Opinião
Um assunto de família
Marcelo Caetano criou, em 1969, a "Conversa em Família" que a RTP transmitia. A coisa deve ter deixado lastro na mente do então muito jovem António Costa, que resolveu transpor a conversa familiar para dentro do conselho de ministros a que preside
Back to basics
Encaremos os factos: na realidade, as pessoas não querem uma broca, querem apenas um furo na parede.
Theodore Levitt
Um assunto de família
Marcelo Caetano criou, em 1969, a "Conversa em Família" que a RTP transmitia. A coisa deve ter deixado lastro na mente do então muito jovem António Costa, que resolveu transpor a conversa familiar para dentro do conselho de ministros a que preside - e onde agora, depois da recente remodelação, estão além de um casal de marido e mulher, também a singela presença de um pai e sua filha. Tudo em família portanto, conversando. Não sei como é que isto se articula com as declarações republicanas e anti-nepotistas dos fundadores do PS, mas os actuais detentores da marca deverão certamente saber o que fazem. Este incidente - menor mas significativo - da paisagem política recente é no entanto pouca coisa quando nos lembramos de outros incidentes, mais graves, que marcam um género de actuação que tem outros pontos de contacto com os hábitos, digamos, marcelistas. Vou apontar dois exemplos - a ingerência num relatório da OCDE, apresentado na sua versão censurada pelo ministro Siza Lápis Azul Vieira, e, mais grave - perante a complacência dos sindicalistas da geringonça - a forma como a greve dos enfermeiros tem sido atacada: desde querer passar um parecer a força de Lei até à ingerência de uma entidade policial (a ASAE) para avaliar como foi feita a recolha de fundos dos grevistas. Se alguma destas actuações tivesse sido tomada por qualquer partido à direita do PS, mil vozes se levantariam em nome da luta contra a prepotência. Mas, de facto, a geringonça tem um poder sedutor e anestesiante. Por falar nisso, lembrei-me esta semana, a ver uma interessante série sobre Trotsky na Netflix, como muitas coisas do comportamento do Bloco e do PS se explicam se recordarmos o que a História nos conta. Pronto, era só um desabafo.
Semanada
• Dos 27.367 beneficiários do regime fiscal do não residente habitual, 25 mil são pensionistas e só cerca de dois mil desenvolvem profissões de elevado valor acrescentado • uma mulher que foi morta na Golegã tinha feito queixa do agressor no ano passado, mas o assassino continuava a ser calmamente investigado pelas autoridades policiais sem que nenhuma medida tivesse sido tomada • na escola António Arroio, encerrada esta semana devido a problemas com a electricidade no edifício, as obras de recuperação que decorriam estão interrompidas desde 2009 • um juiz de um tribunal de Braga considerou curada e sem incapacidades uma mulher que ficou com dificuldades graves de locomoção após um acidente de trabalho • o número de famílias sobre-endividadas que procuram a ajuda da DECO voltou a subir no ano passado e totalizou 29.350 casos, maioritariamente de pessoas entre os 40 e 65 anos de idade • só três países da Europa de Leste (Eslovénia, Hungria e Bulgária) são piores do que Portugal em pobreza energética, segundo um estudo europeu que avaliou a capacidade de famílias manterem as suas casas com temperaturas confortáveis e pagar as faturas da energia • há mais de 2,6 milhões de subscritores de seguros de saúde • apenas 37% dos alunos acabam o ensino secundário sem chumbar pelo caminho • a OCDE considera que é preciso melhorar o combate à criminalidade económica e financeira em Portugal, incluindo a corrupção; a área semeada de cereais está a cair há seis anos consecutivos e desde 1918 que Portugal não cultivava tão poucos cereais • se o Independente ainda existisse, já tinha um epicurista com vocação de repórter a almoçar frequentemente na Vela Latina para relatar os curiosos encontros que lá ocorrem.
