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Opinião
09 de Junho de 2016 às 09:46

A esquina do Rio

A circunspecta, mas muito atenta, revista britânica The Economist dedica a capa, o editorial e um artigo de investigação da sua edição de 4 de Junho ao tema da liberdade de expressão, que considera estar a ser crescentemente ameaçada.

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Dixit
Uma viagem de mil quilómetros começa sempre com um único passo.
Lao Tzu

Tendência
A circunspecta, mas muito atenta, revista britânica The Economist dedica a capa, o editorial e um artigo de investigação da sua edição de 4 de Junho ao tema da liberdade de expressão, que considera estar a ser crescentemente ameaçada. A capa mostra o rosto de um homem, com os lábios fechados por um cadeado, sob o título "Free Speech Under Attack". O artigo, uma reportagem de investigação, informa sobre as limitações à liberdade de expressão e de informação. "Sem que exista diversidade de ideias, o mundo torna-se tímido e ignorante", sublinha a revista.
Tudo isto se passa, num contexto, como a The Economist faz notar, em que "aparentemente se vive a idade dourada da liberdade de expressão - podemos ver um jornal do outro lado do mundo num smartphone em poucos segundos, há mais de mil milhões de tweets, posts no Facebook e actualizações de blogues que são publicadas diariamente e qualquer pessoa com acesso à internet pode tornar-se num editor".
No artigo e no editorial, a The Economist faz notar que há hoje em dia três formas principais de limitação da liberdade de expressão - em primeiro lugar, a repressão de alguns governos em diversos países; em segundo lugar, a perseguição a jornalistas que denunciam casos de corrupção ou investigam crimes, perseguição que muitas vezes acaba em execuções sumárias, como no México ou em algumas regiões controladas por extremistas religiosos; e, em terceiro lugar, a convicção, que ganha dimensão, diz a revista, que grupos da sociedade e algumas pessoas ou instituições têm o direito de não serem criticados e muito menos ofendidos - ou pelo menos sujeitos ao que consideram ofensas. Esta última forma, que vive debaixo da bandeira do politicamente correcto ou da defesa dos direitos das minorias, ou ainda do interesse nacional e de outros conceitos difíceis de explicitar, é talvez a mais difícil de combater e a que tem maior número de adeptos, que exercem a sua censura, digamos, em nome do que entendem ser o Bem. A liberdade de expressão, escreve o editorialista, é a melhor forma de defesa que a sociedade tem contra a má governação e, sublinha, é a pedra basilar de todas as liberdades.
Entretanto, por cá, no espaço de um ano, o Diário Económico acabou a edição de papel, o Público e o Diário de Notícias, soube-se nos últimos dias, estão em vias de mudar de direcção editorial. No caso do Público, fala-se, há muito, da redução de dias que terão edição em papel, o DN ainda não tomou esse passo. Este novo ciclo de mudanças que percorre a imprensa reforça a convicção de que alguns jornais funcionam em círculo fechado para um pequeno grupo de políticos, directórios partidários e seus afiliados mais directos. Alguns deixam de falar do quotidiano das pessoas e das cidades onde vivem, ganham distância em relação aos leitores na proporção em que se querem aproximar dos eleitos e dos grupos de interesse a que se dirigem. Creio que é este o caminho que tem levado à destruição de valor no seio da comunicação. E creio que é neste comportamento que se manifesta em Portugal aquilo que a The Economist considera como a terceira e preocupante forma contemporânea de limitação da liberdade de expressão. É muito difícil criar e consolidar uma marca de informação; mas é muito fácil destruir o seu valor.

