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18 de Outubro de 2013 às 10:01

A esquina do Rio

Nem sei de que me apetece falar - se do súbito interesse manifestado por Passos Coelho em conversar com José Eduardo dos Santos, se do facto de José Sócrates se afirmar como "o chefe democrático que a direita sempre quis".

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O investimento no conhecimento é sempre o que tem melhor rendimento. Benjamin Franklin

 

 

Políticas
Nem sei de que me apetece falar - se do súbito interesse manifestado por Passos Coelho em conversar com José Eduardo dos Santos, se do facto de José Sócrates se afirmar como "o chefe democrático que a direita sempre quis". Um amigo meu diz que ele deve ser ambidestro, mas, justiça seja feita, não será o único. Tenho de me render à evidência: o que se passa no reino da política, das decisões do Governo e do discurso da oposição partidária ou sindical, ultrapassa a minha capacidade de compreensão. Sei bem que há boa gente de um lado e do outro -, mas a forma como gerem a coisa pública e fazem o discurso político está a provocar danos profundos na capacidade de as pessoas compreenderem o que se passa e de se interessarem em ser parte da solução, em vez de contribuírem para o problema. Alguém no Governo tem de vir dizer que a culpa não é dos cidadãos que se iludiram com promessas, é de quem as fez e de quem - de todos os lados do espectro partidário - prometeu o que não se podia. As autárquicas deram o primeiro aviso de forma bem clara - os partidos já não controlam o que controlavam. Tudo isto vai levar a um desinteresse ainda maior das pessoas, dos eleitores - e a resignação é o pior que pode acontecer a uma sociedade: fica amorfa, sem energia, deixa de produzir, de estar atenta, de criar coisas novas. Estamos à beira de ficar um país de desinteressados, de deixar de pensar em estratégia, de deixar de inovar e surpreender. Vendemos - bem - paisagens e clima. Mas, em matéria de "startups", Portugal quase não existe - embora seja abundante em empresas em dificuldades. Gastamos recursos e energias a tentar salvar o passado em vez de construir o futuro.

 

 

Dixit
Foi você que pediu uma reforma do Estado? - Não vendemos, diz, no fundo, o Governo neste Orçamento.

António Costa Pinto, Politólogo

 

 

Semanada
Foi apresentado o Orçamento do Estado  no Conselho de Ministros extraordinário deste fim-de-semana, Paulo Macedo criticou a equipa do Ministério das Finanças  a taxa adicional de 3,5% sobre o IRS, introduzida por Vítor Gaspar, mantém-se no próximo ano  a contribuição para o audiovisual, cobrada na factura da electricidade e destinada a financiar a RTP, vai aumentar 18%  o IVA da restauração mantém-se a 23%  o Orçamento do Estado para 2014 prevê um aumento da receita, paga pelos contribuintes, de 612 milhões de euros  um mês após o início das aulas, ainda há escolas onde faltam professores  Vale e Azevedo é ajudante do padre nas missas da prisão da Carregueira e é o responsável pelas hóstias e o vinho usado na comunhão  José Sócrates lança o seu livro sobre a tortura na próxima semana  Mário Soares disse que António Costa é o melhor candidato do PS às presidenciais  nestas autárquicas, as câmaras municipais sem maioria absoluta quase duplicaram  muito curiosas as reacções à ideia de acabar com as subvenções vitalícias a políticos  em 2012, verificaram-se 1.076 mortes por suicídio e 121 mortes por agressão  no ano passado, verificou-se um aumento dos suicídios em pessoas acima dos 90 anos de idade.

 

 

Arco da velha

A Universidade de Coimbra tem em atraso, há vários anos, a entrega de mais de duas dezenas de milhares de diplomas de fim de curso aos alunos que já os pagaram.

 

 

