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Fundos europeus nas mãos dos deputados? Ui!

Abro a televisão, e assisto ao histerismo que toma conta do regresso às aulas, e em que se esgrimam estudos sobre quão contagiosos são os pequenos gremlins, conforme a opinião de quem os cita, e pergunto-me: mas porque será que esta gente só tem medo do contágio na escola?

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Três reflexões de praia que esta semana potenciaram a minha vontade de comer bolas de Berlim.

1. O pedido de Durão Barroso de que se crie uma comissão parlamentar para fiscalizar a aplicação dos fundos europeus. Cá para mim seria meio caminho andado para paralisar o auxílio financeiro às empresas logo à nascença. Estou já a ver as discussões intermináveis e infrutíferas sobre se o projeto candidato respeita a diversidade de género, obedece às quotas, protege cães e gatos, ou se no parecer dos senhores deputados a empresa deveria antes ser obrigada a produzir granolas, porque viram um post no Facebook a denunciar a exploração intensiva da azeitona. Se Durão Barroso quer uma comissão para garantir que o dinheiro que nos calhou em sorte não se esfuma sem deixar rasto, e parece-me muito avisado, então que haja a coragem de contratar uma consultora internacional, profissional e sem ideologia. Isso é que era.

2. Oiço a pergunta ancestral que ensombra os dias de férias de tantos homens: porque é que as mulheres passam a primeira metade do casamento a tentar “melhorar” a criatura que lhes calhou em sorte, e a outra metade a queixarem-se de que já não é a pessoa por quem se apaixonaram?

Meia hora a espiar os toldos vizinhos (e o meu!) chega para confirmar a verdade da primeira parte da equação. Confirmo que o exército feminino educa maridos e filhos por igual: “Já puseste o creme?”, “Só comes a bola depois de vir da água!”, “Não sabes estender uma toalha sem a encher de areia?”, “Vê lá onde arrumas as chaves do carro, que ainda as voltas a perder”, “Larga o telemóvel”. E eles, os maridos e os filhos, reagem de forma idêntica, protestam, refilam, mas acabam por ceder, garantindo que é só para não as ouvir. As infelizes ripostam, irritadas, com um “É para o teu bem”, lamentando a ingratidão por quem se esmifra no papel de esposa/mãe vigilante e abnegada, incansavelmente dedicada a melhorar a espécie humana.

Segunda parte da equação — “E depois queixam-se de que ele já não é o homem por quem se apaixonaram”. Queixam-se, e com razão. Pudera tinham um namorado, e saiu-lhes mais um filho, há coisa que possa arrefecer mais a paixão e a libido?! De quem é a culpa, terá de ficar para um próximo episódio, porque já sinto a hipoglicémia a exigir uma nova dose de açúcar.

3. Observo a chusma de gente sentada na areia à minha volta e que toma banho no mar à minha frente. Grandes e pequenos, libertos da máscara, conversam e saltam nas ondas, fazem castelos e brincam — felizmente — com os meninos da poça ao lado, trocando alegremente baldes e pás. Mais tarde, vejo as esplanadas cheias e os corredores do supermercado com cada vez mais gente, e fico contente que a vida regresse aos poucos ao normal. Até se deitam foguetes porque vêm ai finalmente os ingleses. Chego a casa, abro a televisão, e assisto ao histerismo que toma conta do regresso às aulas, e em que se esgrimam estudos sobre quão contagiosos são os pequenos gremlins, conforme a opinião de quem os cita, e pergunto-me: mas porque será que esta gente só tem medo do contágio na escola? A mesma que no dia seguinte a acabar o ano letivo, abriu para acolher alegremente os ATL? Ultrapassa-me.

 

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