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13 de Dezembro de 2013 às 09:55

A esquina do Rio

Rui Rio bateu esta semana o recorde nacional de juras de não querer ganhar protagonismo na política.

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Back to basics

Servir música ao jantar num restaurante é um insulto, tanto para o cozinheiro como para o violinista. G.K. Chesterton

 

 


L'État c'est moi?
Rui Rio bateu esta semana o recorde nacional de juras de não querer ganhar protagonismo na política. Quis o acaso que estivesse presente em várias iniciativas, desde uma plataforma que as más línguas dizem ser a sua rampa de lançamento para outros voos, até um almoço-conferência na Associação 25 de Abril, onde lançou pequenas bombas como esta: "Temos de acabar com isto de as medidas irem sempre ao Constitucional", aproveitando para criticar a opacidade da justiça, a vários níveis, e o seu envolvimento na política. Não contente com esta auto-proclamada ausência de posicionamento político, não se coibiu também de sublinhar que admitia a possibilidade de eleições primárias, nos partidos, para escolha do candidato a primeiro-ministro, à semelhança do sistema norte-americano. Embora reafirmando sempre não ter ambições políticas, não deixou de dizer que o poder político é eleito para defender o interesse público, sublinhando que, na sua opinião, ao longo dos últimos 40 anos, o poder político tem vindo a ficar cada vez mais refém de interesses sectoriais e corporativos. Aguarda-se com curiosidade o desenrolar de novos episódios deste "reality show", mas uma coisa é certa: nada de novo no horizonte - Rio é mais um a dizer uma coisa e a fazer outra.

 

 


Dixit

"Eu sou a deputada mais famosa do Parlamento Europeu (...) Há outros que ninguém sabe quem são." Edite Estrela

 

 


Semanada

• Crimes sexuais vitimam cinco menores por dia, a maioria é abusada por familiares e tem idades entre os 8 e 12 anos  três agentes da PSP foram agredidos numa discoteca gay do Porto quando tentavam terminar uma rixa  uma investigadora portuguesa obteve um financiamento de 1,3 milhões de euros para um estudo sobre género e direitos sexuais na Europa  Ministério dos Negócios Estrangeiros foi atacado por hackers chineses que ofereciam a Rui Machete fotos de Carla Bruni nua  PSP investiu 300 mil euros em drones voadores, motos de água e um barco semi-rígido  novo código do trabalho reduziu salários em 2,3%  Banco de Portugal prevê novos aumentos salariais nos privados nos próximos anos  as mulheres ganham em média menos 16,2% que os homens na União Europeia  Passos Coelho anunciou recandidatura à liderança do PSD  Rui Rio participou numa reunião da plataforma Uma Agenda Para Portugal, que agrupa uma facção do PSD; 57% dos portugueses com menos de 24 anos pensam que o seu futuro passa pelo estrangeiro  o PIB da Islândia registou um crescimento de 6,1% no terceiro trimestre  José Sócrates vai integrar o Conselho Geral da Universidade da Beira Interior - "no fundo, é um filho da terra que é reconhecido em Portugal e no estrangeiro", afirmou o Presidente do Conselho Geral, Paquete de Oliveira.

 

 


Arco da velha

"Será que podemos realmente dizer que a crise ficou para trás quando há 12% da população activa sem emprego?" - interrogou-se Christine Lagarde no Parlamento Europeu, falando sobre os erros cometidos pelo FMI na aplicação de planos de austeridade.

 

 


Provar

Ao início, era apenas no Chiado. Depois a Brasserie de L'Entrecôte mudou de donos e estendeu o seu conceito a um total de seis restaurantes, mas manteve sempre inalterado o conceito: uma entrada de salada verde fresca com nozes picadas, seguida do único prato disponível - entrecôte fatiado, mal passado, a menos que se peça de outra forma, envolvido num saboroso molho Brasserie que leva 18 ingredientes, de ervas variadas a mostarda de Dijon - uma receita tradicional do Café de Paris, em Genéve. A acompanhar, batata frita feita na hora, aos palitos finos, e que é servida à descrição. Parece banal, mas a qualidade da carne e do seu corte, assim como o tempero certo do molho, tornam-se um pólo de atracção para carnívoros (embora os vegetarianos tenham à sua disposição um bife de seitan). Novidades são a sandwich de entrecôte, com o dito, o respectivo molho e rúcula, e a de salmão, em pão de cereais, com rúcula e queijo creme - ambas com a batata frita da casa. Ambas a 8,40 €. A carta de vinhos é variada e bem escolhida, e a cerveja, Sagres de pressão, é bem tirada e, cá para mim, é a boa escolha para o prato. A Brasserie de l'Entrecôte abriu agora nas Amoreiras o seu sexto restaurante, no corredor de restauração onde antes estava a cervejaria Portugália, que pertence aliás aos mesmos donos. Bom serviço, atento e ágil. O menu tradicional, acima descrito, fica por 18.95 €, a que se há-de juntar tudo o resto que for pedido. Ao almoço, em querendo, há um menu executivo, mais económico (12,90 €).

