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"A economia verde é a única esperança que podemos ter de as empresas continuarem a crescer de forma saudável. Tivemos 30 anos gloriosos depois da II Guerra Mundial em que as empresas, nomeadamente dos países ocidentais, cresceram a dois dígitos. Esses tempos acabaram, os mercados saturaram-se", refere João Wengorovius Meneses, secretário-geral do BCSD, na 8.ª conferência Seguros em Portugal.
Nestas geografias mais ligadas à OCDE, o crescimento saudável só é possível se mudarem as premissas do modelo de desenvolvimento, frisa o responsável, já que as atuais estão condenadas. "Temos um mundo com recursos finitos, limitados. É um absurdo matemático, se não ético filosófico, ter um modelo de economia linear num com recursos finitos, na base da extração, transformação e descarte rápido. Acabam-se os recursos. Mais de metade do PIB mundial assenta diretamente em recursos naturais que são finitos como minérios, combustíveis fósseis, biomassa", descreve. No entender de João Wengorovius Meneses, a Apple sabe exatamente quantos smartphones é possível produzir no planeta, porque conhece os stocks do lítio para as baterias, da prata para os circuitos integrados e os combustíveis fósseis para os moldes. Daí que, alerta, "num mundo morto ou moribundo, do ponto de vista do ambiente e dos recursos naturais, os primeiros a sofrer são a economia e o emprego". "É uma questão de risco económico e de emprego, antes mesmo das questões mais filosóficas ou éticas ou de justiça", insiste. Por isso, defende o secretário-geral da BCSD, têm de mudar as premissas do desenvolvimento económico e a própria ciência económica tem vindo a questionar-se nas suas premissas.
Incentivos de curto prazo
O responsável adianta também que foi esta ciência económica que esteve na génese das democracias liberais e do capitalismo nos últimos 200 anos "e que nos deu tantas alegrias com o PIB a aumentar 14 vezes em 200 anos apesar de a população ter aumentado oito vezes".
Mas há vários princípios que têm de ser revistos porque o sistema concede demasiados incentivos para o curto prazo, acrescenta. Na conferência, João Wengorovius Meneses invocou mesmo a chamada tragédia dos comuns, que se refere a uma situação em que os indivíduos, agindo de forma independente, racional e de acordo com seus próprios interesses, atuam contra os interesses de uma comunidade, esgotando os bens de uso comum.
E defendeu os benefícios da sustentabilidade para as empresas, a junção do social e do ambiental e o papel do digital. Na sua opinião, há um cerco às empresas para que sejam sustentáveis ou perderão resiliência e competitividade muito rapidamente.
A malha da regulação é cada vez mais apertada por parte do stakeholder Estado, depois os clientes querem cada vez mais fazer do consumo um ato de cidadania, que o consumo tenha um impacto positivo no mundo, "e, portanto, os produtos que dão um propósito e sejam atos de cidadania terão a preferência do consumidor", diz João Wengorovius Meneses.
Além disso, frisa, a sustentabilidade é uma narrativa fundamental para os trabalhadores e colaboradores, que querem trabalhar em locais "que tenham um propósito maior do que apenas o do lucro". "E é por isso que a great resignation está a acontecer, porque as pessoas não encontram esse propósito nos seus locais de trabalho."
O secretário-geral da BCSD citou ainda uma conferência de Steve Jobs, "Stay Hungry. Stay Foolish", em que este referia que "as pessoas querem manter uma veia sonhadora, ter uma ligação à vida um pouco mais poética e não apenas uma ligação mecânica e ser parte de uma engrenagem económica". Os próprios investidores já perceberam que empresas não sustentáveis são mais arriscadas e já têm de pagar um prémio de risco e os investidores querem investir o capital respeitando os ESG", conclui.
Nestas geografias mais ligadas à OCDE, o crescimento saudável só é possível se mudarem as premissas do modelo de desenvolvimento, frisa o responsável, já que as atuais estão condenadas. "Temos um mundo com recursos finitos, limitados. É um absurdo matemático, se não ético filosófico, ter um modelo de economia linear num com recursos finitos, na base da extração, transformação e descarte rápido. Acabam-se os recursos. Mais de metade do PIB mundial assenta diretamente em recursos naturais que são finitos como minérios, combustíveis fósseis, biomassa", descreve. No entender de João Wengorovius Meneses, a Apple sabe exatamente quantos smartphones é possível produzir no planeta, porque conhece os stocks do lítio para as baterias, da prata para os circuitos integrados e os combustíveis fósseis para os moldes. Daí que, alerta, "num mundo morto ou moribundo, do ponto de vista do ambiente e dos recursos naturais, os primeiros a sofrer são a economia e o emprego". "É uma questão de risco económico e de emprego, antes mesmo das questões mais filosóficas ou éticas ou de justiça", insiste. Por isso, defende o secretário-geral da BCSD, têm de mudar as premissas do desenvolvimento económico e a própria ciência económica tem vindo a questionar-se nas suas premissas.
Incentivos de curto prazo
O responsável adianta também que foi esta ciência económica que esteve na génese das democracias liberais e do capitalismo nos últimos 200 anos "e que nos deu tantas alegrias com o PIB a aumentar 14 vezes em 200 anos apesar de a população ter aumentado oito vezes".
Mas há vários princípios que têm de ser revistos porque o sistema concede demasiados incentivos para o curto prazo, acrescenta. Na conferência, João Wengorovius Meneses invocou mesmo a chamada tragédia dos comuns, que se refere a uma situação em que os indivíduos, agindo de forma independente, racional e de acordo com seus próprios interesses, atuam contra os interesses de uma comunidade, esgotando os bens de uso comum.
E defendeu os benefícios da sustentabilidade para as empresas, a junção do social e do ambiental e o papel do digital. Na sua opinião, há um cerco às empresas para que sejam sustentáveis ou perderão resiliência e competitividade muito rapidamente.
A malha da regulação é cada vez mais apertada por parte do stakeholder Estado, depois os clientes querem cada vez mais fazer do consumo um ato de cidadania, que o consumo tenha um impacto positivo no mundo, "e, portanto, os produtos que dão um propósito e sejam atos de cidadania terão a preferência do consumidor", diz João Wengorovius Meneses.
Além disso, frisa, a sustentabilidade é uma narrativa fundamental para os trabalhadores e colaboradores, que querem trabalhar em locais "que tenham um propósito maior do que apenas o do lucro". "E é por isso que a great resignation está a acontecer, porque as pessoas não encontram esse propósito nos seus locais de trabalho."
O secretário-geral da BCSD citou ainda uma conferência de Steve Jobs, "Stay Hungry. Stay Foolish", em que este referia que "as pessoas querem manter uma veia sonhadora, ter uma ligação à vida um pouco mais poética e não apenas uma ligação mecânica e ser parte de uma engrenagem económica". Os próprios investidores já perceberam que empresas não sustentáveis são mais arriscadas e já têm de pagar um prémio de risco e os investidores querem investir o capital respeitando os ESG", conclui.