Opinião
A esquina do Rio
Com a abstenção provavelmente perto dos 50%, o país está dividido entre quem vota e quem não vota nas eleições deste ano, que são as autárquicas.
Back to basics
O amor é a única doença que nos faz sentir melhor.
Sam Shepard
Autarquias
Com a abstenção provavelmente perto dos 50%, o país está dividido entre quem vota e quem não vota nas eleições deste ano, que são as autárquicas. Há muitas razões para o desinteresse no voto - a maneira como os partidos funcionam, a má fama que demasiados casos de corrupção criaram no seio de autarcas, de presidentes da junta a presidentes de câmaras importantes. Mas é forçoso reconhecer que, corrupções e compadrios à parte, o país, numa série de coisas, mudou para melhor com o trabalho de muitos autarcas dedicados às populações que os elegeram.
Sou dos que partilha a opinião de que a participação cívica e política mais importante, e com maior capacidade de concretização de transformações, é a nível das autarquias. Isto acontece em várias dimensões, desde a limpeza ao ordenamento do trânsito. Há presidentes de juntas de freguesia que, com poucos recursos, fazem milagres, que contactam diariamente com as populações, que pensam no interesse de quem ali vive e não das imposições dos presidentes de câmara que são do mesmo partido - embora infelizmente ainda exista, sobretudo nas grandes cidades, muita submissão a interesses partidários em vez de aos interesses dos cidadãos.
Há autarcas que sabem utilizar bem as novas formas de comunicação para ouvir reivindicações e protestos, a que depois respondem. Se todos os dias estamos mais perto uns dos outros nas redes sociais, como é que depois há autarcas que se fecham numa torre de marfim e não percebem a realidade? São esses que dão má fama à política, são esses que afastam as pessoas do voto. Cada nova eleição é um teste à forma de funcionamento da democracia. Quem está no poder - a nível nacional, municipal ou local - tem especiais responsabilidades na forma como os eleitores se vão comportar. Vai ser interessante estudar onde se verifica maior abstenção. Estas eleições são o melhor termómetro do estado da nação.
Dixit
É preciso que não estejamos sempre a viver um Ronaldo colectivo, um "nós somos o melhor do mundo".
Eduardo Lourenço
Entrevistado por Isabel Lucas.
Semanada
• A Covilhã quer posicionar-se como o maior produtor de pêssegos do país • a Câmara de Cascais está a ser investigada por ter aprovado a transformação de terrenos agrícolas numa área urbana na zona de Birre • um estudo da Marktest quantifica em 2 milhões e 987 mil o número de portugueses que referem ter consumido vinho do Porto nos últimos 12 meses, o que representa 36,2% dos residentes no continente com 18 e mais anos • em 2017, o volume de vinho produzido vai atingir 6,6 milhões de hectolitros, mais 10% do que no ano passado e o maior potencial de subida está no Douro e no Dão, enquanto o Alentejo será batido pela região de Lisboa • o consumo de cerveja em Portugal, no primeiro semestre, aumentou 10% em termos homólogos. A manter-se este ritmo, 2017 será "o ano com os maiores crescimentos da última década • no último ano, cerca de três milhões de lares consumiram cerveja em casa,
o que representa 76% de aumento em relação ao período homólogo • o estudo Bareme Rádio da Marktest quantifica, no primeiro semestre de 2017, em 6 milhões e 646 mil o número de residentes no continente que ouviram rádio numa base semanal, o que corresponde a 77,6% dos residentes no continente com 15 e mais anos • em termos médios, cada português ouviu, ao longo do semestre, 3 horas e 7 minutos de rádio por dia • o consumo médio de televisão anda nas 5 horas e 28 minutos por dia e por telespectador; na mesma semana deram grandes entrevistas Marcelo Rebelo de Sousa e Eduardo Lourenço - gostei mais desta última.
