Opinião
Passos Coelho e os Reis Magos
Passos Coelho, segundo dizem, anda a percorrer Portugal em busca dos seus apoiantes. Vai necessitar dos depósitos de gasolina que os carros do filme "Mad Max" costumavam trazer como reforço.
Claro que um dia descobrir, ao olhar para o retrovisor, que ninguém o segue. Mas, entretanto, vai recebendo palmadas nas costas dando-lhe a confortável ilusão que ainda manda alguma coisa. Enquanto isso espera que o Diabo surja numa qualquer esquina e os Reis Magos lhe ensinem como deve seguir a estrela de Belém. Seja como for, no meio da sua digressão nacional, Passos Coelho esqueceu-se de que o PSD está dependente de uma decisão sua: quem é o candidato a Lisboa? A notícia plantada de que o PSD está a pensar apoiar a candidatura de Assunção Cristas revela a fragilidade da posição do líder do partido. Aliás, começa a ser difícil adivinhar que no silêncio de Passos exista alguma estratégia genial, digna de Napoleão, ou sequer alguma táctica bebida de Donald Rumsfeld tendo em vista a surpresa total com "choque e temor". Nada disso. É clara a derrota de Passos em Lisboa. E no Porto.
A menos que o plano político-militar de Passos Coelho passe por perder Lisboa e Porto e defender que a culpa foi do Diabo e dos Reis Magos, não se percebe do que está à espera. Não admira o nervosismo latente que se vislumbra nas tropas lisboetas do partido. E então se forem levadas a apoiar Assunção Cristas em troca de coisa alguma o caldo estará definitivamente entornado. Não deixa de ser curioso como Passos está a ser o maior aliado de Fernando Medina, de Manuel Salgado e de Sá Fernandes. Seria a estes Reis Magos que ele se estaria a referir? Não apresentando uma candidatura forte, o PSD está na prática a entregar nas mãos destes três o destino da capital, depois de tantos erros cometidos pelos autarcas que tornaram Lisboa um local idílico para turistas e um inferno para lisboetas. É uma cruel ironia do destino. Lisboa merecia uma eleição a sério. Talvez algum Rei Mago ainda indique o caminho a Passos.