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27 de Fevereiro de 2013 às 00:01

O longo prazo

No seu discurso sobre o Estado da União de 12 deste mês, Barack Obama voltou à ideia de um pacto entre a potência comercial americana e a potência comercial europeia (responsáveis por quase metade do PIB do mundo e por um terço do comércio internacional); no dia seguinte, José Manuel Barroso acolheu a sugestão com entusiasmo; altos funcionários dos dois lados deram-se dois anos para negociarem tal arranjo.

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(Para o qual só valerá a pena planear se o dono do cavalo não deixar o animal morrer de fome por o querer habituar a viver sem comer - isto é, se houver quem tenha coragem de bater o pé à Alemanha e moderar austeridade suicida. Um grande se para chefes de vistas curtas e corações pequenos, mas enquanto há vida – e morte política - há esperança). 


No seu discurso sobre o Estado da União de 12 deste mês, Barack Obama voltou à ideia de um pacto entre a potência comercial americana e a potência comercial europeia (responsáveis por quase metade do PIB do mundo e por um terço do comércio internacional); no dia seguinte, José Manuel Barroso acolheu a sugestão com entusiasmo; altos funcionários dos dois lados deram-se dois anos para negociarem tal arranjo. Um pacto transatlântico, quase um espaço económico único constituído pela União Europeia e os Estados Unidos da América, é ambição antiga de espíritos lúcidos dos dois lados do Atlântico. O excelente desempenho dos europeus desde que se dotaram do seu mercado interno – transformando-se com ele na maior potência comercial do mundo – tornaram o projecto ainda mais apetecível do que era antes. Os laços comerciais, económicos e financeiros entre os dois blocos são os mais intensos e variados entre quaisquer dois pólos geopolíticos do mundo, desbravando assim muito caminho para um acordo formal. Tradicionalmente, tem havido resistências localizadas (alguns interesses seriam prejudicados; alguns – poucos - sectores teriam de ser guardados para discussões ulteriores), mas a concorrência da China e de outras potências emergentes, a necessidade de fazer crescer a economia e de combater o desemprego, esporeiam governantes dos dois lados do Atlântico.

Se o projecto for finalmente por diante e se se continuar a manter a OTAN em boa forma, o que se chamava dantes o Ocidente conhecerá ainda muitas décadas de bem-estar e segurança. A OTAN metia tanto respeito a Moscovo que ganhámos a Guerra Fria sem dar um tiro e, desde então, sempre que precisamos de uma presença militar séria em zaragatas de terceiros para defender interesses nossos, vai chegando para as encomendas. É a mais forte aliança militar do mundo.

Frente transatlântica em economia e segurança agradaria aos pais fundadores. Benjamin Franklin e Jefferson foram embaixadores em Paris; Jean Monnet (inventor da maneira de pôr em prática a ideia da Europa) aconselhou Roosevelt durante a guerra de 39-45.

(Entretanto, eleições deixaram a Itália ingovernável. Populistas triunfantes acusam Monti de lacaio de Merkel. Por causa das catástrofes de 14-18 e 39-45 a construção europeia foi concebida para tentar resolver em paz a questão alemã. Até ao fim da URSS e à reunificação da Alemanha tudo ia bem, depois as coisas azedaram com as desventuras do euro. Em Berlim, Helsínquia, Haia, Viena, Bruxelas-Europa, campeões da austeridade gostariam de demitir os povos - do sul - e eleger outros. Mas, como Berthold Brecht sabia, tal não é possível).

Embaixador

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