Ver
Com a maior parte das galerias em ritmo de Agosto, sem grandes exposições a abrir, o destaque vai para a nova mostra no British Bar, na série de pequenas exposições nas montras do local, organizadas por Pedro Cabrita Reis. Todas as últimas sextas-feiras de cada mês renova-se a escolha e a que entrou na semana passada mostra obras de Francisco Queirós, Pedro Barateiro e Lourdes Castro - trata-se da quarta ronda de artistas convidados a expor no Cais do Sodré nesta iniciativa que conjuga um belíssimo bar com a arte contemporânea portuguesa - iniciativa única, gratuita e pública, numa cidade tão percorrida por turistas. Pedro Calapez expõe, desde este fim-de-semana até final de Setembro, um conjunto de obras recentes (na imagem) na Galeria Maior, em Polença, Mallorca, a maior ilha das Baleares. Outro destaque é a mostra de filmes de animação japoneses do célebre Studio Ghibli, que decorre entre 6 e 27 de Agosto, aos domingos pelas 18h00 no Museu de Oriente. Se lá for, aproveite para descobrir as exposições sobre a Ópera Chinesa ou a exposição de fotografia "Tanto Mundo", de João Martins Pereira, que até 10 de Setembro mostra 50 retratos feitos na China, Nepal, Butão, Tanzânia, Senegal, Indonésia, Etiópia e Índia. Já agora, se estiverem em Lisboa, não percam no Cinema Ideal, ao Chiado, a partir de 17 de Agosto, a exibição de "Os Chapéus-de-Chuva de Cherburgo" e "As Donzelas de Rochefort", de Jacques Demy, em cópias digitais restauradas.
Gosto
Ana Ventura Miranda vive em Nova Iorque e criou o Arte Institute, que já organizou 300 eventos, onde participaram 650 artistas, em 20 países, com o objectivo de divulgar a cultura portuguesa e com uma ínfima parte do que algumas instituições oficiais gastam.
Não gosto
Muito má ideia a destruição do restaurante Gôndola, frente à Gulbenkian, fruto de um negócio de terrenos que envolveu a Câmara Municipal e um banco.
Folhear
Como tem acontecido, desde 2015, chega-se a esta altura do ano e a Monocle edita "The Escapist", que se apresenta como "uma publicação sobre locais menos conhecidos". Chega o Inverno e sairá "The Forecast", que se dedica a adivinhar tendências futuras. "The Escapist" é mais hedonista, completamente dedicada aos prazeres estivais - é, afinal, o assumido guia anual proposto pela Monocle sobre os locais onde deve ir descansar, fazer compras, jantar e preguiçar enquanto estiver de férias. Mas há uma novidade este ano - a Monocle junta a "The Escapist", a partir da próxima semana, uma publicação em formato de jornal, com 48 páginas, "The Monocle Summer Weekly", que irá ter quatro edições ao longo do mês de Agosto. Tyler Brulé mantém-se fiel à sua convicção de que nada substitui o papel impresso quando o produto é feito com qualidade, rigor e ambição. Nesta edição, "The Escapist" propõe a descoberta dos tesouros da arquitectura modernista em Columbus, Indiana, nos Estados Unidos, um cruzeiro no Reno, uma visão optimista da capital romena, Bucareste, ou locais mais recônditos como Tottori, no Japão, Canggu (Bali), Broome (Austrália) ou ainda Semmering, um refúgio nas montanhas da Áustria, cheio de memórias do final do século XIX. E um destaque a Portugal - esta edição inclui a lista dos 100 melhores restaurantes, segundo a equipa da Monocle, e o primeiro lugar foi arrebatado pelo Bistro 100 Maneiras, do chef Ljubomir Stanisic. O segundo lugar foi para um restaurante em Tóquio, o terceiro para um em Nova Iorque, enquanto o quarto lugar foi para o incontornável "The River Café" de Londres e o quinto para um em Melbourne, na Austrália. E o Porto também teve prémio - o "Taberna dos Mercadores", na Ribeira, aparece na 41ª posição.
Arco da velha
Trump tomou posse há pouco mais de 190 dias e a Casa Branca já registou 17 baixas, entre despedimentos e pedidos de demissão. Anthony Scaramucci só ocupou o cargo durante 10 dias.
Ouvir
Há qualquer coisa de final dos anos 80 no segundo disco a solo de Chris Baio, o baixista dos Vampire Weekend. "Man Of The World" é uma colecção de canções pop com uma grande utilização de electrónica e com a particularidade de constituírem um almanaque de observações sobre o evoluir da política dos dois lados do Atlântico, desde Trump ao Brexit, passando pelas alterações climatéricas. Tal como "Sunburn", o seu primeiro EP a solo, de 2012, este "Man Of The World" avança pelo território das pistas de dança, mas é bem melhor do que o álbum anterior, "The Names". Agora Baio atingiu um equilíbrio entre o pop, o techno e as palavras que quer transmitir. "Philosophy", a canção escolhida para single deste novo trabalho, aborda a falta de comunicação entre as pessoas. E, embora todos os temas tenham uma mensagem qualquer que querem veicular, Chris Baio conseguiu fazer um disco que não é aborrecido nem pretensioso. É um disco pop, condimentado com observações sobre o que se passa à sua volta, como é tradição na melhor música pop. E, nesse sentido, é do melhor que tem sido feito em matéria pop nos tempos mais recentes. Disponível no Spotify.