Dixit
"Se o PSD perder as legislativas será por culpa própria e por incompetência."
Miguel Castro Almeida
Vice-presidente social-democrata, para memória futura.
Pequenas histórias
Susan Sontag foi uma escritora e ensaísta americana, vencedora do National Book Award, colaboradora de revistas como a The New Yorker ou jornais como The New York Times. A sua actividade foi multifacetada, envolveu-se em causas políticas, escreveu romances e um ensaio ainda hoje de referência, "Sobre A Fotografia". Mas, ao longo de toda a sua vida, dedicou-se também à ficção curta. "Histórias", agora publicado pela Quetzal, reúne a totalidade da ficção breve que produziu, 11 textos, traduzidos por Vasco Teles de Menezes, originalmente editados em publicações como as já citadas, mas também na Atlantic Monthly, na Harper's Bazaar e até mesmo na Playboy, e foram escritos entre 1963 e 1987. Estas histórias, salienta a nota de capa, "passam pela alegoria, pela parábola e pela autobiografia, e mostram uma personalidade em confronto com problemas não assimiláveis pelo ensaio, a forma mais praticada por Sontag. Aqui, ela apanha fragmentos da vida, em relance, dramatiza os seus desgostos e temores mais íntimos e deixa que as personagens se apoderem dela como e quando querem".
Provar
Nestes dias mais primaveris que invernais, almoçar num varandim a poucos metros do Tejo e comer um peixe fresquíssimo é um daqueles privilégios lisboetas que fazem a inveja de muita gente. Junto à Doca Seca de Belém ficam uma série de construções, frente ao rio, que inicialmente eram apoios de clubes e associações de vela e que hoje, além dessa função, desenvolveram os restaurantes originais que tinham, remodelaram-nos e criaram uma nova oferta. O mais engraçado é que, sendo ao lado uns dos outros e naturalmente concorrentes, dão-se todos bem. Um deles é sede do Clube Naval de Lisboa e hoje em dia é um dos mais procurados. Em baixo, tem uma esplanada para petiscos que funciona ao longo de todo o dia e no primeiro andar tem uma boa sala com varandim fechado, além de uma outra sala, reservada para sócios do clube, onde estão os troféus conquistados pela agremiação, assim como fotografias de episódios da sua História. Sem desfazer na concorrência, a qualidade e frescura do peixe servido no Clube Naval é de facto impressionante - assim como o cuidado posto na grelha. Recentemente, tive ocasião de fazer a prova dos nove com um besugo grelhado, peixe injustamente pouco apreciado, aqui obviamente não escalado. Há muito que não comia um peixe assim, fresco, saboroso, suculento, cozinhado no ponto. Antes disso, umas belas ameijoas à bulhão pato e um queijo de cabra deram acompanhamento a um pão acima da média no que toca a couverts. Manda o bom senso que se marque mesa, que o sítio é procurado e fica no roteiro dos que por ali andam a passear. Restaurante do Clube Naval de Lisboa, Avenida Brasília, Doca Seca de Belém, telefone 213 636 014.
Curiosidades afectivas
Um agricultor de Oliveira do Hospital que perdeu o que tinha num incêndio, em 2017, recebeu do Presidente da República uma cabra, à qual chamou Vitória, e deu o nome de Marcelo ao cabrito que agora nasceu.
