A hora da Europa
Tenho de conceder que, pelo menos desta vez, embora enleada nos seus compromissos internos e presa dos seus preconceitos, a Chanceler Merkel conseguiu assumir, com coragem, a liderança da EU.
Tenho de conceder que, pelo menos desta vez, embora enleada nos seus compromissos internos e presa dos seus preconceitos, a Chanceler Merkel conseguiu assumir, com coragem, a liderança da EU.
A coligação que nos tem governado quis marcar terreno e, quando se esperava uma proposta de programa de governo limitou-se a apresentar um conjunto de generalidades que remetem para a continuidade do que foi a sua actuação nestes quatro anos.
A principal e imediata vantagem do projecto do PS é provar que, sem pôr em causa o sistema, há uma via e uma mão-cheia de propostas e de medidas alternativas. Com isso o PS pôs, decididamente, a discussão do seu programa na agenda política.
Ainda a tinta estava fresca e já lançavam sobre ele raios e coriscos. Tanto reclamaram a publicitação das propostas do PS mas, mal ela saiu, não resistiram em lhe cair em cima ameaçando com uma réplica das sete pragas do Egipto.
Tenho a sensação de que o País político está parado à espera que aconteça. Não mais um facto, um esquecimento providencial, uma lista que não existe mas sai na comunicação social, um imposto que não se paga, candidatos presidenciais que vão fazendo prova de vida...
As coisas estão a acontecer sem que tenham ocorrido sobressaltos de maior. Os portugueses têm mantido a calma perante as notícias que nos últimos meses podiam ter abalado a sua confiança no sistema financeiro em geral e, em particular, no sector da banca.
A Europa integrada está diferente, muito distante do humanismo que a criou, colada a uma versão economicista dos interesses poderosos que movimentam o Mundo sem ética nem preocupações quanto ao futuro da Humanidade.
Pobre Europa atormentada por várias crises de natureza diferente, sem saber para onde se virar. Esta é a consequência grave de todos terem estado sentados em cima da sua indiferença, acreditando numa calma aparente e procurando encontrar soluções extravagantes para problemas complexos e envolvendo enormes riscos.