Opinião
A esquina do Rio
A pior coisa que pode acontecer é transformar a desgraça dos incêndios numa guerrilha politiqueira, mas isto não deve levar ao aliviar das responsabilidades.
Back to basics
Não fazes ideia o trabalho que me deu chegar pobre até ao fim da vida.
Paiva Couceiro
Fogo!
A pior coisa que pode acontecer é transformar a desgraça dos incêndios numa guerrilha politiqueira, mas isto não deve levar ao aliviar das responsabilidades. O que se passou nos últimos dias é um grave problema de prioridades políticas desajustadas e não de divergências partidárias. Na realidade, todos os partidos que estiveram no poder nos últimos 30 anos tiveram responsabilidades nos erros de políticas de ordenamento de território e florestais que agora se revelaram com uma intensidade terrível.
Diria que existem três áreas críticas: a da prevenção, que foi a mais desprezada; a do combate aos incêndios, que vai funcionando em alternativa à prevenção e que recebe maior atenção (e financiamento) porque serve de veículo de propaganda; e a da justiça, com um enquadramento penal anedótico face à gravidade dos crimes cometidos - que este ano, como se sabe, provocaram mortes, mais uma vez.
Temos 3,5 vezes mais incêndios do que a média dos países mediterrânicos e 2,5 vezes mais área ardida. Só entre 1 e 8 de Agosto, registaram-se em Portugal 1.775 incêndios. No Público, Fernando Santos Pessoa, da Universidade do Algarve, pôs o dedo na ferida: "Devemos ser o único país do mundo com florestas que não têm um corpo específico de Guardas Florestais", escreveu, sublinhando não ter dúvidas de "que essa era a mais eficaz e mais barata forma de prevenção dos fogos florestais". E recorda que os extintos Serviços Florestais "eram um organismo que vinha desde o séc. XIX, e não há país nenhum no mundo, com uma grande área florestal, que não possua o seu Serviço Florestal". No Observador, Paulo Fernandes, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, recordou que "em 2013, a Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC) dava conta de que o dispositivo de combate a incêndios tinha um custo previsto de 74 milhões de euros, enquanto a prevenção mereceria apenas um investimento de cerca de 20 milhões. Daí para cá, o desequilíbrio agravou-se. O sistema de combate a incêndios está divorciado do sistema de prevenção". Também no Observador, José Cardoso Pereira, do Instituto Superior de Agronomia, aponta: "Vemos todos os dias os noticiários das oito a serem abertos com helicópteros Kamov no terreno. Mas não vemos noticiários a serem abertos com a limpeza das matas."
A propaganda é inimiga da realidade e isto aplica-se a todos os partidos que estiveram no Governo. Henrique Pereira dos Santos, um arquitecto paisagista, tem sido uma presença constante a denunciar o que se passa: o custo do dispositivo de combate aos fogos passou de 30 milhões anuais para 100 milhões anuais, enquanto o Plano Nacional de Defesa das Florestas contra Incêndios e o Fundo Florestal Permanente, concebido por técnicos do sector há uma dezena de anos atrás, nunca foi aplicado e antes foi esvaziado em verbas e acções - e Pereira dos Santos defende que se as recomendações tivessem sido seguidas, a situação seria bem diferente.
E chegamos à questão da Justiça - a pena penal máxima para os incendiários é de oito anos. Quase nenhum dos condenados cumpre a pena por inteiro, a maioria sai em liberdade a seguir à detenção, muitos com pena suspensa reincidem. O que há décadas se passa com os brandos costumes sobre estes crimes, merece reflexão. E a atitude dos Governos em relação à prevenção também tem, ela própria, uma faceta criminosa.
Semanada
• Em dez anos, foram passadas 57 multas a quem levou cães para a praia • o FMI considerou o Deutsche Bank, um ícone da Alemanha no pós-guerra, o maior risco a nível mundial para a estabilidade financeira • dos 230 deputados em funções no fim da sessão legislativa, só o duo de "Os Verdes" e outros 38 parlamentares têm um registo "limpo" de faltas nos plenários da Assembleia • segundo os serviços do Parlamento, o total de faltas neste ano parlamentar ascende a 934 em todas as bancadas, uma média de 11 deputados ausentes por sessão • o Porto é a cidade onde se registam mais atropelamentos e Aveiro é a cidade onde se verifica maior número de mortes por atropelamento • Rui Rio, velho amigo e aliado autárquico de António Costa, afirmou não excluir "a possibilidade de legislativas ainda antes das autárquicas" • os medicamentos genéricos já são metade do total dos medicamentos vendidos • em Portugal, há mais casais a terem o terceiro filho e continua a tendência para o aumento da natalidade • as exportações portuguesas tiveram o seu pior semestre desde 2009 • as queixas de deficientes por discriminação subiram 42% num ano.