A relação entre o desenho e a escultura
Rui Sanches tem uma história curiosa. Começou por frequentar Medicina, depois o ArCo e acabou por estudar no Reino Unido e nos Estados Unidos, onde completou a sua formação académica. Quando regressou a Portugal, ensinou em diversas instituições e desenvolveu o seu trabalho artístico. Estamos a falar sobretudo da segunda metade dos anos 1980, época em que a sua actividade se desdobra em diversas áreas e durante a qual colabora com vários outros artistas seus contemporâneos, participa em numerosas exposições - e começa a figurar em algumas colecções. Ao longo dos anos, o desenho coexiste naturalmente com a escultura, de forma harmónica. No entanto, são sobretudo as suas obras escultóricas - onde muitas vezes é patente a influência dos seus estudos de Medicina - que o tornam conhecido. Na escultura há recorrentemente uma evocação da figura humana, que também deixa uma marca nos desenhos, algumas vezes como que explorando a visualização do pensamento. A forma de trabalhar a madeira com outros materiais tornou-se numa das suas imagens de marca (na imagem). Na semana passada, inaugurou uma nova exposição de Rui Sanches na Galeria Miguel Nabinho (Rua Tenente Ferreira Durão 18 B, Campo de Ourique, Lisboa) com o título "Os Espaços Em Volta", onde mais uma vez junta a escultura e o desenho.
Solo de contrabaixo
O contrabaixo, instrumento volumoso e voluptuoso, tem uma sonoridade muito especial e várias formas de ser tocado. Larry Grenadier é um dos grandes baixistas e o seu nome figura em numerosos discos de jazz e em muitas formações, com destaque para o seu trabalho com Brad Mehldau, Paul Motian, Joshua Redman ou Pat Metheny. Agora, pela primeira vez, e por insistência de Manfred Eicher, o fundador da sua editora, a ECM, Grenadier fez um disco a solo onde ele é o único músico e o contrabaixo o único instrumento. O álbum chama-se"The Gleaners", inclui sete temas originais do próprio Grenadier e uma série de versões de compositores como Coltrane ou Gershwin. O tema inicial, "Oceanic", é tocado com arco, mas no resto do álbum predomina o dedilhar das cordas - entre o ritmo e a harmonia, com uma técnica arrebatadora e uma sensibilidade notáveis que são capazes, por exemplo, de replicar nas cordas o calor e a emotividade da voz de de Rebecca Martin na versão original, cantada, de "Gone Like The Season Does". É aliciante ouvir estes 12 temas, onde os sons do baixo ocupam todo o espaço, permitindo ter uma ideia mais exacta do talento de Grenadier. "The Gleaners" está disponível em CD, vinil e no Spotify.
Encaremos os factos: na realidade, as pessoas não querem uma broca, querem apenas um furo na parede.
Theodore Levitt
Um assunto de família
Marcelo Caetano criou, em 1969, a "Conversa em Família" que a RTP transmitia. A coisa deve ter deixado lastro na mente do então muito jovem António Costa, que resolveu transpor a conversa familiar para dentro do conselho de ministros a que preside - e onde agora, depois da recente remodelação, estão além de um casal de marido e mulher, também a singela presença de um pai e sua filha. Tudo em família portanto, conversando. Não sei como é que isto se articula com as declarações republicanas e anti-nepotistas dos fundadores do PS, mas os actuais detentores da marca deverão certamente saber o que fazem. Este incidente - menor mas significativo - da paisagem política recente é no entanto pouca coisa quando nos lembramos de outros incidentes, mais graves, que marcam um género de actuação que tem outros pontos de contacto com os hábitos, digamos, marcelistas. Vou apontar dois exemplos - a ingerência num relatório da OCDE, apresentado na sua versão censurada pelo ministro Siza Lápis Azul Vieira, e, mais grave - perante a complacência dos sindicalistas da geringonça - a forma como a greve dos enfermeiros tem sido atacada: desde querer passar um parecer a força de Lei até à ingerência de uma entidade policial (a ASAE) para avaliar como foi feita a recolha de fundos dos grevistas. Se alguma destas actuações tivesse sido tomada por qualquer partido à direita do PS, mil vozes se levantariam em nome da luta contra a prepotência. Mas, de facto, a geringonça tem um poder sedutor e anestesiante. Por falar nisso, lembrei-me esta semana, a ver uma interessante série sobre Trotsky na Netflix, como muitas coisas do comportamento do Bloco e do PS se explicam se recordarmos o que a História nos conta. Pronto, era só um desabafo.