Semanada
• O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, elogiou o congresso do PS  em 2015, o investimento dos "business angels" em Portugal caiu 16% devido à falta de capital público  a Mota-Engil contratou Paulo Portas para liderar o conselho internacional da empresa, com especial enfoque na América do Sul  a oferta para Lisboa no Airbnb triplicou desde 2014 para 33 mil casas, revela a Bloomberg  o presidente da Câmara não eleito defende que a cidade se deve preparar para receber mais turistas  os turistas que visitam Lisboa rendem à Câmara sete milhões de euros por ano  o Belcanto subiu 13 lugares, para 78.º, na lista dos melhores restaurantes do mundo da revista britânica Restaurant  o porto de Lisboa teve quedas de 46% em Abril  de Janeiro e Abril, o porto de Sines voltou a crescer e representa já 53% da actividade portuária do continente  nas estradas algarvias, registam-se, em média, 24 acidentes por dia  todos os meses há 18 mil condutores proibidos de conduzir  perto de dez mil condutores perderam pontos nas respectivas cartas de condução nos primeiros cinco dias de vigência do novo sistema  no primeiro mês, o túnel do Marão foi utilizado por 324 mil veículos  329 pessoas pediram para mudar de sexo em Portugal nos últimos seis anos  em 20 anos, mais de dois mil médicos portugueses fizeram o curso na República Checa  desde o início de 2014, já morreram 14 mil pessoas no Mediterrâneo.

Folhear
Gosto destes livros que contam a história de coisas que se tornaram parte do nosso quotidiano e que, como no caso, mudaram na prática a geografia, os hábitos e a Margem Sul. É um género pouco praticado entre nós e que dá ainda maior relevo a "A Ponte Inevitável", de Luís Ferreira Rodrigues. O livro, agora editado, conta a história da Ponte 25 de Abril que, a 6 de Agosto, comemora 50 anos. Mas o livro mostra como essa história começa bem atrás, há 140 anos, quando o engenheiro Miguel Pais propôs, em 1876, uma ponte de ferro entre Lisboa e Montijo. O livro conta o que aconteceu nos 90 anos que decorreram desde que se avançou com a ideia de uma ponte entre Lisboa e a Margem Sul, até ao momento em que a ideia se transforma em realidade. Mostra ainda como a ponte é muito mais do que uma iniciativa de um projecto político subordinado aos ditames do Estado Novo. A ponte mudou a face de Lisboa, mudou o urbanismo da Margem Sul e, um dia destes, como Luís Paixão Martins já anunciou no seu Facebook, vai ter um centro de interpretação em Alcântara e um sistema de visitas guiadas à ponte. O autor do livro, Luís F. Rodrigues, nasceu em 1976, no Barreiro. É licenciado em Arquitectura do Planeamento Urbano e Territorial e mestre em Ordenamento do Território e Planeamento Ambiental, e de-senvolve a sua actividade profissional como urbanista em Lisboa. E, já agora, dedica-se também ao estudo de história, arte e ciência das religiões, sendo autor de dois livros sobre o tema. A história da ponte é uma edição da Guerra & Paz, com 288 páginas.

Gosto
Do regresso, pela mão da Porto Editora, da colecção de livros policiais Vampiro. 

Não gosto
Da utilização de crianças na guerra política - seja em manifestações, seja em visitas oficiais de governantes em defesa das suas políticas.

Ver
Esta semana, o MUDE sai para fora de portas enquanto decorrem as obras na sua casa, na Rua Augusta, e vai para a Sala do Risco, na Praça do Comércio, com a exposição "Abaixo as fronteiras! Vivam o design e as artes". Um pouco mais acima, no Museu Nacional de Arte Contemporânea, José Maçãs de Carvalho mostra "Arquivo e Melancolia", mais uma das incursões que tem feito ao seu arquivo pessoal de imagens, iniciado em 1988. Ainda no Chiado, na Livraria Sá da Costa, renascida como alfarrabista e local de exposições, Teresa Milheiro mostra novas peças de joalharia numa colecção, exposta em vitrinas, a que chamou "Insectarium" (na imagem). Passando para o que acontece lá fora, Cristina Ataíde continua a mostrar a sua obra do Brasil, desta vez em São Paulo, com uma exposição na galeria Virgílio. Mostra esculturas e desenhos sob o título "Até ao Abraço" e foi já elogiada pelo jornal Estado de S. Paulo. Em Miami, na Galeria Merzbau, abriu a exposição "Portugal Tropical", com obras de Pedro Calapez, Mónica de Miranda e Maria Ana Vasco costa, comissariada por Alda Galsterer e Verónica de Mello.

