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Maria de Belém: “A economia tem de ter sempre em atenção as pessoas”

Para Maria de Belém, ex-ministra da Saúde, a atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem uma visão diferente e tem sido muito assertiva em relação a agendas absolutamente estratégicas para a autonomia da Europa.

29 de Março de 2022 às 16:00
A ex-ministra da Saúde e da Igualdade, Maria de Belém Roseira. Mariline Alves
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A resposta social por parte da Europa "é sempre necessária", porque falamos de "uma economia social de mercado de acordo com os princípios dos tratados". "A economia tem de ter sempre em atenção as pessoas, porque é feita pelas pessoas e deve servir as pessoas e estas são mesmo necessárias para a economia", referiu Maria de Belém Roseira, ex-ministra da Saúde e da Igualdade na 8.ª conferência Seguros em Portugal.

Para a antiga governante, a atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem uma visão diferente e tem sido muito assertiva em relação a agendas a estratégicas para a autonomia da Europa. "A pandemia veio ensinar-nos que a deslocalização da produção cria dependências que são trágicas quando temos alguns desafios pela frente. Veio também dizer-nos a razão de ser de uma transformação digital, que já constituía um objetivo estratégico. Tudo isto tendo em atenção as pessoas porque estas são o fim, não são instrumentais, o que é instrumental é tudo o resto", salientou Maria de Belém.

Em concordância, João Wengorovius Meneses, secretário-geral da BCSD, defendeu que a atual Comissão Europeia deu uma nova centralidade em relação às pessoas e ao planeta. "Há quatro pês que são fundamentais e são a cartilha da Comissão Europeia. O pê de Profit, no sentido de uma economia robusta, que sirva um pê de Propósito (Purpose), maior do que a economia, que tenha no centro as Pessoas (People) e o Planeta (Planet). A economia ao serviço de um propósito maior e, em particular, centrada nas pessoas e no planeta, sendo a economia instrumental para o propósito das pessoas e do planeta", explicou João Wengorovius Meneses.

Planeta e saúde

"O nosso planeta é a nossa saúde", disse Maria de Belém Roseira, lembrando tratar-se de uma "relação indissociável que existe entre a biodiversidade e a nossa saúde". A ex-ministra alertou ainda para o impacto negativo da guerra na Ucrânia na sustentabilidade ambiental. "É mais um fator que faz apelo à nossa inteligência e sensibilidade para percebermos o que está em causa e como é que devemos atuar para que as coisas façam sentido, com o objetivo de diminuir os impactos negativos."

Para Maria de Belém, "está tudo posto em causa em termos das metas a atingir, mas não está em causa a sustentabilidade, pela sua centralidade e justificação". "Se os objetivos são bons, temos de fazer o possível por, mesmo sabendo que corremos um risco acrescido que haja atrasos, tentar mitigá-los e, de preferência, que aquilo que os faz atrasar não aconteça".

A antiga ministra lembrou ainda que coisas negativas como a pandemia tiveram como efeito acelerar a transformação digital e esta é benéfica em termos ambientais. E frisou que hoje as empresas têm de ter um propósito. "Está ultrapassada a empresa que não se preocupa com a sustentabilidade ambiental e social. É assassino porque podemos produzir muito mas vamos esgotar os recursos. É substituir uma mentalidade de mineiro, extrator para a de agricultor que é cultivar e manter."
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