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Os novos riscos emergentes

Os desafios dos novos riscos cibernéticos, alterações climáticas, envelhecimento da população, do terrorismo implicam um novo horizonte para a indústria dos seguros.

12 de Maio de 2016 às 11:53
Inês Lourenço
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"O contexto social, tecnológico e económico, a nível internacional, tem levado ao reconhecimento e discussão de um conjunto de novos riscos emergentes em que o sector segurador pode e deve desempenhar um papel preponderante. São exemplos a cobertura dos riscos de terrorismo, das alterações climáticas e dos riscos cibernéticos. São matérias que os operadores devem procurar acompanhar, tendo em vista a reforçar o leque de oferta disponível aos agentes económicos" referiu, José Almaça, presidente da ASF.

Os desafios dos novos riscos cibernéticos, alterações climáticas, envelhecimento da população, foram os temas foram debatidos no painel sobre Actividade Seguradora - Os novos desafios , em que estiveram presentes Carlos Maia, da PwC, Filipe Duarte Santos, professor catedrático da Faculdade de Ciências de Lisboa, José Carlos Martins, especialista em ciber-segurança da Presidência da República e Manuel Villaverde Cabral, do Instituto do Envelhecimento. Este painel fez parte da conferência "Os Seguros em Portugal" que decorreu no dia 2 de Maio, no hotel Sheraton, em Lisboa.
cotacao Não vamos ter taxas garantidas como aconteceu num passado recente  de 3% e 4% e hoje as seguradoras já comercializam a taxa zero. Carlos Maia Partner da PwC
O Global Risk Report do World Economic Forum aponta os fenómenos climáticos extremos, o fracasso da mitigação e a adaptação as alterações climáticas como dos riscos com maior impacto e dos mais prováveis. Segundo Filipe Duarte Santos os principais riscos para o sul de Portugal são as secas, que tem reflexos na agricultura, nos abastecimento de água e nas populações, e os fogos florestais. Mas são áreas em que seguros não têm um grande peso. Já no que se refere às inundações, que afectam mais as regiões do Norte e Centro, o risco é crescente e a presença dos seguros é maior. Foi sublinhado o efeito dos riscos sísmicos que é elevado em Portugal pelo que se exigem alterações no sentido de adequar as coberturas as probabilidade de ocorrências de acidentes sísmicos. "O eventual 'pricing 'de algumas coberturas no risco sísmico são capazes de não serem suficientes para fazer face a eventuais perdas" salientou Carlos Maia da PwC.

Hoje todas as actividades têm uma extensão para o espaço virtual, que é um espaço de economia e de desenvolvimento e de oportunidades e de negócios dos cidadãos, das empresas e dos países. Mas é também um espaço de risco de muitas vulnerabilidades. Há estudos que referem que qualquer empresa que esteja presente no ciberespaço sofrerá um ataque no espaço de dois anos. "Por isso, muito dificilmente fugiremos a um ciber-incidente ou ciber-ataque ou cibercrime" remata José Carlos Martins. As grandes empresas têm equipas para combater o ciber-crime, a lacuna está nas PME, segundo José Carlos Martins, porque não têm recursos financeiros e tecnológicos para reagir aos ataques cibernéticos.

Quem foram os protagonistas O painel sobre Actividade Seguradora - Os novos desafios, da conferência "Os Seguros em Portugal" foi moderado por André Veríssimo, subdirector do Negócios e participaram Carlos Maia, da PwC, Filipe Duarte Santos, professor catedrático da Faculdade de Ciências de Lisboa, José Carlos Martins, especialista em ciber-segurança da Presidência da República e Manuel Villaverde Cabral, do Instituto do Envelhecimento.

Portugal é o quinto país mais envelhecido do mundo a seguir ao Japão, Coreia do Sul, Alemanha e Áustria "por isso a relação do envelhecimento com a pobreza é muito relativa" esclareceu Manuel Villaverde Cabral.

O envelhecimento vai ter um impacto económico e no caso português "estamos a perder duas vezes porque temos o efeito da falta de imigração que é a única forma alternativa de no médio prazo fazer face ao abaixamento da curva da fecundidade, que vem desde do censo de 1981, em que já se observava a falta de reposição natural. E pela emigração que ainda nos debilita mais" refere Manuel Villaverde Cabral. É uma reacção que conhecemos há 600 anos em que sempre que temos um problema a nossa primeira ideia é sair.

O aumento da esperança média de vida e o envelhecimento da população vai implicar que haja uma especial apetência por produtos que visem acomodar a reforma como complemento da Segurança Social num sistema de taxas de juros adversas que vão condicionar as seguradoras de vida. "Não vamos ter taxas garantidas como aconteceu num passado recente de 3% e 4% e as seguradoras hoje já comercializam a taxas zero com participação nos resultados"advertiu Carlos Maia. Além dos produtos de capitalização para a reforma haverá também oportunidades nos seguros de saúde.

O mapa do risco das inundações  "A Lloyd´s considera as alterações climáticas como o principal tema do futuro, a Lions considera que os eventos extremos aumentarão num ano médio 3% até ao final da próxima década" referiu Filipe Duarte Santos, professor catedrático da Faculdade de Ciências de Lisboa. As alterações climáticas caracterizam-se por um aumento da temperatura média global, e que foi de um grau em termos globais desde os tempos pré-industriais. Outra característica é o aumento e a intensidade dos fenómenos extremos como as ondas de calor, que se tem sentido em Portugal aumentando a mortalidade, as secas, em que Portugal, como está no sul da Europa, é um dos países mais vulneráveis. Existe também a subida das águas do mar, que é de 20 cm desde a revolução industrial, mas tudo indica que até ao fim do século os valores sejam superiores a meio metro e portanto cerca de 67% da nossa zona costeira que é vulnerável. "É o risco mais preocupante a longo prazo porque o mar vai continuar a subir porque o oceano tem uma inércia muito grande, leva muito tempo a reagir" sublinhou Filipe Duarte Santos.

Em Portugal têm particular impacto os fogos florestais e sobretudo as inundações pois a chuva tem a tendência para ocorrer de uma forma mais intensa. Filipe Duarte Santos coordenou um projecto para a Associação Portuguesa de Seguradoras (CIRAC- Cartas de Inundação e Risco em Cenários de Alterações Climáticas) e que corresponde a cartas de inundação e risco em cenários de alterações climáticas. O objectivo era mapear o risco futuro em Portugal e, em algumas regiões com detalhe de metro quadrado, como foram os casos da baixa de Lisboa, Algés, centro de Coimbra, Gaia e a baixa do Porto. Estas informações e mapas estão disponíveis em http://siam.fc.ul.pt/cirac/ e no site da Associação Portuguesa de Seguradoras. No caso das inundações não somos das regiões da Europa mais vulneráveis e em termos de país as vulnerabilidades maiores são no Norte e Centro, mas este risco vai aumentar. 


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