Europeia do Medicamento, o Governo deixou cair a passagem do Infarmed para a cidade do Porto • o número de inscritos em cursos técnicos superiores aumentou 40% em relação ao ano passado • mais de 15% dos acidentes verificados nos primeiros seis meses deste ano foram atropelamentos • Tino de Rans está a recolher assinaturas para formalizar um partido a que chamou RIR (Reagir, Incluir, Reciclar) • já depois do caso Robles, o Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia Municipal de Lisboa uma proposta de investigação às decisões polémicas de Manuel Salgado, vereador do urbanismo, proposta que foi chumbada pelo PS e pela sua aliada arquitecta Helena Roseta • o desemprego de muito longa duração é, para os portugueses, o dobro do que representa para os estrangeiros que vivem em Portugal • o número de cidadãos estrangeiros a optar por viver em Portugal aumentou 83% no último ano e meio, resultado do regime fiscal português que visa atrair trabalhadores qualificados e reformados • no primeiro semestre de 2018, transaccionaram-se 86.335 casas em Portugal, mais 19,8% do que no período homólogo - uma média de 474 casas vendidas por dia, e as receitas atingiram os 11,6 mil milhões de euros, um crescimento de 30,5% face ao primeiro semestre de 2017 • as contas de Centeno são claras: fez aumentar a despesa do Estado em 1,2 milhões de euros e aumentou as receitas dos impostos em 2,6 mil milhões nos primeiros oito meses do ano.
Dixit
"É ao público que cabe avaliar se quer ou se deve ver ou não imagens com mais teor sexual explícito."
João Fernandes
Ex-diretor artístico de Serralves, actual vice-director do Museu Reina Sofia, em Madrid.
Folhear
Vasco Graça Moura gostava de fado, estudou-o, escreveu para fadistas. Sabia a sua história e percebia onde estava hoje em dia. Num artigo escrito em Novembro de 2011, para o Diário de Notícias, Vasco Graça Moura abordava a evolução do fado e sublinhava: "Amália provoca uma revolução, fazendo entrar de pleno a grande literatura nos territórios do fado e forçando os paradigmas musicais a incorporar outros contributos que hoje reputamos essenciais, como o de Alain Oulman." E mais adiante: "O público do fado é cada vez menos composto por saudosistas envelhecidos e sobreviventes das gerações anteriores (que, aliás, têm um papel de enorme relevo na transmissão de um saber, de uma sensibilidade e de um gosto de experiências feitos) e cada vez mais pelas novas gerações, abertas a um grande sincretismo de manifestações musicais." Vasco Graça Moura tinha esta sensibilidade - e esta curiosidade - em relação ao fado. Não é de admirar: escreveu poemas para vários fadistas como Mísia, Kátia Guerreiro ou Carminho, além de vários outros que lhe pediram autorização para cantar poemas seus. "A Puxar ao Sentimento: Trinta e Um Fadinhos de Autor" é um livro agora editado com fados inéditos de Vasco Graça Moura. Termino com um excerto de um deles: "Com um traço de amargura/quis cantar o fado a sós/e uma tristeza sem cura,/mais negra que a noite escura,/pôs sombras na minha voz."
Bolsa de valores
As Edições do Limão, ligadas à Galeria Monumental, iniciaram a sua actividade com "Branco", de Luísa Ferreira, que tem por base o livro de artista com o mesmo título, integrado na exposição que está naquela galeria até 25 de Outubro. É uma edição de 50 exemplares, 20 dos quais numerados e assinados pela autora, ao preço de 65,00€. Está à venda na Galeria Monumental e na livraria STET, e é um objecto lindíssimo, de colecção.
Pensamentos ociosos
O que terá levado a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, a visitar a sede da Ryanair em Dublin em vésperas da greve europeia de trabalhadores da companhia, e depois partilhar nas redes sociais uma bem-disposta fotografia com o polémico CEO da empresa, Michael O'Leary, acusado de não respeitar as leis laborais de uma série de países, entre os quais Portugal?
