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Quem quer o poder?

Rio quer conquistar o centro político e o eleitorado que vai oscilando entre o PS e o PSD consoante as suas necessidades de segurança económica e social.

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Para se conquistar o poder qualquer partido tem de conseguir uma intensidade dramática que fique na memória dos eleitores. E tem de contar com um Governo onde ministros e secretários de Estado vegetem, sem nunca terem conseguido o efeito fotossíntese. A chave para se conseguir o poder é montar um espectáculo digno de um "reality-show": é fundamental que o interesse dos espectadores não decaía. Cada episódio tem de ser mais interessante do que o anterior. Um partido de oposição que deseja ser Governo ou aposta nisso ou espera que o Governo desfaleça por cansaço. O PSD sofre a síndrome de abstinência do poder. Acontece-lhe o mesmo que ao PS quando está alguns anos fora de São Bento. Por isso a agitação interna contra Rui Rio é tão intensa: parece mesmo uma máquina de lavar roupa quando está a centrifugar. Rui Rio tem, há muito, outra táctica. Não montou um "reality-show" (como elementos como Carlos Abreu Amorim gostam de fazer, como se viu nas suas infelizes comparações, a propósito dos incêndios, entre Portugal e a Grécia, e onde, claro, esqueceu a Suécia). Rio acha que, para chegar à liderança do país, há que falar direito ao coração. Porque na política as emoções contam. E, como nas redes sociais, o discurso pessoal é, agora, o que rende "likes".

 

A entrevista à TVI foi reveladora deste estilo de liderança que não é habitual em Portugal. Nem na Europa (basta olhar para o lado, para Espanha, e ver quem surge como o sucessor de Mariano Rajoy no PP). Rio quer conquistar o centro político e o eleitorado que vai oscilando entre o PS e o PSD consoante as suas necessidades de segurança económica e social. Por isso disse que não se demite se os resultados das eleições europeias não forem bons. Porque há legislativas poucos meses depois e, no fundo, os partidos ainda não são clubes de futebol: uma "chicotada psicológica" não muda o desempenho de um dia para o outro. Só que a lógica de "seriedade" de Rio choca contra a política de arritmia constante destes dias. Conseguirá convencer os portugueses?

 

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