Arco da velha
O presidente da Câmara de Celorico de Basto fez ajustes directos com uma empresa que era dos seus pais e depois afirmou desconhecer que a empresa era da família.

Ouvir
Uma das coisas que me surpreende, com satisfação, devo dizer, é constatar que nomes grandes da música popular, que se celebrizaram nos anos 60, continuam a produzir com uma pujança criativa assinalável, surpreendendo muitas vezes pela maneira como conseguem sair "fora da caixa". Paul Simon, que tem agora a provecta idade de 74 anos, lançou por estes dias um dos mais conseguidos discos da sua carreira a solo - arrisco-me a dizer que o mais inesperado e bem-sucedido desde "Graceland", de 1986. O novo trabalho chama-se "Stranger To Stranger". Cabe aqui dizer que Paul Simon editou o seu primeiro disco, com Art Garfunkel, no distante ano de 1964, portanto, há 52 anos. Em "Stranger To Stranger", Paul Simon continua a dedicar atenção a músicas do mundo, desde sonoridades africanas, até ao flamenco, ou, mais contemporâneo, samples do DJ italiano Clap! Clap!. Isto, além de uma série de instrumentos artesanais como um chromelodeon ou um harmonic canon, desenvolvidos pelo compositor Harry Partch. Como tantas vezes na sua carreira, algumas destas canções são tristes - reflectem desilusão, perda, exclusão, mas têm também sentido de humor e de ironia, como logo na faixa inicial, "The Werewolf". Devo dizer que é difícil eleger uma das 11 canções - mas não resisto a deixar aqui o meu destaque para "Insomniac's Lullaby", uma balada que entra directa para a lista dos grandes clássicos de Paul Simon. CD Concord/Universal, já disponível em Portugal.

Dixit
Aqui e ali abundam promessas de greves porque, está visto, com este Governo quem não berra não mama.
Manuel Carvalho, Público

Provar
Santo António está à porta e a sardinha está atrasada. Está magra, falta-lhe corpo e sabor. O mesmo acontece com alguma fruta - este ano, o tempo atrasou-se e a natureza queixou-se como pode, não oferecendo o que tem de melhor na estação certa. A bem dizer, este ano nem se deviam comer sardinhas nesta altura, para permitir que daqui a um mês elas tenham vivido até ao seu estado ideal. Mas a tradição é o que é e os arraiais hão-de ter muitas bancas de sardinha, um bocado esqueléticas demais para serem saborosas.
Em Lisboa, há os arraiais tradicionais e os arraiais mais modernos, como o que este ano está montado num novo local, em Campolide, por iniciativa do dinâmico presidente da Junta de Freguesia de Campolide, André Couto. Uma boa opção para as festas, evitando comer as sardinhas fora da sua altura ideal, é procurar os caracóis, um petisco estival que nestes dias mais quentes se torna especialmente saboroso ao fim da tarde, acompanhado de uma cerveja bem tirada. O caracol, bem cozido e bem temperado, é dos melhores petiscos desta época do ano.
Permanecendo em Campolide, mesmo em frente ao parque para onde o arraial local se mudou por estes dias, está, ao fim da Rua de Campolide, no número 370, a Casa dos Caracóis, a mais recente iniciativa de um grupo que tem já nove lojas - e que é o maior importador nacional de caracóis, a partir de Marrocos. A Casa dos Caracóis em Campolide é exclusivamente um "take-away", que fornece o petisco em caixas que vão dos 6 aos 38 euros e caracoletas assadas a 11 euros a dose. Telefone 217 271 744.

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