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"O negócio segurador tem tido uma evolução resiliente e tem conseguido adaptar-se às necessidades dos ciclos económicos." A conclusão é de Ludgero Gonçalves, partner de business consulting da Deloitte. Para este responsável, "estamos numa fase de desconfinamento da covid-19 mas surgiram eventos como a guerra na Ucrânia que alteraram os desafios para as seguradoras".
Tendo em conta este contexto, Ludgero Gonçalves elencou oito pontos com os grandes impactos e a sua ressonância no setor dos seguros, na abertura da 8.ª conferência Seguros em Portugal. O primeiro é a inflação, explicou, que se julgava temporária mas que se tornou persistente até pela emergência da crise energética e dos cereais. "O que se vai refletir diretamente nos custos dos sinistros com os preços afetando os custos dos prestadores de serviços como o automóvel, casa, etc., conduzindo a um aumento dos prémios", destacou.
As taxas de juro terão tendência para subir com os bancos centrais a sinalizarem o aumento das taxas de referência para conter as pressões inflacionistas, acrescentou. A FED, a reserva federal norte-americana, já teve um primeiro aumento de 25 pontos base e estão previstos mais seis aumentos durante 2022, "o que pode levar a que, no fim do ano, as taxas de juro estejam em 2,5%". "Nos seguros, a carteira de investimentos que tem risco de taxa de juro tem de garantir que os investimentos são protegidos deste tipo de movimentos."
Aumento das taxas de juro
"Estivemos a operar com taxas perto de zero nos últimos 14 anos, por isso as carteiras de investimento estão montadas nesta base e agora surgem outro tipo de pressupostos. Pode ser relevante para a criação de produtos vida capitalização. A parte negativa é que as pessoas que podiam poupar, por causa do aumento das taxas de juro, vão ficar com muito menos poder de compra", analisa Ludgero Gonçalves.
Outro ponto de impacto no negócio segurador é, por exemplo, a disrupção das cadeias de distribuição, que já era um desafio para as exportações. E a conflitualidade do mar Negro vai ter impacto nos seguros de carga e nos seguros de créditos e um aumento dos custos com os sinistros, antecipou.
Além disso, nos últimos anos, o aumento exponencial dos ataques cibernéticos levou a um aumento da procura de produtos de cibersegurança e ao crescimento dos custos com sinistros. Por isso, salientou Ludgero Gonçalves, além da guerra real da invasão da Ucrânia pela Rússia há hoje também uma guerra digital. "As seguradoras têm muita dificuldade, quando os seus clientes são atacados, em distinguir o que está relacionado com guerra ou com ataques cibernéticos."
Guerra e sanções
Depois, surge a aversão ao risco que tem impacto direto negativo nas vendas por causa da incerteza do futuro, nomeadamente na procura por produtos de investimento, especialmente produtos sem capital garantido e unit-linked. "Acabam por se refugiar nos seguros que são obrigatórios, a que se acresce a redução da capacidade de poupança", referiu Ludgero Gonçalves.
Se os contratos das seguradoras têm cláusulas em que as perdas por atos de guerra não são cobertas, as sanções afetam os custos com os sinistros e introduzem uma complexidade acrescida na questão dos sinistros e da produção, alertou o responsável da Deloitte.
O oitavo ponto está relacionado com a defesa e a energia, frisou. Há seguradoras que tinham definido nas suas estratégias que não investiriam na indústria do armamento ou em oil & gas. Contudo, como nota Ludgero Gonçalves, neste momento há um investimento muito maior neste tipo de indústrias, "o que poderá levar algumas seguradoras, independentemente da sustentabilidade, a fazer algumas revisões de portefólios".
Tendo em conta este contexto, Ludgero Gonçalves elencou oito pontos com os grandes impactos e a sua ressonância no setor dos seguros, na abertura da 8.ª conferência Seguros em Portugal. O primeiro é a inflação, explicou, que se julgava temporária mas que se tornou persistente até pela emergência da crise energética e dos cereais. "O que se vai refletir diretamente nos custos dos sinistros com os preços afetando os custos dos prestadores de serviços como o automóvel, casa, etc., conduzindo a um aumento dos prémios", destacou.
As taxas de juro terão tendência para subir com os bancos centrais a sinalizarem o aumento das taxas de referência para conter as pressões inflacionistas, acrescentou. A FED, a reserva federal norte-americana, já teve um primeiro aumento de 25 pontos base e estão previstos mais seis aumentos durante 2022, "o que pode levar a que, no fim do ano, as taxas de juro estejam em 2,5%". "Nos seguros, a carteira de investimentos que tem risco de taxa de juro tem de garantir que os investimentos são protegidos deste tipo de movimentos."
