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Opinião
22 de Dezembro de 2017 às 10:32

A esquina do Rio

Os millennials estão agora a fazer 27 anos. A maioria já terá terminado os seus estudos, a maioria já começou a vida profissional. É uma geração completamente diferente das anteriore

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Back to basics
Os perus não votam a favor do Natal.

Mudança
Os millennials estão agora a fazer 27 anos. A maioria já terá terminado os seus estudos, a maioria já começou a vida profissional. É uma geração completamente diferente das anteriores - desde logo porque cresceu num mundo já digital. Os seus hábitos e percepções são completamente diferentes daqueles que, por exemplo, nasceram em finais dos anos 60. Os millennials já passaram por crises económicas globais, por acontecimentos terríveis como o 11 de Setembro, cresceram a ouvir falar da Al-Qaeda e do daesh e a ver aquilo de que os fanáticos são capazes; viajam mais que os seus antecessores, muitos aproveitaram programas como o Erasmus; cedo descobriram que já não há empregos para a vida e, aparentemente, muitos nem os querem; são críticos em relação aos sistemas políticos vigentes, olham com desconfiança para os políticos e partidos tradicionais; a maneira como recebem informação não tem que ver com o que se passava antes - a maioria não vê televisão da forma tradicional, preferindo escolher em cada altura o que querem ver e não o que os canais lhes estão a oferecer, ouvem música em streaming, mais do que rádio, e lêem notícias em ecrã mais do que em papel. Acreditam menos no que lhes dizem. Daqui a dez, quinze anos, vão ser eles a estar à frente das escolas, dos hospitais, das autarquias e dos governos. Em 2030, quando estiverem a entrar nos "quarentas", o mundo será deles, e têm menos medo de provocar mudanças do que os seus antecessores: habituaram-se desde muito cedo a mudar de rotinas todos os dias, a aceitar novos hábitos, a experimentar novas descobertas.

Dixit
"Se cobrar foi fácil, devolver também tem de ser"
Diogo Moura, a propósito da Taxa Municipal de Protecção Civil aplicada em Lisboa

Semanada
 A Taxa de Protecção Civil que Medina inventou na Câmara Municipal de Lisboa foi declarada inconstitucional e a autarquia vai ter de devolver os 58 milhões que abusivamente tirou aos munícipes  andar de bicicleta eléctrica em Lisboa é mais caro que em Paris - deve ser por causa das sete colinas  o Tribunal de Contas voltou a afirmar que a actuação da máquina fiscal nos processos de penhora atropela os direitos dos contribuintes e uma recomendação feita há seis anos continua sem ser cumprida  o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras deu visto a estrangeiro, um cidadão paquistanês, proibido de entrar na União Europeia  as vendas de carros eléctricos em Portugal mais que duplicaram em 2017  o Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, um projecto de Luís Pedro Silva, foi distinguido com o galardão de "Edifício do Ano 2017" pelo website "ArchDaily" e estabeleceu novo recorde este ano ao receber 100 cruzeiros e quase 100 mil passageiros  a exportação de bicicletas fabricadas em Portugal aumentou 58% nos últimos quatro anos  Portugal está no Top 3 de dadores de órgãos e em sexto lugar em número de transplantes realizados  um em cada oito portugueses em idade activa trabalha na Função Pública  em 2016, a emigração atingiu o valor mais baixo dos últimos cinco anos e Reino Unido, França e Suíça continuam a ser os destinos preferidos dos portugueses  a antiga ministra da Educação no governo de José Sócrates, Maria de Lurdes Rodrigues, foi avaliada com "Inadequado" como professora do ISCTE.

Folhear
Francisco Lopes Ribeiro foi autor, encenador, realizador e actor. Distinguiu-se em todas estas actividades e tornou-se conhecido com o nome Ribeirinho. A dupla criativa que fez com o seu irmão, António Lopes Ribeiro, foi responsável por alguns dos maiores êxitos do cinema português. Mas Ribeirinho era também um homem de teatro, um descobridor de talentos que ajudou ao lançamento de nomes como Ruy de Carvalho, Canto e Castro ou Francisco Nicholson. No palco, tem a sua carreira ligada ao Teatro da Trindade, onde participou em numerosas produções, nas suas várias vertentes profissionais, incluindo na encenação da estreia de "À Espera de Godot", de Samuel Beckett. Por iniciativa do Inatel, que gere o Teatro da Trindade, foi agora editada uma biografia de Ribeirinho, "O Instinto do Teatro", onde se percorrem as diversas fases da sua carreira, desde o teatro de revista à companhia do Teatro do Povo - uma criação de António Ferro no Secretariado da Propaganda Nacional e, mais tarde, o Teatro Nacional Popular, que estava residente no Teatro da Trindade. Da autoria de Ana Sofia Patrão, esta biografia de Ribeirinho mostra o percurso de Ribeirinho através dos géneros em que teve presença mais assídua e dos projectos mais relevantes que desenvolveu, mostrando também a sua relação com as instituições, o poder político, a sociedade. Profusamente ilustrada com muitas imagens e documentação da época, "O Instinto do Teatro" é uma edição da Guerra & Paz.

