Opinião
A grande crise coreana
A península coreana defronta-se com várias crises. O poder da Presidente sul-coreana está a corroer-se e no Norte a loucura domina, com mais mísseis a ser testados.
A crise na península coreana continua a crescer. E os dados da equação são variados, desde o lançamento de mais um míssil pela Coreia do Norte ao assassinato do irmão mais velho de Kim Jong-un, Kim Jong-nam, num aeroporto da Malásia, e à profunda crise que vive a Coreia do Sul, adensada ainda mais com a detenção do herdeiro e de facto líder da Samsung, Lee Jae-Yong. Ou seja, a perturbação permanente encenada pela Coreia do Norte, depois da ditadura de Kim Jong-un, agrava-se com a fragilidade do poder na Coreia do Sul. O regime de Pyongyang continua decidido em tornar-se uma importante potência nuclear, com meio de atingir os seus declarados "inimigos".
O lançamento da base de Banghyon de um míssil que voou 500 quilómetros e que caiu nos mares do Japão é o último desafio às sanções e críticas internacionais. Calcula-se que o míssil lançado é uma versão melhorada do Musudan, podendo atingir mesmo a ilha de Guam, no Pacífico. Este desafio alia-se à morte, aparentemente por envenenamento, de Kim Jong-nam, irmão do líder norte-coreano Kim Jong-un no aeroporto de Kuala Lumpur. Trata-se da morte mis importante desde a execução em 2013 de Jang Sing-thaek, tio do líder norte-coreano, e que era considerado o poder na sombra do país e que tinha fortes contactos com a China. Kim Jong-nam também tinha fortes contactos com Pequim e era visto na Coreia do Norte como uma alternativa a Kim Jong-un. Caiu em desgraça quando foi descoberto a tentar entrar em Tóquio em 2001 para ir visitar a Disneylândia e vivia grande parte do tempo em Macau.
Toda esta situação ocorre num momento particularmente frágil do poder na Coreia do Sul. Com a Presidente Park Geun-hye sob forte pressão para se demitir devido às suas ligações à sua confidente Choi Soon-sil, a detenção do herdeiro e real líder da Samsung, Lee Jae-Yong, acusado de suborno, adensa a crise política na Coreia do Sul. A Samsung tem uma capitalização bolsista que representa 1/4 do total das empresas do país e representa 20% das exportações da Coreia do Sul. Teme-se que os problemas na Samsung possam afectar seriamente a economia do país, onde é vista como um poder autónomo. A sua detenção é também um teste para a jovem democracia e para o poder judicial numa luta contra a corrupção que poderá envolver o Estado e os grandes conglomerados económicos do país. Ou seja, a situação na península é cada vez mais perigosa.
Vietname: na rota da União Europeia
A decisão de Donald Trump de retirar os EUA do acordo comercial Trans-Pacific Partnership está a ter consequências a nível de alianças, sobretudo na área económica, na Ásia. Compreende-se melhor algum estreitamento de relações comerciais com a China por parte de alguns países e, no caso do Vietname (que tem diferendos territoriais nas águas dos mares da China com Pequim), a busca de outros parceiros. Hanói, com a retirada do mercado americano de um acordo que poderia alavancar o seu necessário crescimento económico, tem receio das potenciais perdas: não só de comércio, mas também de crescimento e de investimento. É aqui que entra a União Europeia, com a qual o Vietname acordou um acordo de livre comércio que deverá entrar em vigor em 2018, depois de dois anos e meio de difíceis negociações.
A ideia, em Bruxelas, é que este acordo sirva de modelo para uma próxima negociação com os países da ASEAN, um mercado muito interessante para os países europeus e vice-versa. Para a UE este acordo com o Vietname tem uma lógica também política: o objectivo não é simplesmente permitir a importação de produtos baratos, que está muitas vezes na base do movimento antiglobalização e do proteccionismo populista que vai gerando na Europa. A UE deseja produtos de qualidade reconhecida. Para o Vietname, o acordo é também importante porque permitirá novas reformas económicas no seu país, já que o objectivo do pacto com a Europa requer que as empresas estatais não tenham privilégios face às privadas. A ideia é que o acordo aumente, em 2020, 50% as exportações do Vietname para a UE. No fundo trata-se de um primeiro passo para que a União Europeia e os países do Sudoeste Asiático se aproximem comercialmente. E politicamente.
Omã: Rouhani visita sultão Qaboos
O sultão Qaboos, líder de Omã, recebeu, em Muscat, Hassan Rouhani, o Presidente do Irão. Os dois dirigentes discutiram diferentes temas de interesse para ambos os países. O sultão Qaboos tornou Omã um centro de diálogo no dividido Médio Oriente, tendo sido palco de múltiplos encontros que permitiram acordos e a pacificação de conflitos entre nações divididas pela religião ou por interesses políticos diferentes. Omã sempre conseguiu manter um equilíbrio entre os seus dois importantes vizinhos, o Irão e a Arábia Saudita, que perseguem interesses diferentes na região.
Macau: FMI prevê crescimento
O FMI reviu as suas perspectivas de crescimento para Macau, colocando-as em 2,8% para 2017. A equipa do FMI que visitou o território concluiu que é visível uma recuperação forte da economia, e reconheceu que não há dívida pública e que existem reservas financeiras que permitem que Macau atinja os seus objectivos de desenvolvimento para uma economia mais diversificada. O FMI voltou a confirmar o seu apoio ao sistema de taxa de câmbio entre o dólar de Hong Kong e a pataca de Macau é bastante importante para o território. A organização também elogiou a qualidade do sistema financeiro de Macau.
Coreia do Sul: visita a Timor-Leste
O primeiro vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Lim Sung-nam, visitou Timor-Leste, tendo tido conversações com o MNE do país e também com o primeiro-ministro. Entre os temas em debate estiveram a economia, o desenvolvimento e as relações internacionais. Lim recordou que a Coreia do Sul deu especial apoio a Timor-Leste depois da sua independência. Ficou também acordado o reforço da cooperação na área da construção de portos e também de outras infra-estruturas.