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Aliança entre a Turquia e o Qatar

A pressão económica dos Estados Unidos sobre a Turquia abriu espaço para que o Qatar, cercado pela Arábia Saudita, viesse em auxílio do seu aliado. Novas alianças se adivinham no Médio Oriente.  

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O confronto entre a Turquia e os Estados Unidos veio aproximar ainda mais todos os países do Médio Oriente que estão sob pressão de Washington. Desde logo o Qatar, sujeito a um bloqueio económico por parte da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, e que para evitar uma invasão teve de contar com o apoio firme das tropas turcas e do Irão. E a Turquia, porque, neste momento, está a ser sujeita a uma chantagem económica feita pela administração Trump, que tem muito que ver com a compra de mísseis à Rússia e às divergências por causa dos curdos.

 

Ou seja, todos estes países, outrora alinhados com Washington, procuram agora descobrir aquilo que os une face a um inimigo comum. Compreende-se assim melhor o anúncio de um apoio de 15 mil milhões de dólares do Qatar à economia turca e a ida do emir do Qatar, Tamim bin Hamad al-Thani, a Ancara, que abre espaço para novas ligações na região. Para lá da "carta chinesa", Recep Erdogan tem outros trunfos para fazer face às ameaças dos EUA. De acordo com fontes que têm acompanhado o processo de aproximação ainda mais forte entre a Turquia e o Qatar, os investimentos qataris serão direccionados para a banca turca e para os mercados financeiros. Além disso al-Thani terá confirmado que haverá investimentos directos na Turquia. Erdogan agradeceu ao Qatar e ao seu emir o apoio.

 

O reforço da cooperação militar foi outro dos tópicos do encontro entre al-Thani e Erdogan. A Turquia tem uma base militar no Qatar, que foi determinante na garantia da soberania do emirado face às ameaças militares de Riade. A Turquia tem, por outro lado, a convicção de que os Emirados Árabes Unidos tiveram uma mão por trás da tentativa de golpe de Estado de Julho de 2016. A complementaridade entre as duas economias também é importante: a Turquia tem uma forte economia exportadora e o Qatar muito dinheiro para investir. Esta aliança tem também muito que ver com a estratégia americana na região, que tem como fortes aliados Israel e a Arábia Saudita. Diz-se mesmo que o secretário de Estado, Rex Tillerson, caiu porque não alinhava nos planos sauditas para atacar o Qatar. Acresce a isso que hoje o Qatar e a Turquia têm boas relações com o Irão, algo que irrita Washington, mas que mostra que as alianças estão a modificar-se no Médio Oriente. Onde os EUA deixaram de fazer o papel de árbitro. Resta saber o que fará a União Europeia no meio de tudo isto.

 

Afeganistão: o jogo duplo americano

 

A guerra no Afeganistão parece esquecida. Mas continua lá, incandescente. Além de momentos de trégua e de ataques sangrentos e de uma luta lateral entre os talibã e o Estado Islâmico, surgiram notícias no mês passado de que Doha, no Qatar, tinha sido o palco de um encontro de representantes dos EUA e dos talibãs. Curiosamente não teriam participado no encontro representantes do Governo afegão. Embora depois os EUA tenham referido que estava em contacto permanente com o Governo de Cabul. Mas isto só demonstra que um qualquer processo de paz está a ser construído, na tentativa de pôr fim a um conflito que dura há décadas, sem sinais de parar, dada a diversidade de interesses e personagens envolvidas. Seja como for este encontro marca uma alteração substancial da política americana para o país que, até há pouco tempo, recusava qualquer diálogo com os talibãs. Uma das exigências destes é a retirada do país de qualquer força estrangeira. A outra é que negociará com os EUA, mas não com o Governo de Cabul, a que não reconhece legitimidade.

 

Os talibãs vêem-se como um governo à espera de ser colocado no poder e não como um grupo guerrilheiro. E negoceiam numa posição de força. Este encontro teve lugar poucos meses depois de o Presidente afegão, Ashraf Ghani, ter oferecido negociações sem condições com os talibãs. E a opção de estes se integrarem na sociedade afegã como iguais e como partido político. Só que os EUA parecem mais interessados em garantir primeiro os seus interesses. Um representante talibã declarou mesmo que "a única coisa que os americanos pediram foi que continuassem a ter bases militares no Afeganistão". Se isto for verdade confirma-se a ideia que as negociações entre talibãs e EUA são bilaterais, algo que foge à convicção da ONU que deveriam ser inter-afegãs. E por outro lado mostra que os EUA estão sobretudo interessados na sua presença militar e menos noutras coisas.

 

Estado Islâmico: ainda há combatentes

 

Desapossado do seu "califado", o Estado Islâmico ainda terá entre 20 mil e 30 mil combatentes na Síria e no Iraque, segundo um relatório da ONU. No seu auge, o EI teria cerca de 100 mil combatentes. Muitos dos que deixaram esta zona terão ido para o Afeganistão, onde confrontam os talibãs pela liderança da oposição ao Governo de Cabul. Haverá ainda cerca de 4.000 na Líbia e 500 no Iémen.

 

Macau/São Tomé: mais investimentos

 

A Macau Legend Development Ltd. poderá vir a investir em São Tomé e Príncipe, em particular nas infra-estruturas, agricultura e turismo, disse o presidente executivo da empresa, David Chow Kam Fai. A hipótese foi admitida por David Chow no final de audiências em separado com o primeiro-ministro Patrice Trovoada e com o ministro da Economia e Finanças, Américo Ramos, a quem manifestou o interesse da empresa que dirige em investir no arquipélago são-tomense, referindo-se aos projectos da construção de porto em águas profundas avaliados em cerca de 800 milhões de dólares e a modernização do aeroporto estimado em mais de 35 milhões de dólares. "O governo apresentou-nos um plano para o aeroporto e transportes aéreos e o projecto do porto em águas profundas como as prioridades do país", disse David Chow. A empresa está a investir cerca de 250 milhões de dólares na Praia, capital de Cabo Verde, na construção de um complexo turístico Gamboa/Ilhéu de Santa Maria, que inclui hotel, marina e casino.

 

Palestina: Israel liberta correio

 

Dez toneladas de cartas e encomendas que se destinavam a palestinianos, e que foram retidas por Israel, foram finalmente entregues. Algumas estavam na posse israelita há oito anos. A maioria estava muito danificada devido ao longo tempo de retenção. Israel controla todo o serviço postal que entra ou sai de território palestiniano.

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