Opinião
O marketing não tem futuro!
Tudo muda a cada instante. A cada nova necessidade de mercado, cria-se uma nova área. A cada nova tecnologia desenvolve-se uma nova forma de a rentabilizar na relação com o consumidor.
O futuro do marketing é o presente. Porque, para os marketeers, o "focus" mantém-se sempre: o consumidor (não enquanto comprador, mas como membro da marca), o cliente, o cidadão.
Em quase todas as áreas e profissões surge esta mesma questão: "O que será o futuro?". Futuro é algo que, cada vez mais, está (e se não está, deveria estar) no radar dos profissionais, uma vez que é lá que os negócios vão acontecer.
Curiosamente, e trabalhando há tantos anos na área de marketing, é raro ouvir-se uma discussão sobre este tema. Talvez porque tudo muda a cada instante e, a cada nova necessidade de mercado, se crie uma nova área ou, a cada nova tecnologia, uma nova forma de a rentabilizar na relação com o consumidor. O futuro do marketing é o presente! Porque será assim um "não" futuro? Porque, para nós, o "focus" mantém-se sempre: o consumidor (não como comprador, mas como membro da marca), o cliente, o cidadão.
Estaremos numa dimensão cada vez mais transparente, íntima e partilhada com a comunidade em geral e com a nossa tribo em particular. Um caminho longo, de grande insucesso perante as mudanças, mas o único que nos permite construir um marca. E que só é possível atingir olhando de fora para dentro (do mercado para a empresa) e não de dentro para fora, como é prática corrente do marketing.
Uma sociedade cada vez mais norteada pela posse de bens físicos dará lugar a uma comunidade onde a sustentabilidade, ética, responsabilidade e rigor serão críticas na decisão de a seguir. Seremos, assim, cada menos um "ser-humano", mas um ser humano que se preocupa, que participa e recomenda quem o faz.
A noção do tempo no marketing será cada vez mais correspondente à sua génese: a antecipação. Em tempo real, de forma integrada e multiplataforma. Nada de novo. Provavelmente um dia pagaremos muito mais para simplesmente um telefone fazer chamadas urgentes e não para saber onde estamos, tirar fotografias ou conversar. "Never say never"! E o futuro tudo permite.
O que pensamos sobre o profissional de marketing de hoje e sempre não mudou muito: um profissional que adora aprender, eticamente irrepreensível e centrado em encantar o cliente. Mas que precisa dominar muito mais que apenas o marketing. Para tudo isto aconselho a investir em "números" (analisar dados para decidir bem e conhecer as previsões), a alimentar a sua rede (offline e online) de uma forma coerente e ponderada, onde a rapidez de resposta será mais importante que a qualidade, que não cria produtos mas histórias, onde estes fazem parte e num constante trabalho de gestão e motivação do talento das suas pessoas.
Tomemos como exemplos a seguir para futuro duas figuras nacionais que, no passado e no presente, mostram muito do que foi e é o marketing. A primeira é Luiz Oliveira. Considerado um dos primeiros marketeers nacionais, foi um dos criadores do Mateus Rosé, marca que, até hoje, se estima que já tenha vendido mais de mil milhões de garrafas em todo o mundo. Foi - pasmem-se - o primeiro a colocar à venda um produto estrangeiro no território chinês, durante a liderança de Deng Xiaoping. A segunda referência, e mais atual, é Luís Rasquilha. O CEO da AYR Worldwide - TrendsInnovation é responsável por uma das maiores empresas de criação de tendências do mundo, estando na base da criação do "Global Trends Observatory", a maior rede mundial focada exclusivamente em Tendências e Mentalidades do Consumidor.
Penso assim que, até aqui, não se disse nada de novo, mas avisámos logo no título. Acrescentaria somente que vemos também, através deste nevoeiro do futuro, algo de muito básico, mas tão difícil de conseguir: uma obsessão equilibrada entre excelência profissional e família, entre tempo e intensidade do que vivemos e, num respeito sério pelo planeta, pelo local onde vivemos e por aquele que ainda não conseguimos fazer feliz. Isto é marketing.
Diretor da Licenciatura em Gestão de Marketing do IPAM
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico.