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O que mudou nas seguradoras com a pandemia

As seguradoras já estavam a investir no digital, na tecnologia, no contacto. Por isso, quando veio a pandemia, a mudança foi rápida e pode até ser acelerada. Ainda assim, a experiência provocou mudanças na forma de trabalhar.

29 de Março de 2022 às 16:30
Mariline Alves
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No final de 2019, as seguradoras estavam todas num caminho de se transformarem e de se reinventarem, de olharem para o que faziam e questionarem-se, de montar uma máquina diferente. Isso permitiu que, em março de 2020, quando tiveram de fechar e testar novos modelos de trabalho, reagiram. "Já vinham numa vaga de investir no digital, no contacto, na literacia, nas parcerias e de dotar os agentes e parceiros com tecnologia e isso teve de ser acelerado", afirma Alexandre Ramos, technology leader da Liberty Seguros Europa.

Por sua vez, Steven Braekeveldt, CEO do Grupo Ageas Portugal, considera que a covid-19 obrigou a um esforço de estar muito perto dos trabalhadores, "porque existia um risco grande de que a pandemia distanciasse a ligação e a química entre as pessoas". "E as pessoas são os maiores ativos no setor dos seguros."

A segunda consequência era como manter a proximidade com os agentes e clientes, porque é muito diferente convencer as pessoas a comprarem um seguro, através de computador e sem contacto pessoal. Como diz Steven Braekeveldt, a compra de seguros tem a ver com "confiança, emoções, investimento a longo prazo, não é uma decisão que se toma com um estalar dos dedos, pensa-se sobre isso, tem de se ter um aconselhamento muito profissional". Por isso, "a grande mudança é que é possível transmitir confiança através do computador".

Utilização híbrida

O CEO do Grupo Ageas Portugal admite que estas alterações implicam formações, adaptação de processos e das linguagens, e, no final, "muitos processos se alteraram na indústria seguradora, para ter mais agilidade". "Acredito que esta é, definitivamente, uma das grandes mudanças." Se antigamente muitas vezes se contactavam pessoalmente três clientes por dia, hoje consegue-se marcar com quinze clientes por dia. "Com a nova era, haverá uma utilização hibrida das experiências de estar muito próximo e conhecer muitas pessoas, e ainda ter um contacto físico com as pessoas", concluiu.

Em relação ao trabalho remoto, a Liberty já estava a preparar-se para ser totalmente digital, mas, como diz Alexandre Ramos, "não sabíamos bem quais eram as linhas que definiam o que era ser digital a 100%". Quando em março de 2020, por causa do confinamento provocado pela pandemia de covid-19, se implantou o teletrabalho, "executámos esse modelo que tínhamos em mente que era o Liberty Digital Way, que significa que as pessoas são 100% virtuais mas não descurando o contacto pessoal que deve ser feito de uma forma consequente". "As pessoas devem-se juntar com um propósito que pode ser socializar, ter reuniões de brainstorming, de equipa. O propósito tem de existir", refere Alexandre Ramos.
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