Notícia
Das contas à auditoria: reporte está mais digital
A adoção de IA no reporte financeiro está a crescer. Um estudo da KPMG mostra que 72% das empresas globais estão a avançar com projetos piloto relativos a processos financeiros. Apesar de acompanhar o sentido da tendência, o ritmo de implementação é mais lento em Portugal.
A inteligência artificial (IA) está a transformar os relatórios empresariais e a auditoria financeira. Quem o diz é a KPMG, consultora responsável por um estudo junto de 1.800 sociedades, que aponta para um crescimento “drástico” da adoção deste tipo de tecnologia, em todos os setores e em todo o mundo. Portugal está, contudo, a avançar de forma mais lenta.
“O estudo da consultora revela que 72% das empresas têm a decorrer projetos piloto de adoção de IA nos processos financeiros. “Portugal não é exceção ainda que a um ritmo mais lento”, explica Paulo Paixão, “head of audit and assurance” da KPMG Portugal, indicando que há “vastos” exemplos de implementação a nível nacionais, “ainda que pouco disseminados”.
O principal objetivo é aumentar a eficiência e a qualidade de análise de dados dos processos financeiros. A automação de processos com “robotic process automation” (RPA) combinado com IA, para automatizar tarefas repetitivas e demoradas, bem como o uso de IA na análise da performance financeira e previsões de tesouraria são disso exemplos.
“Chatbots” e assistentes virtuais ajudam a responder a clientes, fornecedores e colaboradores sobre informação financeira, prazos de pagamento, entre outros. Por último, há ainda a auditoria contínua e a deteção de fraudes, através de algoritmos de “machine learning”, que analisam grandes volumes de dados financeiros.
“Os líderes na implementação de IA no reporte financeiro são aqueles que melhor implementam medidas para gerir os riscos associados à inteligência artificial e que estabelecem controlos em torno da sua utilização no reporte financeiro”, indica Paulo Paixão.
A nível global, 24% das organizações inquiridas são classificadas como líderes, em comparação com 52% que são implementadores e 24% iniciantes. As cotadas estão “consideravelmente” mais avançadas do que as empresas de capital privado, dadas as pressões regulatórias adicionais: 65% já tem políticas de IA e governação em curso, face a 55% entre as empresas não cotadas.
“A utilização de IA para reporte financeiro é generalizada em diversos setores, no entanto, o setor das telecomunicações e tecnologia fez os maiores progressos, seguido dos setores da energia, dos recursos naturais e dos produtos químicos”, refere o responsável da KPMG Portugal.
Riscos relacionados com segurança de dados, privacidade e questões éticas estão no topo das preocupações, o que faz com setores como os serviços financeiros, cuidados de saúde e retalho tenham um maior caminho a percorrer.
Para o futuro, a inteligência artificial generativa é preferida face a outros tipos de IA, com 57% das empresas a indicarem à KPMG que esperam implementá-la nos processos de reporte financeiro nos próximos três anos.