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As duas versões da globalização

Xi Jinping é hoje a voz mais audível da globalização económica, contra os princípios mais proteccionistas da administração Trump. O acordo comercial entre EUA e China irá alterar algo?

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Há muitos anos que é impossível comer um bom bife de carne americana na China. No caso desde 2003, quando a crise das "vacas loucas" levou Pequim a proibir a importação de carne dos EUA. Por isso, vendedores norte-americanos e compradores chineses estarão felizes com os acordos comerciais feitos entre os dois países, que permitirão as exportações de carne, gás natural e outros produtos americanos ao mercado chinês, assim como o acesso ao mercado financeiro chinês por parte de empresas americanas. O acordo surge na sequência dos encontros entre Donald Trump e Xi Jinping que deverão permitir a redução do enorme défice comercial dos EUA face à China (que atingirá os 350 mil milhões de dólares) e que havia sido uma das bandeiras de campanha eleitoral do Presidente americano. Nas sombras há um outro acordo menos visível: a garantia de que se a China pressionar a Correia do Norte, os americanos não levantarão mais a questão da "manipulação" do renminbi. A exportação de gás natural americano deverá permitir à China reduzir a sua dependência do carvão e combater a contaminação atmosférica que afecta o país. Por outro lado, empresas como a Visa e a Mastercard poderão vir a agilizar as licenças para providenciar cartões de crédito aos chineses, num sector onde a empresa chinesa UnionPay tem um regime de quase monopólio. Como contrapartida, Pequim conseguiu que os EUA abram as portas às importações de carne de frango cozinhada.

 

Não deixa de ser curioso que este acordo surge no momento em que Xi Jinping surge como o campeão da globalização e foi o anfitrião do fórum internacional que decorreu em Pequim para discutir a "Belt and Road Initiative". Grande beneficiária da globalização, a China tem lutado arduamente contra o proteccionismo, princípio que é defendido por Trump. Os dois acontecimentos não são assim obra do acaso: a China quer trazer os EUA de Trump para o mundo económico sem fronteiras. E, para isso, oferece o ramo da paz, ou seja, o seu próprio mercado. No encontro estiveram Presidentes como Vladimir Putin, Rodrigo Duterte, Joko Widodo da Indonésia e Aung San Suu-Kyi. Portos, auto-estradas, caminhos-de-ferro e "pipelines" são as veias dessa enorme circulação. Resta saber como é que, apesar dos acordos, se concretizarão dois ideais, um deles claro: o do "America First" de Trump.

 

Coreia do Sul: um novo Presidente com um dilema a Norte

 

Foi num clima de rejeição do passado que os sul-coreanos elegeram Moon Jae-in para novo Presidente. Cansados de corrupção e desejando empregos estáveis, uma economia que possa crescer e um sistema de educação que possa ajudar o país a prosperar, colocaram no poder este antigo advogado dos direitos humanos e filho de refugiados norte-coreanos, que é conhecido pela seriedade e pragmatismo. Membro do liberal Pardito Democrático, Moon não é conhecido pelo seu carisma, mas aparentemente pode ser o contraponto ao descalabro que se seguiu ao afastamento, por corrupção, da Presidente Park Geun-hye. Nascido em 1953, pouco antes do fim da guerra da Coreia, Moon foi mais tarde um opositor estudantil do governo musculado de Park Chung-hee. Foi depois militar das forças especiais norte-coreanas, tendo sido treinado a poder saltar de pára-quedas atrás das linhas de defesa da Coreia do Norte. E quando as manifestações contra a Presidente Park começaram em Outubro ele esteve na linha da frente para que ela fosse deposta.

 

Na campanha defendeu reformas profundas na política, na economia e nas empresas. E, além disso, disse que poderá ser uma voz calma que possa trazer o líder norte-coreano à razão, em busca da paz na península.

 

A vitória de Moon é um desafio para os EUA. Desde logo porque ele já disse em público que a Coreia do Sul deve aprender a dizer "não" aos EUA e que Seul deve recuperar o controlo da crise e não permanecer como "turista" a ver como americanos e chineses resolvem a crise. Se já como for é imprevisível descobrir-se como é que agora o regime da Coreia do Norte reagirá, em termos concretos, a esta nova posição de Seul, numa altura em que a pressão internacional e as sanções poderão intensificar-se ainda mais.

 

China: vistos para São Tomé

 

O governo de São Tomé e Príncipe decidiu atribuir vistos de entrada a todos os cidadãos da China que pretendam visitar o arquipélago e isentar de visto de entrada e de permanência todos os chineses portadores de passaportes diplomáticos e de serviço. Esta decisão surge menos de um mês após a assinatura em Pequim do acordo geral e sectorial de cooperação sino-são-tomense na sequência do restabelecimento em Dezembro último de relações diplomáticas entre a República Popular da China e São Tomé e Príncipe, em detrimento de Taiwan. O governo de São Tomé e Príncipe tem defendido a promoção do turismo como forma de aprofundar a cooperação, nomeadamente através da concessão de facilidades aos chineses que demandem o arquipélago, bem como pela via do investimento nas infra-estruturas turísticas.

 

Macau: lucros do BNU

 

O Banco Nacional Ultramarino (BNU) em Macau, do grupo Caixa Geral de Depósitos, fechou o primeiro trimestre de 2017 com lucros de 168,4 milhões de patacas (21,05 milhões de dólares). Os lucros dos primeiros três meses deste ano representam um aumento de 9,6% em relação ao mesmo período de 2016. O BNU em Macau encerrou 2016 com lucros de mais 9,8% do que em 2015.

 

China: novo porta-aviões

 

A China completou a construção do seu primeiro porta-aviões feito totalmente no país. O novo navio deixou o porto de Dalian em finais de Abril e aumentará a capacidade chinesa de operar em águas fora de portas, nomeadamente no Sudeste Asiático, na África e no Médio Oriente. Referido como Type 001A, e ainda sem nome, só deverá estar completamente operacional em 2020. A China tem um outro porta-aviões, o Liaoning, que foi adquirido à Ucrânia em 1998. A China prevê construir mais quatro porta-aviões num futuro próximo. 

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