 

 


Gosto

"Desfado", de Ana Moura, ganhou o título de melhor disco de World Music do ano, atribuído pelo "Sunday Times". Esta semana saiu uma nova edição que inclui um CD extra gravado ao vivo.

 

 

Não gosto

A corrupção em Portugal está acima da média da zona Euro, revela um estudo da Transparency International.

 

 


Folhear

Só pela capa vale a pena reter esta edição do "British Journal Of Photography", um retrato assinado por Spencer Murphy, e que faz parte do levantamento do retrato na fotografia contemporânea, que é um dos pratos fortes deste número. Na série Projects há belíssimos exemplos de ensaios fotográficos, esse lado da imagem quase esquecido em Portugal: a nova classe média africana, placas fúnebres de cemitérios soviéticos, imagens de família, a Etiópia pós-colonial ou o lugar das pessoas nas cidades. Um pouco mais à frente, encontramos comunidades alternativas de skaters, invulgares mulheres madrilenas e marginais dos Balcãs. Mas o portfolio que mais me atraiu, a seguir aos retratos, foi o dedicado a fragmentos de multidões, instantâneos da vida moderna.

 

 


Ver

2013 fica marcado pela entrada em cena de uma estrutura privada, experiente em produção e promoção de espectáculos, na organização de exposições de arte de grande dimensão e com recurso a uma comunicação invulgar nesta actividade. Trata-se da Everything Is New, de Álvaro Covões, o responsável por numerosos concertos e festivais. A primeira experiência, bem conseguida na captação de públicos, foi feita com a exposição de Joana Vasconcelos no Palácio da Ajuda, que atraiu dezenas de milhares de visitantes. E agora, no Museu Nacional de Arte Antiga, dando corpo a uma parceria com o Museu do Prado, a mesma Everything is New empenhou-se em criar um acontecimento em "Rubens, Brueghel, Lorrain - A Paisagem Nórdica do Museu do Prado", que agrupa, até final de Março, seis dezenas de obras de referência do museu madrileno. A intensa cobertura mediática e a publicidade, invulgares em iniciativas de Museus do Estado, têm o bom sabor da ousadia e da novidade e, espera-se, poderão trazer ao Museu Nacional de Arte Antiga público um maior número que é habitual. Esta forma de trabalhar é a que pode proporcionar que novos públicos vivam a experiência da descoberta da Arte, que deixa de se esconder e se mostra sem complexos. Já agora, uma palavra também para o envolvimento de uma empresa portuguesa, a Artwear, responsável pelo merchandising da exposição, e que começa a ser uma referência até a nível internacional.

 

 


Ouvir
Entre 1973 e 1984, existiu um grupo, a Banda do Casaco, que marcou quase sempre o panorama musical de então com um equilíbrio inovador entre as influências da música tradicional portuguesa e a descoberta de sonoridades pop e contemporâneas e, sobretudo, a experimentação de palavras da língua portuguesa e a sua introdução invulgar na estrutura musical das canções, graças às letras de António Avelar de Pinho. A Banda do Casaco, percebe-se hoje ouvindo a sua obra, ajudou a que muito pouco tempo depois se voltasse a cantar em português e se conseguisse contar histórias musicais - que se fizessem canções, afinal. Pela Banda do Casaco passaram gerações de músicos de várias áreas desde os fundadores António Pinho, Luís Linhares, Celso de Carvalho e Nuno Rodrigues, a Carlos Zíngaro, Carlos Barreto, António Emiliano, Moz Carrapa, José Eduardo, Ramón Galarza, Vítor Mamede, Rão Kyao, Tó Pinheiro da Silva ou Zé Nabo, e vozes como Concha, Gabriela Schaaf, Cândida Soares, Helena Afonso ou Né Ladeiras, por exemplo. Durante esses anos, foram feitos sete LP's de originais, os dois últimos já sem a participação de António Pinho. Este ano, José Fortes, uma das referências da gravação sonora em Portugal, pegou no material que originalmente tinha gravado em fita e remasterizou-o digitalmente - e o resultado é muito bom. Do trabalho saíram duas edições distintas: duas caixas, que englobam os sete discos originais, um DVD de gravações ao vivo e um CD de inéditos diversos, profusamente acompanhado por livros que enquadram a edição e reconstituem a história da Banda do Casaco, e um CD compilação - "Banda do Casaco - 40 Anos de Som", que agrupa 16 dos mais significativos temas da história do grupo. A caixa é um exclusivo FNAC e Companhia Nacional da Música, a compilação está à venda por todo o lado, e com uma magnífica capa desenhada por Carlos Zíngaro e que aqui podem ver. É uma peça única para perceber como no final da década de 80 e, a partir daí, a música portuguesa evoluiu.

 

 

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