Folhear
Não me canso de ficar surpreendido com o dinamismo dos editores de revistas independentes, que continuam a apostar no papel e apresentam edições fantásticas. Uma das mais deliciosas publicações que vi nestes últimos meses foi a peeps, que vai agora no segundo número. De origem canadiana, e feita graças a contribuições de apoiantes num esquema semelhante ao "crowdfunding", o seu objectivo é seguir as mudanças sociológicas que acontecem pelo mundo fora. Um dos artigos mais interessantes desta edição chama-se "Welcome to the cyber village" e aborda casos de adaptação de sociedades rurais ou de vilas longe dos grandes centros urbanos às novas tecnologias. Outro tem o curioso título "Fresh ideas on the death and rebirth of marketing" - é uma entrevista com John McGarr, fundador de uma empresa de consultoria, Fresh Squeezed Ideas, que juntou uma equipa de antropólogos que estudam as alterações de hábitos de consumo e de comportamento e que tem por lema "o que antes resultou pode não funcionar agora, dá mais resultado ser diferente que ser o melhor". A revista tem também "short stories" reais que contam episódios da vida de profissionais de diversas áreas. A edição fotográfica é muito cuidada ao longo de todos os artigos e o grafismo é simples e eficaz. Ao folhear peeps, não resisti a pensar como em Portugal existem tantos casos que podiam caber numa linha editorial semelhante e como podia fazer sentido fazer aqui uma publicação destas, que sai duas vezes por ano. Podem saber mais no Twitter em peepsforum, no Instagram em peepsmagazine ou no Facebook em peepsforum - e peepsforum.com é o nome do seu site.
Gosto
Da série de textos "A América através dos livros", de Isabel Lucas, um grande exemplo de bom jornalismo.
Não gosto
De comentários bacocos como os que ouvi na transmissão da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos.
Ver
Ora aqui vão sugestões avulsas. Até 15 de Outubro, na Galeria Municipal de Matosinhos, Julião Sarmento apresenta "No Fio da Respiração", 26 obras de pintura, desenho e escultura, produzidas entre 1966 e 2011, com duas peças inéditas - exposição comissariada por Miguel von Hafe Pérez. Em Lisboa, sugiro, no Museu de Etnologia, um belíssimo e pouco conhecido edifício na Rua da madeira, no Restelo, uma exposição particularmente adequada a estes dias em que a destruição do fogo varreu o país: "Inquéritos ao Território: Paisagem e Povoamento". No Museu Nacional de História Natural e da Ciência, está a exposição "Dinossauros Que Viveram Na Nossa Terra", que reconstitui como seria a paisagem da região Oeste no período jurássico. Em Loulé, no Convento de Santo António dos Capuchos, Teresa Segurado Pavão apresenta trabalhos de escultura sob o título "Terras Brancas". Finalmente em Sines, no Centro Cultural Emmerico Nunes, está a belíssima exposição "4 fotógrafos de Moçambique", que apresenta trabalhos de Moira Forjaz, José Cabral, Luís Basto e Filipe Branquinho.
Arco da velha
Mais de metade dos suspeitos de fogo posto que a PJ detém são logo libertados pelo juiz de instrução, muitos recebem penas suspensas e, destes, vários são reincidentes no mesmo crime e continuam depois em liberdade.
Ouvir
William Tyler foi guitarrista dos Lambchop e, antes deles, dos Silver Jews. A sua carreira a solo vai em quatro álbuns, todos eles instrumentais, onde faz jus à sua técnica e a uma forma muito própria de tocar guitarra. O novo disco chama-se Modern Country e é uma espécie de manifesto musical de uma América das pequenas cidades, das estradas percorridas por camiões e dos bares onde os seus condutores se encontram. Cada um dos temas podia fazer parte da banda sonora de um filme sobre o Sul dos Estados Unidos, desde Albion Moonlight a The Great Unwind, passando por Highway Anxiety. Destaque para a participação do baterista dos Wilco, Glenn Kotche, entende-se às mil maravilhas com o baixista Darin Gray. Quando apresentou o álbum, William Tyler disse que o disco era uma carta de amor ao que se estava a perder na América. E, ao ouvir o disco não é saudosismo, o que se sente, é esperança. William Tyler: Modern Country Merge Records, disponível no Spotify.