Aumento das taxas de juro
"Estivemos a operar com taxas perto de zero nos últimos 14 anos, por isso as carteiras de investimento estão montadas nesta base e agora surgem outro tipo de pressupostos. Pode ser relevante para a criação de produtos vida capitalização. A parte negativa é que as pessoas que podiam poupar, por causa do aumento das taxas de juro, vão ficar com muito menos poder de compra", analisa Ludgero Gonçalves.
Outro ponto de impacto no negócio segurador é, por exemplo, a disrupção das cadeias de distribuição, que já era um desafio para as exportações. E a conflitualidade do mar Negro vai ter impacto nos seguros de carga e nos seguros de créditos e um aumento dos custos com os sinistros, antecipou.
Além disso, nos últimos anos, o aumento exponencial dos ataques cibernéticos levou a um aumento da procura de produtos de cibersegurança e ao crescimento dos custos com sinistros. Por isso, salientou Ludgero Gonçalves, além da guerra real da invasão da Ucrânia pela Rússia há hoje também uma guerra digital. "As seguradoras têm muita dificuldade, quando os seus clientes são atacados, em distinguir o que está relacionado com guerra ou com ataques cibernéticos."
Guerra e sanções
Depois, surge a aversão ao risco que tem impacto direto negativo nas vendas por causa da incerteza do futuro, nomeadamente na procura por produtos de investimento, especialmente produtos sem capital garantido e unit-linked. "Acabam por se refugiar nos seguros que são obrigatórios, a que se acresce a redução da capacidade de poupança", referiu Ludgero Gonçalves.
Se os contratos das seguradoras têm cláusulas em que as perdas por atos de guerra não são cobertas, as sanções afetam os custos com os sinistros e introduzem uma complexidade acrescida na questão dos sinistros e da produção, alertou o responsável da Deloitte.
O oitavo ponto está relacionado com a defesa e a energia, frisou. Há seguradoras que tinham definido nas suas estratégias que não investiriam na indústria do armamento ou em oil & gas. Contudo, como nota Ludgero Gonçalves, neste momento há um investimento muito maior neste tipo de indústrias, "o que poderá levar algumas seguradoras, independentemente da sustentabilidade, a fazer algumas revisões de portefólios".
Seguros em Portugal e no mundo Desde 2008, quando se iniciou a crise do subprime e da dívida soberana, que o volume de prémios de seguros a nível global cresceu cerca de 54% até 2021, com os seguros de vida a representarem em média 53% entre 2008 e 2021. Se o mercado global cresceu 3,3% em 2021, a previsão para 2022 apontava para um aumento de 3,9% na produção total de seguros.
Em Portugal os números são diferentes e, entre 2008 e 2021, os prémios diminuíram 18%, com a produção vida a cair 32% e a produção não vida a crescer 21%. "Isto pode ser justificado pelo impacto da crise suprime e da dívida soberana teve em Portugal, que foi objeto de resgate pela troika, o que levou à perda de poder de compra e a poupança deixou de ser a sua principal prioridade e o que o vida risco seja impactado. Adicionalmente, durante este período, foi retirado um conjunto de incentivos como os que tinham a ver com o vida capitalização, como o PPR", explica Ludgero Gonçalves, partner de Business Consulting da Deloitte. Durante a pandemia, em 2020, houve um decréscimo com a desaceleração da economia a repercutir-se nos prémios. Mas, no segundo ano em 2021, houve uma recuperação de 11% em relação a 2019.
Em Portugal os números são diferentes e, entre 2008 e 2021, os prémios diminuíram 18%, com a produção vida a cair 32% e a produção não vida a crescer 21%. "Isto pode ser justificado pelo impacto da crise suprime e da dívida soberana teve em Portugal, que foi objeto de resgate pela troika, o que levou à perda de poder de compra e a poupança deixou de ser a sua principal prioridade e o que o vida risco seja impactado. Adicionalmente, durante este período, foi retirado um conjunto de incentivos como os que tinham a ver com o vida capitalização, como o PPR", explica Ludgero Gonçalves, partner de Business Consulting da Deloitte. Durante a pandemia, em 2020, houve um decréscimo com a desaceleração da economia a repercutir-se nos prémios. Mas, no segundo ano em 2021, houve uma recuperação de 11% em relação a 2019.