Provar
Para esquecer das agruras do atendimento algarvio, nada como revisitar alguns clássicos lisboetas. Hoje falo do regresso estival ao Salsa & Coentros, no 1.º dia de Agosto - casa cheia nos dois pisos e na nova esplanada que abriu este ano, a simpatia de sempre do sr. José Duarte e da sua equipa e uma surpresa: nos pratos do dia estava sopa de beldroegas. Ele há a época da lampreia e do sável, o mês das sardinhas, o tempo da caça. Mas uma das melhores alturas do ano fica a meio do Verão, quando as beldroegas estão viçosas, com folhas carnudas e tenras. Agosto é o seu grande mês e encontrar em Lisboa uma sopa de beldroegas bem feita não fácil - mas o Salsa & Coentros, com a sua dedicação alentejana, trata do assunto e segue à risca a receita recolhida por Maria de Lourdes Modesto: beldroegas frescas e tenras, azeite do melhor, louro, alho, queijo de ovelha ou de cabra, ovos e batatas. A beldroega nasce espontaneamente junto de ribeiras, é oriunda do Médio Oriente e em Portugal está presente no Alentejo e Algarve. O que se aproveita em termos culinários são as folhas e a parte de cima dos caules, que deve ser cortada em pequenos pedaços. O seu sabor é único. A sopa de beldroegas é originária do Baixo Alentejo e é, por si só, uma refeição - o queijo é cozido no caldo e o ovo é escalfado. Dizem os entendidos que as propriedades nutricionais da beldroega são extraordinárias - eu acho o seu sabor acima de extraordinário e agradeço ao Salsa & Coentros ter-me dado esta inesperada alegria. Rua Coronel Marques Leitão 12, em Alvalade, telefone 218 410 990.
O amor é a única doença que nos faz sentir melhor.
Sam Shepard
Autarquias
Com a abstenção provavelmente perto dos 50%, o país está dividido entre quem vota e quem não vota nas eleições deste ano, que são as autárquicas. Há muitas razões para o desinteresse no voto - a maneira como os partidos funcionam, a má fama que demasiados casos de corrupção criaram no seio de autarcas, de presidentes da junta a presidentes de câmaras importantes. Mas é forçoso reconhecer que, corrupções e compadrios à parte, o país, numa série de coisas, mudou para melhor com o trabalho de muitos autarcas dedicados às populações que os elegeram.
Sou dos que partilha a opinião de que a participação cívica e política mais importante, e com maior capacidade de concretização de transformações, é a nível das autarquias. Isto acontece em várias dimensões, desde a limpeza ao ordenamento do trânsito. Há presidentes de juntas de freguesia que, com poucos recursos, fazem milagres, que contactam diariamente com as populações, que pensam no interesse de quem ali vive e não das imposições dos presidentes de câmara que são do mesmo partido - embora infelizmente ainda exista, sobretudo nas grandes cidades, muita submissão a interesses partidários em vez de aos interesses dos cidadãos.
Há autarcas que sabem utilizar bem as novas formas de comunicação para ouvir reivindicações e protestos, a que depois respondem. Se todos os dias estamos mais perto uns dos outros nas redes sociais, como é que depois há autarcas que se fecham numa torre de marfim e não percebem a realidade? São esses que dão má fama à política, são esses que afastam as pessoas do voto. Cada nova eleição é um teste à forma de funcionamento da democracia. Quem está no poder - a nível nacional, municipal ou local - tem especiais responsabilidades na forma como os eleitores se vão comportar. Vai ser interessante estudar onde se verifica maior abstenção. Estas eleições são o melhor termómetro do estado da nação.
É preciso que não estejamos sempre a viver um Ronaldo colectivo, um "nós somos o melhor do mundo".
Eduardo Lourenço
Entrevistado por Isabel Lucas.