Provar
Um hambúrguer decente com serviço simpático para portugueses ao pé do largo de Camões? Podem deixar de pensar que é realidade virtual ou o fruto de uma pancada na cabeça. A coisa existe, é o Italian Burguer & Lobster House e tudo correu acima das minhas expectativas. Num destes dias, a caminho do cinema Ideal, e querendo jantar antes do filme, entrei com alguma desconfiança no referido local, na Rua do Loreto. Pois reconheço que estava com um preconceito estúpido. O atendimento foi excelente, o serviço, rápido, a confecção e qualidade da comida foram irrepreensíveis e a imperial era bem tirada e fresca, apesar do calor lisboeta destes dias. Para a mesa veio um hambúrguer Tuscanny, à base de frango com manga e tomate laminado, manjericão e coentros frescos, e um hambúrguer Parma, com cogumelos, cebola caramelizada, parmesão e salsa. Cada hambúrguer pode vir com dois acompanhamentos, entre salada, risotto de cogumelos, batata frita ou arroz thai. Os hambúrgueres estavam no ponto e os acompanhamentos escolhidos também. Há opções de hambúrguer de atum e vegetariano. E depois, claro, há o lavagante - que pode vir cozido ou grelhado, em tártaro, em risotto ou com linguine. Há-de ser experimentado numa próxima ocasião. Nas entradas, destaque para a manteiga de corais e a pasta de tomate assado, com grissinis. Além do Chiado, o Italian Burguer & Lobster House existe no Centro Colombo, Centro Vasco da Gama e na Avenida de Roma, junto à Praça de Londres. No caso do Chiado, fica na Rua do Loreto 12, telefone 961 092 652.
Dixit
Espero não ser como os políticos e saber parar de escrever no tempo certo.
Ian McEwan
Não fazes ideia o trabalho que me deu chegar pobre até ao fim da vida.
Paiva Couceiro
Fogo!
A pior coisa que pode acontecer é transformar a desgraça dos incêndios numa guerrilha politiqueira, mas isto não deve levar ao aliviar das responsabilidades. O que se passou nos últimos dias é um grave problema de prioridades políticas desajustadas e não de divergências partidárias. Na realidade, todos os partidos que estiveram no poder nos últimos 30 anos tiveram responsabilidades nos erros de políticas de ordenamento de território e florestais que agora se revelaram com uma intensidade terrível.
Diria que existem três áreas críticas: a da prevenção, que foi a mais desprezada; a do combate aos incêndios, que vai funcionando em alternativa à prevenção e que recebe maior atenção (e financiamento) porque serve de veículo de propaganda; e a da justiça, com um enquadramento penal anedótico face à gravidade dos crimes cometidos - que este ano, como se sabe, provocaram mortes, mais uma vez.
Temos 3,5 vezes mais incêndios do que a média dos países mediterrânicos e 2,5 vezes mais área ardida. Só entre 1 e 8 de Agosto, registaram-se em Portugal 1.775 incêndios. No Público, Fernando Santos Pessoa, da Universidade do Algarve, pôs o dedo na ferida: "Devemos ser o único país do mundo com florestas que não têm um corpo específico de Guardas Florestais", escreveu, sublinhando não ter dúvidas de "que essa era a mais eficaz e mais barata forma de prevenção dos fogos florestais". E recorda que os extintos Serviços Florestais "eram um organismo que vinha desde o séc. XIX, e não há país nenhum no mundo, com uma grande área florestal, que não possua o seu Serviço Florestal". No Observador, Paulo Fernandes, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, recordou que "em 2013, a Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC) dava conta de que o dispositivo de combate a incêndios tinha um custo previsto de 74 milhões de euros, enquanto a prevenção mereceria apenas um investimento de cerca de 20 milhões. Daí para cá, o desequilíbrio agravou-se. O sistema de combate a incêndios está divorciado do sistema de prevenção". Também no Observador, José Cardoso Pereira, do Instituto Superior de Agronomia, aponta: "Vemos todos os dias os noticiários das oito a serem abertos com helicópteros Kamov no terreno. Mas não vemos noticiários a serem abertos com a limpeza das matas."