• Dos 27.367 beneficiários do regime fiscal do não residente habitual, 25 mil são pensionistas e só cerca de dois mil desenvolvem profissões de elevado valor acrescentado • uma mulher que foi morta na Golegã tinha feito queixa do agressor no ano passado, mas o assassino continuava a ser calmamente investigado pelas autoridades policiais sem que nenhuma medida tivesse sido tomada • na escola António Arroio, encerrada esta semana devido a problemas com a electricidade no edifício, as obras de recuperação que decorriam estão interrompidas desde 2009 • um juiz de um tribunal de Braga considerou curada e sem incapacidades uma mulher que ficou com dificuldades graves de locomoção após um acidente de trabalho • o número de famílias sobre-endividadas que procuram a ajuda da DECO voltou a subir no ano passado e totalizou 29.350 casos, maioritariamente de pessoas entre os 40 e 65 anos de idade • só três países da Europa de Leste (Eslovénia, Hungria e Bulgária) são piores do que Portugal em pobreza energética, segundo um estudo europeu que avaliou a capacidade de famílias manterem as suas casas com temperaturas confortáveis e pagar as faturas da energia • há mais de 2,6 milhões de subscritores de seguros de saúde • apenas 37% dos alunos acabam o ensino secundário sem chumbar pelo caminho • a OCDE considera que é preciso melhorar o combate à criminalidade económica e financeira em Portugal, incluindo a corrupção; a área semeada de cereais está a cair há seis anos consecutivos e desde 1918 que Portugal não cultivava tão poucos cereais • se o Independente ainda existisse, já tinha um epicurista com vocação de repórter a almoçar frequentemente na Vela Latina para relatar os curiosos encontros que lá ocorrem.
Dixit
"Se o PSD perder as legislativas será por culpa própria e por incompetência."
Miguel Castro Almeida
Vice-presidente social-democrata, para memória futura.
Pequenas histórias
Susan Sontag foi uma escritora e ensaísta americana, vencedora do National Book Award, colaboradora de revistas como a The New Yorker ou jornais como The New York Times. A sua actividade foi multifacetada, envolveu-se em causas políticas, escreveu romances e um ensaio ainda hoje de referência, "Sobre A Fotografia". Mas, ao longo de toda a sua vida, dedicou-se também à ficção curta. "Histórias", agora publicado pela Quetzal, reúne a totalidade da ficção breve que produziu, 11 textos, traduzidos por Vasco Teles de Menezes, originalmente editados em publicações como as já citadas, mas também na Atlantic Monthly, na Harper's Bazaar e até mesmo na Playboy, e foram escritos entre 1963 e 1987. Estas histórias, salienta a nota de capa, "passam pela alegoria, pela parábola e pela autobiografia, e mostram uma personalidade em confronto com problemas não assimiláveis pelo ensaio, a forma mais praticada por Sontag. Aqui, ela apanha fragmentos da vida, em relance, dramatiza os seus desgostos e temores mais íntimos e deixa que as personagens se apoderem dela como e quando querem".
