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A sustentabilidade do SNS passa pela eficiência

Pela 4.ª edição, o Negócios destacou boas práticas em saúde, em parceria com a Sanofi. Na entrega dos prémios, Leal da Costa, secretário de Estado adjunto da Saúde, saudou "o uso crescente da palavra eficiência" no SNS.

09 de Julho de 2015 às 11:07
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Numa edição que contou com quase o dobro das inscrições, o Prémio Saúde Sustentável, uma iniciativa do Negócios e da Sanofi galardoou quatro projectos e instituições que se distinguiram pela inovação, numa altura em que um país ainda em austeridade nos exige que sejamos criativos e façamos mais com menos. Leal da Costa, secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, aproveitou a a cerimónia de entrega dos prémios, que decorreu esta terça-feira, em Lisboa, para sublinhar que "é preciso que as discussões sobre a saúde sejam feitas sem tabus e sem o sistemático politicamente correcto".


Para o secretário de Estado, a distribuição geográfica dos vencedores do Prémio demonstra um "contínuo no espaço", garantido "equidade a quem dela precisa". Sobre a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde (SNS) alerta para o consenso político sobre a impossibilidade de "injectar mais dinheiro, mais que não seja por só poder ser obtido por crescimento económico e não através de impostos"´. "Vejo com algum agrado o uso crescente da palavra eficiência no léxico", disse Leal da Costa, acrescentando a necessidade de criar condições para que a sociedade se liberte do peso público e seja mais criativa, garantindo produtividade com qualidade.

António Couto dos Santos, vice-presidente da Comissão de Saúde, vê no desafio causado pelo ajustamento económico-financeiro dos últimos quatro anos algumas notas positivas para a área da Saúde, uma vez que "conduziu o sector a fazer aquilo que se evitava fazer" e incentivou os gestores a "gerir de forma mais eficiente sem diminuir a qualidade".



Leal da Costa, secretário de Estado adjunto da Saúde (ao lado), afirmou, na cerimónia de entrega dos prémios Saúde Sustentável, que decorreu terça-feira em Lisboa, que não é possível injectar mais dinheiro no Sistema Nacional de Saúde sem que a economia cresça. Painel (em cima) debateu a eficiência na gestão do SNS, deixando um elogio aos profissionais do sector.




Também Pedro Pita Barros, economista e membro do júri, começou por destacar que os indicadores de Saúde não pioraram. O que evitou esse colapso, garante, foi o ajustamento do sector, com a redução dos salários e ajustamentos nas organizações.


Sobre isso, o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), José Martins Nunes, acredita que existe uma dívida para com os profissionais de Saúde, que "tiveram uma motivação enorme para defender o SNS". Agora, diz, é tempo de entrar no campo da inovação. "Para um Estado pequeno, ou com dificuldades, é fácil ser aprisionado por organizações internacionais, quer sejam farmacêuticas ou outras". Para o contornar, "Portugal deve transformar o capital em valor". Isto é, transformando um hospital que é exclusivamente de serviços em serviços e produtos. Sem embargo disso, o economista Pita Barros alertou que essa sustentabilidade das instituições não garante necessariamente a sustentabilidade do SNS.


Couto dos Santos alertou ainda para a importância de os números e a economia não se sobreporem à política, questionando a sua influência no debate político e nas medidas a longo prazo que "deixam de se ver". O vice-presidente da da Comissão de Saúde destaca ainda que é preciso envolver os utentes nos processos de reestruturação, que "geram um mal-estar por não estarem informados". Além disso, destaca que é necessário conhecer as instituições, o que passa por "transformar os actores da reforma nos autores da reforma".

A mesma opinião partilha a antiga ministra da Saúde e jurada do Prémio, Maria de Belém, acrescentando que o ministério das Finanças "não pode tratar os recursos humanos da Saúde como trata os recursos humanos de outras áreas" . "Temos de ter muito cuidado com esta cadeia que é muito hierarquizada e não se pode desmembrar, sob pena de depois não funcionarem bem as coisas".

Leal da Costa antecipa "escolhas difíceis" para o futuro do SNS e "discussões que vão obrigar a um novo pensamento sobre a forma de tratar".

Vencedores
A quarta edição dos Prémios Saúde Sustentável distinguiu entidades do Norte e de Lisboa pelo seu trabalho na gestão eficiente de recursos, poupança de custos e apoio aos doentes.

Cuidados primários
Unidade Local da Saúde do Nordeste
Com um arquivo de exames ligado a dez centros de saúde e hospitais da zona de Bragança, a Unidade Local de Saúde do Nordeste evita repetições de exames e encaminhamentos de utentes, diminuindo os custos associados e apostando numa complementaridade dos serviços.

Cuidados continuados
AMETIC - Apoio Móvel Especial à 3.ª Idade
Painéis solares, utilizar a água de dois furos para as lavagens e autoclismos, uma sala para jantares de família e sobretudo procurar que os utentes se esqueçam que estão doentes e se sintam num hotel. Estas são as particularidades que distinguem o Complexo de Santa Bárbara, a funcionar desde 2001 e adquirido em 2010 pela AMETIC - empresa que gere também a ROLLAR, em Setúbal, e o Fátima SPA Club - estando integrado na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).

Cuidados hospitalares
Hospital de Braga
Inaugurada em 2011, a instituição conta com uma gestão de segurança e higiene dos espaços públicos que permite uma redução do risco de infecção, o que se traduz numa poupança de antibióticos. O hospital destaca ainda a iniciativa "enfermeiro de referência", que nomeia um enfermeiro como responsável pela articulação nas etapas multidisciplinares. Um processo que acompanha o utente antes do internamento até ao pós-alta.

Outras categorias
Associação Nacional de Farmácias
Iniciado em 1993, o programa de troca de seringas evitou milhares de infecções pelo vírus da sida devido à partilha de seringas entre utilizadores de drogas injectáveis. Foram distribuídas 51 milhões de seringas. A poupança pode ter chegado a 2.000 milhões de euros.
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