A propaganda é inimiga da realidade e isto aplica-se a todos os partidos que estiveram no Governo. Henrique Pereira dos Santos, um arquitecto paisagista, tem sido uma presença constante a denunciar o que se passa: o custo do dispositivo de combate aos fogos passou de 30 milhões anuais para 100 milhões anuais, enquanto o Plano Nacional de Defesa das Florestas contra Incêndios e o Fundo Florestal Permanente, concebido por técnicos do sector há uma dezena de anos atrás, nunca foi aplicado e antes foi esvaziado em verbas e acções - e Pereira dos Santos defende que se as recomendações tivessem sido seguidas, a situação seria bem diferente.
E chegamos à questão da Justiça - a pena penal máxima para os incendiários é de oito anos. Quase nenhum dos condenados cumpre a pena por inteiro, a maioria sai em liberdade a seguir à detenção, muitos com pena suspensa reincidem. O que há décadas se passa com os brandos costumes sobre estes crimes, merece reflexão. E a atitude dos Governos em relação à prevenção também tem, ela própria, uma faceta criminosa.
• Em dez anos, foram passadas 57 multas a quem levou cães para a praia • o FMI considerou o Deutsche Bank, um ícone da Alemanha no pós-guerra, o maior risco a nível mundial para a estabilidade financeira • dos 230 deputados em funções no fim da sessão legislativa, só o duo de "Os Verdes" e outros 38 parlamentares têm um registo "limpo" de faltas nos plenários da Assembleia • segundo os serviços do Parlamento, o total de faltas neste ano parlamentar ascende a 934 em todas as bancadas, uma média de 11 deputados ausentes por sessão • o Porto é a cidade onde se registam mais atropelamentos e Aveiro é a cidade onde se verifica maior número de mortes por atropelamento • Rui Rio, velho amigo e aliado autárquico de António Costa, afirmou não excluir "a possibilidade de legislativas ainda antes das autárquicas" • os medicamentos genéricos já são metade do total dos medicamentos vendidos • em Portugal, há mais casais a terem o terceiro filho e continua a tendência para o aumento da natalidade • as exportações portuguesas tiveram o seu pior semestre desde 2009 • as queixas de deficientes por discriminação subiram 42% num ano.
Folhear
Não me canso de ficar surpreendido com o dinamismo dos editores de revistas independentes, que continuam a apostar no papel e apresentam edições fantásticas. Uma das mais deliciosas publicações que vi nestes últimos meses foi a peeps, que vai agora no segundo número. De origem canadiana, e feita graças a contribuições de apoiantes num esquema semelhante ao "crowdfunding", o seu objectivo é seguir as mudanças sociológicas que acontecem pelo mundo fora. Um dos artigos mais interessantes desta edição chama-se "Welcome to the cyber village" e aborda casos de adaptação de sociedades rurais ou de vilas longe dos grandes centros urbanos às novas tecnologias. Outro tem o curioso título "Fresh ideas on the death and rebirth of marketing" - é uma entrevista com John McGarr, fundador de uma empresa de consultoria, Fresh Squeezed Ideas, que juntou uma equipa de antropólogos que estudam as alterações de hábitos de consumo e de comportamento e que tem por lema "o que antes resultou pode não funcionar agora, dá mais resultado ser diferente que ser o melhor". A revista tem também "short stories" reais que contam episódios da vida de profissionais de diversas áreas. A edição fotográfica é muito cuidada ao longo de todos os artigos e o grafismo é simples e eficaz. Ao folhear peeps, não resisti a pensar como em Portugal existem tantos casos que podiam caber numa linha editorial semelhante e como podia fazer sentido fazer aqui uma publicação destas, que sai duas vezes por ano. Podem saber mais no Twitter em peepsforum, no Instagram em peepsmagazine ou no Facebook em peepsforum - e peepsforum.com é o nome do seu site.
Gosto
Da série de textos "A América através dos livros", de Isabel Lucas, um grande exemplo de bom jornalismo.