Semanada
• A Covilhã quer posicionar-se como o maior produtor de pêssegos do país • a Câmara de Cascais está a ser investigada por ter aprovado a transformação de terrenos agrícolas numa área urbana na zona de Birre • um estudo da Marktest quantifica em 2 milhões e 987 mil o número de portugueses que referem ter consumido vinho do Porto nos últimos 12 meses, o que representa 36,2% dos residentes no continente com 18 e mais anos • em 2017, o volume de vinho produzido vai atingir 6,6 milhões de hectolitros, mais 10% do que no ano passado e o maior potencial de subida está no Douro e no Dão, enquanto o Alentejo será batido pela região de Lisboa • o consumo de cerveja em Portugal, no primeiro semestre, aumentou 10% em termos homólogos. A manter-se este ritmo, 2017 será "o ano com os maiores crescimentos da última década • no último ano, cerca de três milhões de lares consumiram cerveja em casa,
o que representa 76% de aumento em relação ao período homólogo • o estudo Bareme Rádio da Marktest quantifica, no primeiro semestre de 2017, em 6 milhões e 646 mil o número de residentes no continente que ouviram rádio numa base semanal, o que corresponde a 77,6% dos residentes no continente com 15 e mais anos • em termos médios, cada português ouviu, ao longo do semestre, 3 horas e 7 minutos de rádio por dia • o consumo médio de televisão anda nas 5 horas e 28 minutos por dia e por telespectador; na mesma semana deram grandes entrevistas Marcelo Rebelo de Sousa e Eduardo Lourenço - gostei mais desta última.
Ver
Com a maior parte das galerias em ritmo de Agosto, sem grandes exposições a abrir, o destaque vai para a nova mostra no British Bar, na série de pequenas exposições nas montras do local, organizadas por Pedro Cabrita Reis. Todas as últimas sextas-feiras de cada mês renova-se a escolha e a que entrou na semana passada mostra obras de Francisco Queirós, Pedro Barateiro e Lourdes Castro - trata-se da quarta ronda de artistas convidados a expor no Cais do Sodré nesta iniciativa que conjuga um belíssimo bar com a arte contemporânea portuguesa - iniciativa única, gratuita e pública, numa cidade tão percorrida por turistas. Pedro Calapez expõe, desde este fim-de-semana até final de Setembro, um conjunto de obras recentes (na imagem) na Galeria Maior, em Polença, Mallorca, a maior ilha das Baleares. Outro destaque é a mostra de filmes de animação japoneses do célebre Studio Ghibli, que decorre entre 6 e 27 de Agosto, aos domingos pelas 18h00 no Museu de Oriente. Se lá for, aproveite para descobrir as exposições sobre a Ópera Chinesa ou a exposição de fotografia "Tanto Mundo", de João Martins Pereira, que até 10 de Setembro mostra 50 retratos feitos na China, Nepal, Butão, Tanzânia, Senegal, Indonésia, Etiópia e Índia. Já agora, se estiverem em Lisboa, não percam no Cinema Ideal, ao Chiado, a partir de 17 de Agosto, a exibição de "Os Chapéus-de-Chuva de Cherburgo" e "As Donzelas de Rochefort", de Jacques Demy, em cópias digitais restauradas.
Gosto
Ana Ventura Miranda vive em Nova Iorque e criou o Arte Institute, que já organizou 300 eventos, onde participaram 650 artistas, em 20 países, com o objectivo de divulgar a cultura portuguesa e com uma ínfima parte do que algumas instituições oficiais gastam.
Não gosto
Muito má ideia a destruição do restaurante Gôndola, frente à Gulbenkian, fruto de um negócio de terrenos que envolveu a Câmara Municipal e um banco.