Provar
Nestes dias mais primaveris que invernais, almoçar num varandim a poucos metros do Tejo e comer um peixe fresquíssimo é um daqueles privilégios lisboetas que fazem a inveja de muita gente. Junto à Doca Seca de Belém ficam uma série de construções, frente ao rio, que inicialmente eram apoios de clubes e associações de vela e que hoje, além dessa função, desenvolveram os restaurantes originais que tinham, remodelaram-nos e criaram uma nova oferta. O mais engraçado é que, sendo ao lado uns dos outros e naturalmente concorrentes, dão-se todos bem. Um deles é sede do Clube Naval de Lisboa e hoje em dia é um dos mais procurados. Em baixo, tem uma esplanada para petiscos que funciona ao longo de todo o dia e no primeiro andar tem uma boa sala com varandim fechado, além de uma outra sala, reservada para sócios do clube, onde estão os troféus conquistados pela agremiação, assim como fotografias de episódios da sua História. Sem desfazer na concorrência, a qualidade e frescura do peixe servido no Clube Naval é de facto impressionante - assim como o cuidado posto na grelha. Recentemente, tive ocasião de fazer a prova dos nove com um besugo grelhado, peixe injustamente pouco apreciado, aqui obviamente não escalado. Há muito que não comia um peixe assim, fresco, saboroso, suculento, cozinhado no ponto. Antes disso, umas belas ameijoas à bulhão pato e um queijo de cabra deram acompanhamento a um pão acima da média no que toca a couverts. Manda o bom senso que se marque mesa, que o sítio é procurado e fica no roteiro dos que por ali andam a passear. Restaurante do Clube Naval de Lisboa, Avenida Brasília, Doca Seca de Belém, telefone 213 636 014.
Curiosidades afectivas
Um agricultor de Oliveira do Hospital que perdeu o que tinha num incêndio, em 2017, recebeu do Presidente da República uma cabra, à qual chamou Vitória, e deu o nome de Marcelo ao cabrito que agora nasceu.
A relação entre o desenho e a escultura
Rui Sanches tem uma história curiosa. Começou por frequentar Medicina, depois o ArCo e acabou por estudar no Reino Unido e nos Estados Unidos, onde completou a sua formação académica. Quando regressou a Portugal, ensinou em diversas instituições e desenvolveu o seu trabalho artístico. Estamos a falar sobretudo da segunda metade dos anos 1980, época em que a sua actividade se desdobra em diversas áreas e durante a qual colabora com vários outros artistas seus contemporâneos, participa em numerosas exposições - e começa a figurar em algumas colecções. Ao longo dos anos, o desenho coexiste naturalmente com a escultura, de forma harmónica. No entanto, são sobretudo as suas obras escultóricas - onde muitas vezes é patente a influência dos seus estudos de Medicina - que o tornam conhecido. Na escultura há recorrentemente uma evocação da figura humana, que também deixa uma marca nos desenhos, algumas vezes como que explorando a visualização do pensamento. A forma de trabalhar a madeira com outros materiais tornou-se numa das suas imagens de marca (na imagem). Na semana passada, inaugurou uma nova exposição de Rui Sanches na Galeria Miguel Nabinho (Rua Tenente Ferreira Durão 18 B, Campo de Ourique, Lisboa) com o título "Os Espaços Em Volta", onde mais uma vez junta a escultura e o desenho.
Solo de contrabaixo
O contrabaixo, instrumento volumoso e voluptuoso, tem uma sonoridade muito especial e várias formas de ser tocado. Larry Grenadier é um dos grandes baixistas e o seu nome figura em numerosos discos de jazz e em muitas formações, com destaque para o seu trabalho com Brad Mehldau, Paul Motian, Joshua Redman ou Pat Metheny. Agora, pela primeira vez, e por insistência de Manfred Eicher, o fundador da sua editora, a ECM, Grenadier fez um disco a solo onde ele é o único músico e o contrabaixo o único instrumento. O álbum chama-se"The Gleaners", inclui sete temas originais do próprio Grenadier e uma série de versões de compositores como Coltrane ou Gershwin. O tema inicial, "Oceanic", é tocado com arco, mas no resto do álbum predomina o dedilhar das cordas - entre o ritmo e a harmonia, com uma técnica arrebatadora e uma sensibilidade notáveis que são capazes, por exemplo, de replicar nas cordas o calor e a emotividade da voz de de Rebecca Martin na versão original, cantada, de "Gone Like The Season Does". É aliciante ouvir estes 12 temas, onde os sons do baixo ocupam todo o espaço, permitindo ter uma ideia mais exacta do talento de Grenadier. "The Gleaners" está disponível em CD, vinil e no Spotify.
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