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Manuel Falcão - Jornalista 23 de Janeiro de 2015 às 09:50

A esquina do Rio

Nas eleições legislativas que vão realizar-se por volta do início de Outubro poderão votar, pela primeira vez, eleitores que nasceram em 1997. Será que vão exercer o seu direito de voto?

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Back to basics

Quando os políticos se queixam de que a televisão transforma o mundo num circo, esquecem-se que o circo já lá estava e que a TV apenas evidenciou que nem todos os artistas estão suficientemente ensaiados.

Edward R. Murrow

 

 

Dúvidas

Nas eleições legislativas que vão realizar-se por volta do início de Outubro poderão votar, pela primeira vez, eleitores que nasceram em 1997. Será que vão exercer o seu direito de voto? Será que se sentem motivados pela acção dos partidos e pelo funcionamento do sistema político? Será que acham que o voto tem alguma influência para mudar o estado de coisas? As perguntas não são retóricas - corre-se o risco de a abstenção aumentar ainda mais, o que quer dizer que um dia destes alguém pode perguntar se esta democracia ainda é representativa. As eleições deste ano iniciam um novo ciclo eleitoral que, depois das legislativas, terá continuidade com as presidenciais e as autárquicas. São três momentos de significado diverso mas que poderão servir para aferir se o comportamento do eleitorado português continua a enquadrar-se na tipificação que existiu durante as últimas quatro décadas, ou se alguma coisa mudou: teremos ainda as mesmas maiorias sociopolíticas, ou não? Os novos eleitores terminaram o ensino primário já neste século e tratam a Internet por tu. Vêem menos televisão. Lêem menos jornais. Ganham informação e estabelecem opinião de outra maneira - sabem qual é? O sistema está preparado para isto? Que fez para mobilizar a participação cívica de quem agora está a entrar na idade adulta? Vamos deixar o futuro político do país em quem nele vai viver nas próximas décadas, ou em quem nele tem vivido nas anteriores?

 

 

Dixit

"Quanto mais o líder do PS fizer papel de morto, mais hipóteses tem de ganhar as eleições".
Mira Amaral

 

 

Semanada

• Em 2014, a venda de automóveis na União Europeia cresceu 5,7%, mas em Portugal o crescimento foi de 34,8%  as exportações da Autoeuropa subiram 12% no ano passado graças à China l entre 2011 e 2014, os salários caíram 11% no sector privado e quase o dobro no Estado  o valor da marca Cristiano Ronaldo subiu 11 milhões de euros em 2014 e mais que duplicou desde 2011, atingindo actualmente um valor potencial de 54 milhões de euros  2014 foi o melhor ano da história do turismo em Portugal, com os hotéis a facturarem mais de 2 mil milhões de euros graças a 15 milhões de hóspedes, o que significa um maior número de dormidas que na vizinha Espanha  mais de 30% dos jovens portugueses não acabam o ensino secundário  Portugal registou em 2014 o mais baixo índice de mortalidade infantil de sempre  33% dos partos realizados em Portugal são cesarianas  nos hospitais privados, a taxa de cesarianas é de 67% contra os 28% registados no Serviço Nacional de Saúde  António Costa disse que o país precisa de regionalização  Rui Rio disse que a regionalização era o abanão de que o país necessita  o fisco cobrou, em 2014, cerca de 900 milhões de euros em impostos acima das previsões  uma empresa de Viana do Castelo está a ser alvo de vários processos de penhora, no montante de cerca de 35 mil euros, referentes a portagens não pagas de uma viatura que vendeu em 2010  um terço das 24 freguesias de Lisboa não cumpre o Código dos Contratos Públicos.

 

 

Folhear

A revista Wallpaper de Fevereiro é a edição especial relativa aos prémios de design que a revista atribui anualmente e que vão da joalharia à iluminação, passando pela roupa, a arquitectura ou utensílios domésticos, como um serviço de café por exemplo. Há exemplos de peças deliciosas, como uma mesa de sala de reuniões desenhada por Jasper Morrison, uma casa pré-fabricada em aço galvanizado da Vipp's ou uns simples uns óculos da Lindberg. O melhor "rebranding" foi para a Lowe, a melhor apresentação de uma refeição foi para "La Bonne Table" de Tóquio, a melhor cozinha foi para a Boffi, o melhor sofá para a Cassina e o melhor armário de roupa para a Ceccotti Collezioni. Na moda, o título de melhor criação para mulher foi para a colecção de Outono-Inverno 14 da Dior, desenhada por Raf Simons, e a melhor criação de roupa de homem foi para a colecção Outono-Inverno 14 da Saint Laurent, desenhada por Hedi Slimane.
Tóquio foi considerada a melhor cidade e o título do melhor novo restaurante foi para Carlo e Camilla, em Milão. O sempre disputado prémio de melhor novo hotel foi para o American Trade Hotel na Cidade do Panamá. O melhor projecto de arquitectura para uma residência particular foi para a Vault House, em Oxnard, na Califórnia, projectada por Johnston Marklee. A presença portuguesa está numa página de publicidade dos papéis higiénicos coloridos da Renova.

