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Em relação à emergência dos ativos digitais que, por exemplo, estão a seduzir as gerações mais jovens, mais disponível para investir em moedas digitais do que em aplicações financeiras tradicionais, Galamba de Oliveira, presidente da APS, não quis "aprofundar as questões relacionadas com enquadramento concreto das criptomoedas, e dos criptoativos em geral, enquanto ativos de investimento, matéria aliás que está pendente de regulamentação a nível comunitário". Preferiu salientar "a importância de desenvolver a literacia financeira e a literacia digital da sociedade portuguesa como um todo, nomeadamente sobre a relevância da poupança e, em particular, da poupança para a reforma".
Que balanço faz do processo de digitalização das seguradoras? Onde estão mais avançadas e onde tem de fazer mais?
A implantação do "digital" na atividade seguradora é um processo incontornável e duplamente virtuoso. Não só responde, diretamente, a uma crescente apetência digital que acompanha também os seus clientes e parceiros, como reforça a eficiência e o controlo de custos e recursos das suas organizações a médio e longo prazo. E este é um processo muito transversal nas seguradoras.
Por um lado, tem agilizado, substancialmente, a interação com a generalidade dos seus stakeholders, à cabeça dos quais os clientes, obviamente, mas incluindo fornecedores, autoridades públicas, outras seguradoras, etc. Neste aspeto, um bom impulso foi até dado neste recente contexto de pandemia, já que os ajustamentos a que as organizações foram quase forçadas a implementar, mas com grande sucesso, ajudaram a reforçar a confiança nas suas capacidades operativas e a adaptação genérica da sociedade a este tipo de relacionamento.
Qual tem sido o papel das insurtechs e regtechs nos seguros?
Em geral, as fintechs, incluindo as regtechs, e as insurtechs podem ser uma de duas coisas para as entidades financeiras: aliadas ou concorrentes. E serão uma grande oportunidade se forem tratadas como aliadas, trazendo inovação, know-how tecnológico e capacidade de transformação às organizações; ou uma ameaça se forem tratadas como concorrentes, podendo tendencialmente desenvolver capacidades disruptivas no mercado tradicional destes operadores, talvez não em todas as áreas de negócio e para todos os perfis de clientes, mas seguramente em alguns dos seus segmentos.
No setor segurador, as insurtechs têm sido, sobretudo, aliadas dos operadores estabelecidos, numa simbiose que tem beneficiado uns e outros. As seguradoras tradicionais tendem a procurar até a intervenção das insurtechs para alavancar algumas áreas de negócio ou agilizar processos. E as insurtechs tendem a procurar o suporte das seguradoras estabelecidas para explorar a sua própria atividade aliviadas de toda uma carga de exploração a que estão sujeitos normalmente os operadores deste setor.