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Poupança na idade ativa para a saúde na reforma

A população de idosos passou de 700 mil em 1960 para 2,2 milhões em 2018. É uma oportunidade para os seguros de vida, com a poupança, a reforma e as rendas vitalícias, e para os seguros de saúde e os de “long term care”.

28 de Abril de 2020 às 15:00
Nelson Machado, CEO Vida e Pensões e membro da comissão executiva do Grupo Ageas. Celestino Santos
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Em 2018 existiam mais 18,3% de idosos em Portugal do que 2008 e o índice de envelhecimento (população com 65 e mais anos/população com menos de 15 anos) passou de 115%, em 2008, para 157% em 2018, segundo o Retrato de Portugal Pordata, edição 2019.

Em 2080, o número de idosos (65 e mais anos) passará de 2,2 para 3,0 milhões, e o índice de envelhecimento em Portugal quase duplicará, passando de 159 para 300 idosos por cada 100 jovens, segundo o cenário central das projeções de População Residente em Portugal 2018-2080, do INE.

"O envelhecimento tem impactos significativos, seja na economia ou nas finanças públicas, mas pode e deve ser visto como uma oportunidade de negócio, pois fará disparar os seguros de vida e de saúde", diz Marisa Correia, diretora atuarial da Prévoir-Vie.

Na sua opinião, "atualmente as principais soluções de produtos do ramo vida são os de poupança, reforma e rendas vitalícias. Os produtos de poupança e rendas não são alternativos, mas sim complementares, ou seja, a poupança na fase de acumulação, e as rendas na fase de consumo". Sublinha ainda que os seguros de dependência ou "long term care" (cuidados a longo prazo) "estão a crescer e vêm cobrir esta necessidade de acompanhamento das pessoas de uma forma mais localizada".

Doenças crónicas

"Vivemos mais anos, mas os anos de vida que temos conquistado por via da disponibilidade de melhores cuidados de saúde não se traduzem necessariamente em qualidade de vida", sublinha Nelson Machado, CEO Vida e Pensões e membro da comissão executiva do Grupo Ageas Portugal. "Infelizmente, Portugal continua a ter um quadro marcado por uma população sénior atacada por doenças crónicas que condicionam a sua autonomia e que prejudicam a sua qualidade de vida."

De facto, a esperança média de vida à nascença aumentou de 78,7 para 80,8 anos, mas nos indivíduos entre os 65 e os 74 anos 23,8% têm diabetes e 71% sofrem de hipertensão arterial (71%), um dos fatores de risco cardiovascular.

Para Nelson Machado, tem de se preparar esta futura fase da vida, o que passa pela poupança. Refere que "as seguradoras, através de uma oferta ampla de soluções sustentadas por uma gestão profissional dos investimentos, podem contribuir de forma decisiva. A existência de ofertas que permitam responder a diferentes perfis de investimento, que possibilitem de forma dinâmica a gestão do ciclo de vida e que facilitem o processo de poupança através de entregas periódicas, deve estar presente nas soluções a dar aos clientes."

Neste aspeto, João Lapa Pereira, consultor da i2S, sublinha que os produtos de poupança para reforma têm sido vítimas dos ziguezagues dos governos e dá o exemplo do PPR, que nasceu em 1989, mas que, em finais de 2018, apenas 1,4% da população ativa tinha investido poupanças em PPR. Acrescenta ainda que "uma das formas de salvaguardar esta situação consiste na subscrição de um produto de rendas vitalícias, a partir do qual a seguradora garante o pagamento de um valor periódico constante ou variável enquanto a pessoa se mantiver viva".

Vida ativa

O segundo aspeto "passa pela proteção direta face aos riscos de saúde através de seguros e serviços com níveis adequados de proteção. A oferta de seguros de saúde que não limite a idade de permanência, complementada por soluções específicas para o segmento sénior com serviços desenhados especificamente para as suas necessidades, é uma das respostas já hoje existentes e que seguramente conhecerá um forte desenvolvimento nos próximos anos", salienta Nelson Machado.

"A subscrição destes planos de saúde deverá ser efetuada ainda durante a vida ativa da pessoa, numa lógica de planificação e prevenção para o futuro, beneficiando ao mesmo tempo de preços mais atrativos", aconselha João Lapa Pereira. Defende ainda que "seria muito importante a existência de legislação específica no sentido de assegurar a competitividade destes produtos tornando-os mais atrativos e competitivos".

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