 

 

Gosto

O músico e fotógrafo português Rodrigo Amado foi incluído entre os cinco melhores saxofonistas tenor por um grupo de 46 críticos de jazz de todo o mundo.

 

 

Não gosto

Da confusão instalada nos serviços de urgência dos hospitais.

 

 

Provar

Em matéria de doces, quando é para pecar, que se peque a sério. Um dos pretextos ideais que conheço para este género de pecados é a produção da Fábrica de Rebuçados de Ovo de Portalegre. Estes rebuçados de ovos são característicos da região e baseiam-se numa receita conventual. Hoje em dia continuam a ser feitos à mão e embrulhados em papel de seda. Vendem-se em latas com 12 unidades e são deliciosos a acompanhar um bom café arábica da Pérola do Chaimite, na Duque d' Ávila, onde por acaso também são vendidos estes tentadores rebuçados. A lata onde vêm é, só por si, um belo objecto que apetece guardar - mas o seu sabor e consistência são iguais aos rebuçados de ovos de que me lembro na infância, quando o meu pai os comprava em Nisa, na única senhora que os produzia e que tinha uma receita que não partilhava com ninguém. Hoje em dia são um dos produtos da empresa "Sabores de Santa Clara", sediada em Portalegre, e que produz também bolachas artesanais, licores a partir de plantas naturais, um xarope de groselha e nozes e amêndoas tostadas no forno e levemente adoçadas posteriormente. Os produtos da casa são uma tentação. Consultem os "sites" www.rebucado.com e www.saboressantaclara.com. Estes produtos também estão à venda no Mercado da Ribeira.

 

 

Arco da velha

Na segunda-feira, Mário Soares disse que Cavaco Silva era salazarista, na quarta-feira afirmou que Sócrates era um preso político.

 

 

Ouvir

Fred Hersch é um dos grandes pianistas de jazz norte-americanos e podia dizer-se que ele é um mestre que não vai em modas. Normalmente, o seu trabalho é baseado num trio que, como aqui acontece, além dele próprio inclui o baixista John Hébert e o baterista Eric McPherson. "Floating" é a sua gravação mais recente e tem sete temas originais do próprio Hersch, dois standards ("You & The Night & The Music" e "If Ever I Would Leave You") e ainda um tema de Thelonious Monk, "Let's Cool One". Hersch gosta de baladas e não tem nenhum problema em utilizá-las como matéria-prima para o seu trabalho, como se percebe enquanto se vai ouvindo este disco. O tema de abertura, "You & The Night & The Music", é um exemplo do seu virtuosismo, com a mão esquerda a rasgar para além da melodia traçada pela mão direita. Destaque também para o tema-título "Floating", que é uma deliciosa balada, e para um tema dedicado a Esperanza Spalding, "Arcata", onde John Hébert demonstra no seu baixo como a simplicidade pode ser a base da criatividade. O disco termina com o clássico "If  Ever I Would Leave You" e com o tema de Monk, "Let's Cool One", ambos demonstrações perfeitas do que pode ser o entendimento entre três músicos que vivem e sentem a mesma música. CD Palmetto, na Amazon.

 

 

Ver

Hoje quero chamar a atenção para duas exposições que abrem proximamente. A primeira vai ser uma curtíssima oportunidade de rever o trabalho que a fotógrafa portuguesa Pauliana Valente Pimentel fez na Grécia, inicialmente exposto em Lisboa em 2013. Sob o título "Jovens de Atenas", a que pertence a imagem que ilustra esta nota, a fotógrafa documenta o sentimento vivido em Atenas em 2012, no auge da crise económica e política do país. A propósito das eleições gregas que decorrem neste fim-de-semana, a Galeria das Salgadeiras (Rua da Atalaia 12-16) faz a reposição desta exposição, durante três dias, deste Domingo até dia 28. E no Domingo, entre as 18 e as 21, a autora estará disponível para um debate com convidados sobre esta sua obra. A outra exposição inaugura para a semana na galeria Belo-Galsterer (Rua Castilho 71). Trata-se da colectiva "Paperworks II  Para Além do Desenho", que inclui obras de Alexandre Conefrey, Antje Weber, Ernesto de Sousa, Juliane Solmsdorf e Pedro Calapez. A partir do próximo dia 29.  

 

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