Opinião
A importância de Macau
A realização do Fórum do Livro de Macau em Lisboa mostrou mais uma vez a importância do território como ponte entre Ocidente e Oriente. Relembrando que Portugal deveria apostar mais em Macau.
Em Portugal, ciclicamente, dá-se muita atenção a Macau. Hoje sobretudo por razões económicas. Mas esse fascínio muito interesseiro, porque não integra qualquer estratégia política e cultural mais vasta, esvai-se sempre quando se confronta com acontecimentos que não fazem parte do interesse imediato de alguns. O Fórum do Livro de Macau em Lisboa, que se realizou nas últimas duas semanas em Lisboa, numa magnífica iniciativa de Rogério Beltrão Coelho e Cecília Jorge, clarificou este duplo discurso. Se para a China, Macau é hoje uma plataforma giratória perfeita para a sua conexão com os países de língua oficial portuguesa, para Portugal continua a ser um longínquo porto, onde se fazem alguns negócios.
Beatriz Basto da Silva, que foi a primeira directora do Arquivo Histórico de Macau, talvez tenha definido perfeitamente o que resulta deste desencontro: "Se não conhecermos Macau e se Macau não conhecer Portugal, não nos amaremos." E acrescentou algo que muitas vezes é esquecido em Lisboa: "Macau é o farol da Europa no Extremo Oriente." É nessa ponte que Portugal deveria apostar. Mas continua a esquecer a vertente cultural, tal como não se lembra de muitas das ligações históricas que Portugal desenvolveu em terras asiáticas, da Tailândia ao Japão, e da Malásia a Singapura. A China, pelo contrário, sabe a importância da língua portuguesa dentro da sua estratégia global: neste momento há 33 universidades chinesas que têm licenciaturas de português.
E, no entanto, uma das grandes complicações do intercâmbio cultural entre a língua portuguesa e a chinesa é a da falta de tradutores, que vertam para ambos os idiomas o que se vai escrevendo em cada país (e em Macau). Ao longo de duas semanas foi possível ter uma ideia mais concreta deste mundo de encontros e desencontros que acabam também por clarificar melhor a sistemática falta de estratégia de Portugal face à zona de maior crescimento económico do mundo. E onde a vertente cultural, cimentada em cinco séculos de contactos próximos (e onde o português chegou a ser a língua franca até ao século XVIII), é frequentemente desprezada. Esta iniciativa, que se espera possa repetir-se no futuro, mostra que há em Macau oxigénio suficiente para que a ponte entre mundos seja alargada e que estes se possam conhecer melhor. Ultrapassando a barreira da língua e o encolher de ombros de Lisboa.
Líbia: estratégias no meio do caos
Enquanto no Líbano se procura a estabilidade, tendo sido eleito Michel Aoun como Presidente depois de dois anos de vácuo político, e Saad Hariri ocupando o lugar de primeiro-ministro, na Líbia o tempo continua a ser de caos. E este é um país essencial para que haja alguma calma na zona, tal como um Estado a funcionar ali seja fulcral para que a crise dos migrantes possa ser enfrentada de forma mais coerente. Mas o caos líbio é o preço a pagar pela decisão radical de os governos francês e inglês removerem Muammar Kadhafi, arrastando o país para o colapso político e para um território hoje governado por diferentes milícias. No final do ano passado, ingleses e franceses voltaram a impor as suas regras: com a cobertura da ONU afastaram o Governo de Abdullah al-Thani e foi colocado no poder em Tripoli um novo executivo chefiado por Fayez al-Sarraj. Mas a sua fragilidade é evidente.
A sua dificuldade para impor qualquer ordem é tal que muitas das decisões são tomadas por ele em Tunes, na Tunísia, onde prefere fazer as reuniões. Compreende-se porquê: grande parte da Líbia está hoje nas mãos de milícias (que oficialmente reconhecem o poder de Tripoli, mas apenas para terem acesso às reuniões com as potências ocidentais) ou do Daesh. Todos na realidade ignoram as decisões de al-Sarraj. Na prática este quase não tem poder militar. E quer o banco central quer o monopólio estatal de petróleo têm conflitos com ele. Ao mesmo tempo, ingleses e franceses, enquanto apoiam o Governo de Tripoli, têm forças especiais a apoiar o general Khalifa Haftar que tem o seu poder pessoal em Benghazi. E que não reconhece o executivo da capital líbia. Ou seja, o caos líbio assemelha-se a um jogo de tronos sem fim.
Macau: Wynn sofre prejuízos
A Wynn Macau, operadora de jogos, sofreu prejuízos de 8,6 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2016, apesar de as receitas terem subido 17% e da inauguração de um novo projecto em Agosto. Segundo o comunicado da empresa de Steve Wynn à bolsa de Hong Kong, onde está cotada, os dois casinos da Wynn (o que opera desde 2006 e o novo Wynn Palace, que abriu na faixa Cotai) tiveram receitas de 682,7 milhões de dólares entre Julho e Setembro. Refira-se que as receitas dos casinos de Macau subiram em Outubro, atingindo o valor mais alto desde Janeiro de 2015.
Egipto: aumento da gasolina
Os preços da gasolina aumentaram no Egipto na sexta-feira, depois de o banco central ter flutuado a moeda do país. A medida foi anunciada no quadro de várias reformas financeiras. O Governo de al-Sisi está a desenvolver um programa de austeridade e procura financiamento externo capaz de ir ao encontro das condições de 12 mil milhões de dólares do FMI. A flutuação da libra egípcia fazia parte da lista de medidas que eram pedidas pelos investidores e credores internacionais, mas tinha sido evitada por motivos políticos, devido às consequências dos aumentos de preços que daí decorreriam.
Qatar: estádios em construção
A FIFA ainda não decidiu quantos estádios terá o Qatar de construir para o Mundial de 2022 que se realizará no país. O torneio, que decorrerá em menos dias do que o habitual, deverá obrigar o Qatar a ter entre oito a 12 estádios com as condições definidas para um campeonato desta dimensão. Até agora foram anunciados oito estádios, cinco dos quais já estão a ser construídos: Al Rayyan, Khalifa International, Al Wakrah, Al Bayt Al Khor e Qatar Foundation. Outros três ainda estão na fase preliminar. Todos deverão estar construídos em 2020.