Esta semana, o ministro da Economia, Pires de Lima, defendeu, na Assembleia da República - no âmbito do debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2014 - que o empreendedorismo deverá ser uma disciplina de ensino obrigatório. O empreendedorismo vai ocupar o lugar da religião e moral. É o fim do latim e a glória dos anglicismos.

No debate, o ministro da Economia disse ser muito importante que os jovens, desde cedo, tenham formação na área do empreendedorismo.

Parece-me uma ideia jeitosa. Os alunos, na disciplina de Empreendedorismo, vão fazer o Miguel Gonçalves em barro. No ensino profissional, a disciplina Empreendedorismo é substituída pela disciplina Swag.

Cá estamos, de novo, perante esta ideia de que o "empreendedorismo" é o novo polegar oponível. É Darwin reescrito - os que sobrevivem são os mais empreendedores. O futuro da educação são alunos tão empreendedores que dispensam o professor e dão as aulas a si próprios.

Vamos lá ver se nos entendemos. Eu não quero os meus filhos com aulas de empreendedorismo. Eles já me dão trabalho que chegue, assim, com a iniciativa com que nasceram. Eu já fui a conferências de empreendedorismo e não quero os meus filhos a ouvir coisas como: "insiste na tua ideia. Não aceites um não. Nem dois". Etc. Não vão por aí. A única vantagem do empreendedorismo, na escola, é eu ter desculpa para não os ajudar no TPC.

Toda esta ideia é contraproducente. Se querem ensinar os miúdos o que é empreendedorismo, comecem por dificultar-lhes o acesso à disciplina. Obriguem os miúdos a preencher sete modelos diferentes das finanças, e a pedir dois pareceres, para poderem inscrever-se na disciplina. Se a ideia é criar uma super raça de empreendedores, convém criar adversários à altura: para que eles estejam preparados para tudo. Assim sendo, proponho que se crie uma disciplina de Burocracia. Melhor, uma Universidade da Burocracia. Depois, a Universidade do Empreendedorismo defrontava a Universidade do Burocracismo numa corrida de barcos a remos.

Na realidade - o empreendedorismo - não é nada. É o autocolante da Penélope (uma moda dos anos 80) dos nossos dias. A ideia de criar uma disciplina de Empreendedorismo - é o oposto do empreendedorismo. Estas pessoas não andam à procura de soluções, andam à procura de frases para fingir que encontraram soluções. Os discursos dos adeptos do empreendedorismo estão cheios de - "Input, know-how, feedback, mindset, winner". Como disciplina, são o Bullshitismo na Óptica do Utilizador.

Se querem pregar a nova era, comprem o Cinema Império e façam lá as missas do empreendedorismo e dos milagres da recuperação económica. Vejam o exemplo de Fátima, que é o cúmulo do empreendedorismo, e vive dos que acreditam em milagres.

TOP 5 Empreendedores

 1  Rui Machete assegurou que apontou a taxa de juro de 4,5% como uma "mera hipótese" - o Machete é daqueles que conta o fim dos filmes (quando ninguém quer ouvir).

 2  Moody's melhora as perspectivas do rating de Sintra - pode ser que aconteça o mesmo com a Judite de Sousa.

 3  Faleceu, com 92 anos, o empresário Jorge de Mello - vão começar as partilhas da família Mello - Fujam para as montanhas!

 4  Durão Barroso: "Gostávamos que houvesse mais Alemanhas na Europa" - e o sector da depilação feminina morria à fome. Já tivemos duas e não correu bem; e tivemos uma espalhada pela Europa toda, e correu ainda pior.

 5  Maria Luís Albuquerque. "Não há números mágicos" para juros - o juro ideal é pi.