Folhear
Como tem acontecido, desde 2015, chega-se a esta altura do ano e a Monocle edita "The Escapist", que se apresenta como "uma publicação sobre locais menos conhecidos". Chega o Inverno e sairá "The Forecast", que se dedica a adivinhar tendências futuras. "The Escapist" é mais hedonista, completamente dedicada aos prazeres estivais - é, afinal, o assumido guia anual proposto pela Monocle sobre os locais onde deve ir descansar, fazer compras, jantar e preguiçar enquanto estiver de férias. Mas há uma novidade este ano - a Monocle junta a "The Escapist", a partir da próxima semana, uma publicação em formato de jornal, com 48 páginas, "The Monocle Summer Weekly", que irá ter quatro edições ao longo do mês de Agosto. Tyler Brulé mantém-se fiel à sua convicção de que nada substitui o papel impresso quando o produto é feito com qualidade, rigor e ambição. Nesta edição, "The Escapist" propõe a descoberta dos tesouros da arquitectura modernista em Columbus, Indiana, nos Estados Unidos, um cruzeiro no Reno, uma visão optimista da capital romena, Bucareste, ou locais mais recônditos como Tottori, no Japão, Canggu (Bali), Broome (Austrália) ou ainda Semmering, um refúgio nas montanhas da Áustria, cheio de memórias do final do século XIX. E um destaque a Portugal - esta edição inclui a lista dos 100 melhores restaurantes, segundo a equipa da Monocle, e o primeiro lugar foi arrebatado pelo Bistro 100 Maneiras, do chef Ljubomir Stanisic. O segundo lugar foi para um restaurante em Tóquio, o terceiro para um em Nova Iorque, enquanto o quarto lugar foi para o incontornável "The River Café" de Londres e o quinto para um em Melbourne, na Austrália. E o Porto também teve prémio - o "Taberna dos Mercadores", na Ribeira, aparece na 41ª posição.
Arco da velha
Trump tomou posse há pouco mais de 190 dias e a Casa Branca já registou 17 baixas, entre despedimentos e pedidos de demissão. Anthony Scaramucci só ocupou o cargo durante 10 dias.
Ouvir
Há qualquer coisa de final dos anos 80 no segundo disco a solo de Chris Baio, o baixista dos Vampire Weekend. "Man Of The World" é uma colecção de canções pop com uma grande utilização de electrónica e com a particularidade de constituírem um almanaque de observações sobre o evoluir da política dos dois lados do Atlântico, desde Trump ao Brexit, passando pelas alterações climatéricas. Tal como "Sunburn", o seu primeiro EP a solo, de 2012, este "Man Of The World" avança pelo território das pistas de dança, mas é bem melhor do que o álbum anterior, "The Names". Agora Baio atingiu um equilíbrio entre o pop, o techno e as palavras que quer transmitir. "Philosophy", a canção escolhida para single deste novo trabalho, aborda a falta de comunicação entre as pessoas. E, embora todos os temas tenham uma mensagem qualquer que querem veicular, Chris Baio conseguiu fazer um disco que não é aborrecido nem pretensioso. É um disco pop, condimentado com observações sobre o que se passa à sua volta, como é tradição na melhor música pop. E, nesse sentido, é do melhor que tem sido feito em matéria pop nos tempos mais recentes. Disponível no Spotify.
Provar
Para esquecer das agruras do atendimento algarvio, nada como revisitar alguns clássicos lisboetas. Hoje falo do regresso estival ao Salsa & Coentros, no 1.º dia de Agosto - casa cheia nos dois pisos e na nova esplanada que abriu este ano, a simpatia de sempre do sr. José Duarte e da sua equipa e uma surpresa: nos pratos do dia estava sopa de beldroegas. Ele há a época da lampreia e do sável, o mês das sardinhas, o tempo da caça. Mas uma das melhores alturas do ano fica a meio do Verão, quando as beldroegas estão viçosas, com folhas carnudas e tenras. Agosto é o seu grande mês e encontrar em Lisboa uma sopa de beldroegas bem feita não fácil - mas o Salsa & Coentros, com a sua dedicação alentejana, trata do assunto e segue à risca a receita recolhida por Maria de Lourdes Modesto: beldroegas frescas e tenras, azeite do melhor, louro, alho, queijo de ovelha ou de cabra, ovos e batatas. A beldroega nasce espontaneamente junto de ribeiras, é oriunda do Médio Oriente e em Portugal está presente no Alentejo e Algarve. O que se aproveita em termos culinários são as folhas e a parte de cima dos caules, que deve ser cortada em pequenos pedaços. O seu sabor é único. A sopa de beldroegas é originária do Baixo Alentejo e é, por si só, uma refeição - o queijo é cozido no caldo e o ovo é escalfado. Dizem os entendidos que as propriedades nutricionais da beldroega são extraordinárias - eu acho o seu sabor acima de extraordinário e agradeço ao Salsa & Coentros ter-me dado esta inesperada alegria. Rua Coronel Marques Leitão 12, em Alvalade, telefone 218 410 990.
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