Ver
Estamos a atravessar bons tempos para a fotografia, em matéria de exposições. Em Serralves, claro que está Robert Mapplethorpe e a notoriedade desta exposição foi aumentada pelo truque da bolinha vermelha que a administração da Fundação lhe decidiu atribuir. Polémicas à parte, e apesar das alterações impostas, é uma mostra de um dos grandes nomes da fotografia do século XX, que marcou a estética fotográfica norte-americana. A interpretação do corpo, sobretudo o masculino, como matéria-prima é a sua imagem de marca.
Em Lisboa, no Museu do Chiado, é mostrada a obra de Carlos Relvas, um fotógrafo amador que, na segunda metade do século XIX, foi precursor de técnicas e formas de utilização da fotografia. Ainda em Lisboa, Luísa Ferreira tem duas exposições - uma na Galeria Monumental ("Branco") e outra no Espaço Santa Catarina, na qual revisita algumas lojas históricas da cidade, sob o título "Há Quanto Tempo Trabalha Aqui?". Finalmente, em Cascais, pode ser vista em estreia mundial uma exposição da obra de um dos maiores fotógrafos de moda do século XX, Norman Parkinson, sob o título "Sempre na Moda", com curadoria de Terence Pepper - que, durante mais de 40 anos, foi responsável pela área da Fotografia na National Portrait Gallery, em Londres. A mostra estará patente no Centro Cultural de Cascais, de 28 de Setembro a 20 de Janeiro de 2019 e percorre seis décadas da obra de Parkinson, para revistas como a Vogue ou a Harper's Bazaar, tendo fixado imagens de modelos e de estrelas do cinema, como a de Audrey Hepburn, que aqui se reproduz.
O som da chuva
Aline Frazão nasceu em Angola, viveu em Lisboa, Barcelona e Madrid. A sua música cresceu num triângulo com pontas no Brasil, em Cabo Verde e em Angola. A influência do jazz vem de outras latitudes e é bem presente, convivendo com um ritmo quente, na voz e nos arranjos, no cruzamento das mornas com a bossa nova, na maneira de dizer as palavras. "Dentro da Chuva" é o seu quarto disco e marca o seu reencontro com Luanda, de onde esteve ausente dez anos. Luanda, aliás, é uma presença dominante neste disco, em temas como "Areal do Cabo Ledo", sinais locais em "Manifesto", o apelo de África em "Um Corpo Sobre o Mapa" ou o desejo do regresso que "Fuga" conta. E depois as influências cruzadas, em parte trazidas por convidados como o violoncelo de Jaques Morelenbaum, a voz de Luedji Luna ou a guitarra de Gabriel Muzak. E o fio condutor é Aline Frazão, sempre inesperada como quando escolhe fazer uma versão de "Ces Petits Riens", de Serge Gainsbourg, ou quando vai explorar as composições de Danilo Lopes da Silva (o delicioso Peit Ta Segura") ou as palavras de Ruy Duarte de Carvalho. É escaldante, este disco.
Provar
Tudo indica que, até final da próxima semana, continuaremos a ter dias quentes e amenos fins de tarde. Portanto, tudo continua a proporcionar a procura de um bom vinho branco. A casta Cercial, originária da região do Dão e da Bairrada, existe por todo o país. Normalmente é associada a outras castas de vinho branco, como, por exemplo, o Arinto, a Bical ou a Malvasia Fina. As principais características da Cercial são a acidez e o aroma - daí usar-se em conjunto com uvas de outras castas. Fazer um monocasta de Cercial é uma aventura rara, porque é tão marcante que pode tornar-se desequilibrado. Mas o Cercial 2015 da Quinta de S. Sebastião é uma excepção que merece ser conhecida. A fermentação decorreu em barricas novas de carvalho francês e o resultado é um vinho com uma cor dourada, aromas pronunciados, mineral, intenso e fresco, do qual foram apenas feitas 700 garrafas. A Quinta de S. Sebastião, da região de Lisboa (Arruda dos Vinhos), produz uma extensa gama de vinhos e tem sido desenvolvida por António Parente que ali cultiva as castas tintas Syrah, Merlot, Touriga Nacional e Tinta Roriz e as brancas Arinto, Cercial e Sauvigon Blanc. Uma curiosidade final: a casta Cercial é a origem do famoso vinho generoso Sercial da Madeira, um vinho seco que depois de envelhecer adquire características excepcionais.
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