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Em 2020, o número de pessoas seguras abrangidas por contratos do ramo doença, comummente seguros de saúde, aumentou 11,5%, ultrapassando a barreira dos três milhões, e atingiu quase mil milhões de prémios brutos, mais de 20% dos seguros Não Vida, tendo os como subscritores 44,5% individuais e 55,6% de grupo, proporção que se mantém com pequenas oscilações desde 2016.
É uma tendência na última década a crescente procura de cuidados de saúde complementares ao Serviço Nacional de Saúde e, alem disso, os seguros de saúde fazem parte do pacote de benefícios salariais de muitas empresas. Mas em 2020 o crescimento pode ter sido também impactado pela emergência de pandemia de covid-19, que teve um duplo efeito, com a descida da taxa de sinistralidade de seguro direto de saúde e que resulta da combinação entre o aumento dos prémios adquiridos em 5,8% e a redução dos custos com sinistros na ordem dos 4,2%. A boa performance técnica do ramo Doença, normalmente denominado pelos seguros de saúde, foi transversal no mercado português, tendo apenas dois operadores registado prejuízos residuais, em 2020, e observando-se o aumento do resultado médio dos operadores com lucro em 32,7%.
"Com a pandemia, as pessoas começaram a ter uma perceção ainda maior da volatilidade da economia e da sociedade, ou seja, da rapidez com que tudo pode mudar. Daí considerarmos que este tipo de produto é muito valorizado pelos clientes, tanto que o mantiveram em vigor, mesmo não sendo obrigatório", disse Rita Almeida, responsável da área de Distribuição Tradicional da Liberty Seguros em Portugal e na Irlanda.
Os efeitos pós-covid
A partir de julho, com a reabertura do país, ainda com várias medidas de restrição, "inicia-se um período de recuperação de atividade que decorreu até ao final do ano mas que, ainda assim, não o suficiente para cobrir a redução significativa da primeira fase", continua André Rufino. Em 2021, há abrandamento com o confinamento em janeiro de 2021, "os comportamentos dos consumidores estão já bastante normalizados em todas as coberturas e com forte recuperação da atividade não executada em 2020 que acresce aos custos dos EPI (Equipamento de proteção individual) e testes à covid-19".
Mas como diz a ASF no seu relatório de 2020 sobre a atividade seguradora "não obstante os resultados favoráveis em 2020, são de referir os potenciais impactos adversos desses adiamentos na saúde das pessoas seguras, no médio e longo prazo, que podem levar ao aumento da sinistralidade face aos valores pré-pandemia".
Rita Almeida refere que "é evidente que a sinistralidade tem aumentado na proporção das medidas de desconfinamento, mas, por outro lado também é verdade que as medidas de higiene e segurança covid obrigaram a custos extraordinários na gestão clínica para garantir a proteção dos nossos clientes".
Os seguros de saúde foi um ramo dos seguros que mais peso adquiriu e crescimento registou durante a última década e meia, tendo passado de um peso de 9,6% no conjunto dos ramos não vida em 2006, para mais de 20% em 2020. Registou uma taxa de crescimento anual superior a 4% no período compreendido entre 2006 e 2019, mas mesmo assim em 2019, a taxa de penetração do seguro de saúde, proporção dos prémios daquele segmento de negócio no PIB, era, em Portugal, de 0,4%, sendo que a média europeia está perto de 0,8%.