Provar

Em Portugal, antes da adesão à União Europeia e das romarias estatais a Bruxelas, os mexilhões eram um petisco que se podia provar perto de Lisboa, tipicamente de cebolada, na zona de Sesimbra, sendo os bichos, na época, oriundos da lagoa de Albufeira. A adesão europeia tirou-nos a cebolada e trouxe-nos a descoberta das moules - os mexilhões feitos à maneira belga, com vinho branco, manteiga, salsa e natas e acompanhados por batatas fritas - as célebres moules marinières. Ao longo dos anos, vários restaurantes lisboetas abordaram o petisco, nomeadamente A Travessa, mas poucos com o saudável fanatismo dos "Moules &". Há uns meses, abriu em Cascais o "Moules & Gin", à boleia da moda do Gin que este ano acelerou e se tornou um ritual. Mas, como a bebida de excelência para o petisco do mexilhão é a cerveja, abriu agora em Lisboa, em Campo de Ourique, o "Moules & Beer". A particularidade é que as cervejas são maioritariamente belgas, mas também há holandesas e alemãs de várias qualidades e sabores; portuguesa, apenas a cerveja artesanal Sovina, já aqui louvaminhada em escrito anterior. Para fugir à norma, a prova recaiu em mexilhões à bulhão pato, que estavam bem, e em mexilhões Thai, temperados com lemongrass e gengibre, que estavam muitíssimo bem. As batatas fritas, aos palitos finos, são competentíssimas, mas quem quiser pode pedir uma pasta que fica no fundo do prato a embeber-se no molho. Quem não pode ou não quer comer mexilhões, tem à disposição um naco da vazia fatiado, que acompanha com molho de mostarda e manteiga de alho - e vem com as mesmas batatas fritas.

O telefone é o 213 860 046 e a morada é Rua 4 de Infantaria 29 D, logo a seguir ao Jardim da Parada.

 

 

Gosto

Chegou a época das romãs e dos dióspiros.

 


Não gosto

Google quer vender fotos e informações dos seus utilizadores para fins comerciais.

 

 

Folhear

A edição de Novembro da "Wired" britânica é dedicada às melhores "startups" europeias (num sentido bastante alargado do continente) que se desenvolvem naquelas que a revista considera serem as dez melhores cidades em termos da economia digital - Londres, Moscovo, Berlim, Estocolmo, Paris, Helsínquia, Tel Aviv, Istambul, Amesterdão e Barcelona. Em cada uma são apontados vários exemplos de "startups", já em funcionamento. Voltemos à edição - um dos outros pontos de interesse é a entrevista com Astro Teller, o homem que dirige o laboratório da Google, onde são desenvolvidos os projectos mais arriscados, como os carros sem condutor. Com um design gráfico mais rasgado e aberto que a sua congénere norte-americana (aliás, a edição original), esta "Wired" feita no Reino Unido ganhou agora o prémio de Marca do Ano em Media. Além de temas ligados à tecnologia e aos negócios à volta da tecnologia, esta "Wired" dedica bastante atenção ao design e às suas tendências em termos industriais. Para terem uma ideia da latitude de temas da revista e da forma como cruzam influências, a conferência "Wired 2013", que decorreu esta semana, teve oradores como a cantora Björk, o pianista Lang Lang, um dos fundadores do "Huffington Post" e do "Buzzfeed", vários professores do MIT, neurocientistas, entre cerca de três dezenas de palestrantes - numa iniciativa patrocinada em Londres pela Telefónica espanhola. Além de numerosas notas sobre novos gadgets, a revista explora as diferentes formas como o dinheiro pode girar no futuro nas transacções electrónicas e debate questões como esta: "Os professores devem recompensar as respostas certas ou as boas perguntas?".

 

 

Ou(ver)
Há discos que deixam marca. Discos que não esperavam, sons que não tínhamos pensado poder coexistir. Amália cantou com Alain Oulman ao piano e há imagens de Augusto Cabrita que testemunham esses momentos de encontro marcante que, aliás, mudaram para sempre a carreira de Amália. O Fado toca--se com guitarra -, mas o desafio de Júlio Resende foi o de mostrar como o piano também pode ser fadista - tal como Oulman tinha já apontado. Resende vem - e é - do jazz, mas tem uma tradição de interpretar temas da música popular portuguesa - com uma sensibilidade rara. "Amália, por Júlio Resende" é um disco inesperado. E é cativante: não se lhe consegue resistir, é impossível conter a emoção quando ele começa a tocar o "Ai Mouraria" ou "Barco Negro" ou "Foi Deus". Mas há um momento, acima de todos os outros, que tem uma força e uma capacidade de atracção especial: quando o piano de Resende se junta à voz de Amália a cantar o "Medo", um fado de Reinaldo Ferreira e Alain Oulman, gravado em 1966 e editado pela primeira vez em 1997, no álbum "Segredo". A tecnologia tem destas coisas - consegue juntar no mesmo espaço dois momentos tão diferentes - três, se contarmos com o trabalho atrevido e audaz de Pedro Cláudio (que assina também as fotos e o grafismo do disco), na edição de um videoclip que junta os dois tempos, a voz e o piano. Vejam-no, porque é absolutamente imperdível - basta irem ao YouTube e procurarem Júlio Resende - O "Medo" é o primeiro a aparecer. (CD Edições Valentim de Carvalho).

 

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