Opinião
No próximo ano em Jerusalém
David Friedman, o embaixador de Trump em Israel, conta mudar em 2017 a representação diplomática dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém e apoiar a construção sem restrições de colonatos judaicos em território palestiniano.
Será um passo para ignorar decisões do Conselho de Segurança da ONU, aprovadas graças a votos a favor ou abstenções de anteriores administrações republicanas e democráticas, que marcaram uma clara distinção entre o estado de Israel nas fronteiras anteriores à guerra de 1967 e os territórios ocupados posteriormente.
A construção de colonatos iniciada pelo primeiro-ministo trabalhista Levi Eshkol imediatamente após a Guerra dos Seis Dias e prosseguida pelos demais governos israelitas representa actualmente um dos contenciosos mais intratáveis do conflito entre judeus e palestinianos.
Nos Montes Golã, conquistados a Damasco, contam-se mais de 20 mil colonos e pela posição estratégica para controlo do Norte e Nordeste de Israel, Mar da Galileia e Sudoeste da Síria, é presentemente impensável uma alteração do status quo e a questão está adiada sine dia.
Na Cisjordânia e Jerusalém Oriental a população judaica ultrapassa o meio milhão e as cidades e colonatos isolados inviabilizam trocas territoriais com um estado palestiniano independente essenciais para um acordo que terá também de incluir, além de garantias mútuas de segurança, o estatuto de retorno de refugiados e controlo de recursos hidrícos.
Neste impasse a derradeira resolução do Conselho de Segurança, aprovada este mês com a abstenção de Washington, abre caminho para adopção de sanções comerciais e económicas a empresas e entidades estabelecidas nos territórios ocupados e propicia a abertura de processos da Autoridade Palestiniana contra dirigentes israelitas no Tribunal Penal Internacional.
A hostilidade entre islamistas do Hamas, senhores da Faixa de Gaza, e a heteróclita Autoridade Palestiniana, sediada na Cisjordânia e liderada por Mahmoud Habbas em conflito com facções lideradas por Mustafa Barghouti, Jibril Rajub, entre outras, além dos seguidores de Marwan Barghuti (detido em Israel), limita, contudo, a capacidade de manobra política dos palestinianos.
A eventual eclosão de nova Intifada à revelia das lideranças do Hamas e da Fatah ou o desencadear de vagas de atentados terroristas cimentará a intransigência de Benjamin Netanyahu, cada vez mais dependente desde que retomou a chefia do executivo em 2009 dos extremistas de direita e partidos religiosos,
O desmantelamento dos colonatos da Cisjordânia (Judeia e Samaria, na terminologia judaica) e Jerusalém Oriental está, portanto, fora de questão dada a sua dimensão e contiguidade territorial tanto mais que a totalidade da população judia no Levante se queda pelos 6,3 milhões.
A paz com o Cairo levou a que os colonatos da península do Sinai com cerca de 3 mil habitantes tenham sido abandonados em 1982, na sequência do acordo de 1979 entre Menachem Begin e Anwar Sadat, e, em 2005, a retirada unilateral da Faixa de Gaza decidida por Ariel Sharon obrigou ao realojamento de aproximadamente 8 mil colonos judeus. Para a maioria dos judeus israelitas está por provar que, em especial no caso de Gaza, a segurança tenha saído favorecida.
Acresce que, apesar da virulência das polémicas e desaforos públicos entre Obama e Netanyahu, o apoio militar dos Estados Unidos foi reforçado pelo pacote de auxílio militar de 38 mil milhões de dólares até 2026 acordado em Setembro deste ano. No próximo ano em Jerusalém, quando na desordem do Médio Oriente Netanyahu tentar levar Trump a reavaliar o acordo nuclear com Teerão, uma coisa é certa: a questão palestiniana estará de volta.
A construção de colonatos iniciada pelo primeiro-ministo trabalhista Levi Eshkol imediatamente após a Guerra dos Seis Dias e prosseguida pelos demais governos israelitas representa actualmente um dos contenciosos mais intratáveis do conflito entre judeus e palestinianos.
Na Cisjordânia e Jerusalém Oriental a população judaica ultrapassa o meio milhão e as cidades e colonatos isolados inviabilizam trocas territoriais com um estado palestiniano independente essenciais para um acordo que terá também de incluir, além de garantias mútuas de segurança, o estatuto de retorno de refugiados e controlo de recursos hidrícos.
Neste impasse a derradeira resolução do Conselho de Segurança, aprovada este mês com a abstenção de Washington, abre caminho para adopção de sanções comerciais e económicas a empresas e entidades estabelecidas nos territórios ocupados e propicia a abertura de processos da Autoridade Palestiniana contra dirigentes israelitas no Tribunal Penal Internacional.
A hostilidade entre islamistas do Hamas, senhores da Faixa de Gaza, e a heteróclita Autoridade Palestiniana, sediada na Cisjordânia e liderada por Mahmoud Habbas em conflito com facções lideradas por Mustafa Barghouti, Jibril Rajub, entre outras, além dos seguidores de Marwan Barghuti (detido em Israel), limita, contudo, a capacidade de manobra política dos palestinianos.
A eventual eclosão de nova Intifada à revelia das lideranças do Hamas e da Fatah ou o desencadear de vagas de atentados terroristas cimentará a intransigência de Benjamin Netanyahu, cada vez mais dependente desde que retomou a chefia do executivo em 2009 dos extremistas de direita e partidos religiosos,
O desmantelamento dos colonatos da Cisjordânia (Judeia e Samaria, na terminologia judaica) e Jerusalém Oriental está, portanto, fora de questão dada a sua dimensão e contiguidade territorial tanto mais que a totalidade da população judia no Levante se queda pelos 6,3 milhões.
A paz com o Cairo levou a que os colonatos da península do Sinai com cerca de 3 mil habitantes tenham sido abandonados em 1982, na sequência do acordo de 1979 entre Menachem Begin e Anwar Sadat, e, em 2005, a retirada unilateral da Faixa de Gaza decidida por Ariel Sharon obrigou ao realojamento de aproximadamente 8 mil colonos judeus. Para a maioria dos judeus israelitas está por provar que, em especial no caso de Gaza, a segurança tenha saído favorecida.
Acresce que, apesar da virulência das polémicas e desaforos públicos entre Obama e Netanyahu, o apoio militar dos Estados Unidos foi reforçado pelo pacote de auxílio militar de 38 mil milhões de dólares até 2026 acordado em Setembro deste ano. No próximo ano em Jerusalém, quando na desordem do Médio Oriente Netanyahu tentar levar Trump a reavaliar o acordo nuclear com Teerão, uma coisa é certa: a questão palestiniana estará de volta.
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