Não gosto
De comentários bacocos como os que ouvi na transmissão da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos.
Ver
Ora aqui vão sugestões avulsas. Até 15 de Outubro, na Galeria Municipal de Matosinhos, Julião Sarmento apresenta "No Fio da Respiração", 26 obras de pintura, desenho e escultura, produzidas entre 1966 e 2011, com duas peças inéditas - exposição comissariada por Miguel von Hafe Pérez. Em Lisboa, sugiro, no Museu de Etnologia, um belíssimo e pouco conhecido edifício na Rua da madeira, no Restelo, uma exposição particularmente adequada a estes dias em que a destruição do fogo varreu o país: "Inquéritos ao Território: Paisagem e Povoamento". No Museu Nacional de História Natural e da Ciência, está a exposição "Dinossauros Que Viveram Na Nossa Terra", que reconstitui como seria a paisagem da região Oeste no período jurássico. Em Loulé, no Convento de Santo António dos Capuchos, Teresa Segurado Pavão apresenta trabalhos de escultura sob o título "Terras Brancas". Finalmente em Sines, no Centro Cultural Emmerico Nunes, está a belíssima exposição "4 fotógrafos de Moçambique", que apresenta trabalhos de Moira Forjaz, José Cabral, Luís Basto e Filipe Branquinho.
Arco da velha
Mais de metade dos suspeitos de fogo posto que a PJ detém são logo libertados pelo juiz de instrução, muitos recebem penas suspensas e, destes, vários são reincidentes no mesmo crime e continuam depois em liberdade.
Ouvir
William Tyler foi guitarrista dos Lambchop e, antes deles, dos Silver Jews. A sua carreira a solo vai em quatro álbuns, todos eles instrumentais, onde faz jus à sua técnica e a uma forma muito própria de tocar guitarra. O novo disco chama-se Modern Country e é uma espécie de manifesto musical de uma América das pequenas cidades, das estradas percorridas por camiões e dos bares onde os seus condutores se encontram. Cada um dos temas podia fazer parte da banda sonora de um filme sobre o Sul dos Estados Unidos, desde Albion Moonlight a The Great Unwind, passando por Highway Anxiety. Destaque para a participação do baterista dos Wilco, Glenn Kotche, entende-se às mil maravilhas com o baixista Darin Gray. Quando apresentou o álbum, William Tyler disse que o disco era uma carta de amor ao que se estava a perder na América. E, ao ouvir o disco não é saudosismo, o que se sente, é esperança. William Tyler: Modern Country Merge Records, disponível no Spotify.
Provar
Um hambúrguer decente com serviço simpático para portugueses ao pé do largo de Camões? Podem deixar de pensar que é realidade virtual ou o fruto de uma pancada na cabeça. A coisa existe, é o Italian Burguer & Lobster House e tudo correu acima das minhas expectativas. Num destes dias, a caminho do cinema Ideal, e querendo jantar antes do filme, entrei com alguma desconfiança no referido local, na Rua do Loreto. Pois reconheço que estava com um preconceito estúpido. O atendimento foi excelente, o serviço, rápido, a confecção e qualidade da comida foram irrepreensíveis e a imperial era bem tirada e fresca, apesar do calor lisboeta destes dias. Para a mesa veio um hambúrguer Tuscanny, à base de frango com manga e tomate laminado, manjericão e coentros frescos, e um hambúrguer Parma, com cogumelos, cebola caramelizada, parmesão e salsa. Cada hambúrguer pode vir com dois acompanhamentos, entre salada, risotto de cogumelos, batata frita ou arroz thai. Os hambúrgueres estavam no ponto e os acompanhamentos escolhidos também. Há opções de hambúrguer de atum e vegetariano. E depois, claro, há o lavagante - que pode vir cozido ou grelhado, em tártaro, em risotto ou com linguine. Há-de ser experimentado numa próxima ocasião. Nas entradas, destaque para a manteiga de corais e a pasta de tomate assado, com grissinis. Além do Chiado, o Italian Burguer & Lobster House existe no Centro Colombo, Centro Vasco da Gama e na Avenida de Roma, junto à Praça de Londres. No caso do Chiado, fica na Rua do Loreto 12, telefone 961 092 652.
Dixit
Espero não ser como os políticos e saber parar de escrever no tempo certo.
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