Ver
Há muito tempo que não via um filme tão perturbante e que me fizesse tanto pensar como "o Quadrado"; e há muito tempo que não via, também, um filme onde me divertisse tanto como neste. Trata-se de uma sátira aos equívocos que podem nascer de uma visão bizarra e disfuncional da arte contemporânea. O filme está centrado num museu de arte contemporânea que remove uma estátua clássica para colocar uma instalação moderna, quadrangular, que pretende representar um espaço de utopia onde o respeito mútuo e a responsabilidade individual devem coexistir. O curador do museu, um profissional de sucesso, é assaltado num pátio, ele próprio quadrado, e esse assalto, onde fica sem carteira, telemóvel e botões de punho, desencadeia uma sucessão de acontecimentos para recuperar os objectos furtados que mostra as tensões entre segmentos da sociedade, as contradições entre o que se diz e o que se faz, evidencia preconceitos racistas e acaba por desencadear uma tragédia. A espiral em que o curador do museu se envolve por questões relacionadas com o roubo acaba por influenciar o seu trabalho, nomeadamente o seu julgamento nas acções de comunicação propostas para divulgar a instalação do quadrado - uma estratégia baseada nas redes sociais, chocante e polémica, evidenciando uma vez mais as profundas clivagens e preconceitos que coexistem numa sociedade moderna. Entre o seu conflito pessoal e o conflito gerado pela provocação encenada na comunicação, e que o leva a ter que se demitir, há a criação de um clima de tensão permanente, cruzado com diálogos quase surreais e que, mais tarde, culminam num momento crucial que é a montra do paradoxo criado em algumas instituições: os mecenas do museu, num jantar de gala, são surpreendidos por uma performance que pretende mostrar o evolucionismo - até ao ponto em que, na evolução do macaco, o homem perde o controlo de si próprio e do meio em que está inserido, chocando quem aceita de forma passiva o que lhe dão. No fundo, é este o tema do filme.

Gosto
O serviço de streaming musical Spotify passou a disponibilizar este mês o catálogo de jazz da prestigiada editora ECM, assim como a discografia integral de Neil Young.

Não gosto
A GNR detectou este ano oito mil condutores recém encartados com nível de álcool acima da lei.

Ouvir
João Braga começou cedo a cantar fado, mas a sua vida vai muito para além disso. Foi um dos elementos da equipa fundadora do I Festival de Jazz de Cascais em 1971 e foi também fundador e director da revista Musicalíssimo. E, claro, é fadista - na minha opinião, dos nossos melhores. Cantou Marceneiro, Pessoa, Amália, Manuel Alegre. Foi dos que se empenharam em estimular uma geração de novos intérpretes, como Maria Ana Bobone, Ana Sofia Varela, Mafalda Arnauth, Nuno Guerreiro, Cristina Branco, Ana Moura e Mariza no início das suas carreiras, dando-lhes palco a seu lado. Partilhou conhecimento e fama, não quis ser endeusado como outros nem se põe em bicos de pés em filmes manhosos. Vem isto a propósito de um novo disco, "Outrora, Agora", que agrupa uma série de gravações originais de 1980, que ainda não tinham sido editadas, e outras gravadas há poucos meses. As cinco gravações de 1980 interpretam todas fados escritos por João Ferreira Rosa, e neles João Braga é acompanhado por Fontes Rocha, António Luiz Gomes e Joel Pina, entre outros. As novas gravações, sete fados, incluem originais de nomes como José Afonso (Maria), Manuel Alegre (Palavras Não Eram Ditas, Rua dos Correeiros e Senhora Não Vás Ao Rio), do próprio João Braga, de Tiago Torres da Silva e Maria Manuel Cid. Estas novas gravações tiveram guitarras de Pedro de Castro e Luís Guerreiro. O contraste entre as duas épocas - 1980 e este ano - separadas por três décadas e meia, é muito interessante, quer a nível do conceito dos arranjos, quer da própria voz de João Braga. Nas gravações novas, destaco Maria e Senhora Não Vás ao Rio, nas antigas Fado Triste, Triste Fado e Naufrágio de Nós Dois.

Arco da velha
Apesar de o excesso de peso e obesidade atingir cerca de 30% das crianças, as escolas estão a oferecer menos actividades físicas aos alunos; 60% das crianças portuguesas passa cerca de uma hora por dia em jogos electrónicos, no computador ou em consolas.

Provar
Antes de ter ido aos Açores já eu era fã dos seus produtos, nomeadamente do incontornável queijo. Mas quando lá cheguei descobri um mundo novo e inesperado - desde a carne saborosíssima, à variedade e inovação das conservas, passando por manteigas excepcionais como A Rainha do Pico, e, surpresa, vinhos de uma qualidade inesperada. Nos últimos anos, têm aberto diversas lojas dedicadas aos produtos do arquipélago e bem recentemente descobri uma com uma oferta de produtos acima do que é habitual. É a Companhia dos Açores e fica na Avenida Defensores de Chaves 59. Ali estão disponíveis uma série de produtos da empresa Quinta dos Açores, desde carnes frescas e congeladas até iogurtes e gelados da mesma marca. Claro que a oferta de queijos é grande, mas também a dos célebres enchidos dos Açores que são utilizados no cozido das Furnas. A loja propõe ainda cervejas, licores, aguardentes e sobretudo vários vinhos brancos da ilha do Pico - que tem vinhas desde o século XV. Hoje em dia, o destaque vai para o Verdelho e o Terrantez, ambos produzidos por António Maçanita na Azores Wine Company, e o Frei Gigante e o Espalamaca da Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico. Mas, além disto, há biscoitos, compotas e geleias feitas com frutas da região, e, como não podia deixar de ser, várias variedades de chá. Nas conservas, destaque para as lapas ao natural da Azor Concha e para as variedades temperadas (nomeadamente a de caril) do atum Santa Catarina. Resta dizer que quem quiser um prenda diferente pode ali ainda encontrar cabazes de Natal feitos ao gosto de cada um.


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