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A falta de experiência na política doméstica é um "handicap" à candidatura de Marisa Matias? A própria acha que não. "Vocês saberão tão bem como eu que muitas das decisões tomadas em Portugal vem mesmo de Bruxelas. Eu tenho conhecimento do funcionamento das instituições. O trabalho no Parlamento Europeu coloca-nos sempre numa situação de ter de lidar, não só com os outros grupos parlamentares, mas também com os governos e a Comissão Europeia".
A eurodeputada e candidata a Belém dá como exemplo o primeiro dossiê que teve em mãos, a directiva do combate aos medicamentos falsificados, que vai ser lei nos 28 países da União Europeia no próximo ano "Estamos a falar de um negócio que rende anualmente 400 milhões de euros de lucro e com uma pressão enorme da indústria farmacêutica e de todos os lóbis que se possam imaginar".
A comunicação da Comissão Europeia sobre este dossiê tinha como base jurídica o mercado interno, Marisa Matias contestou a abordagem e sustentou que a directiva teria de tratar da saúde pública. "Disseram-me na altura que isso era impossível".
Após três meses de negociações conseguiu mudar a base jurídica e passados outros dois anos conseguiu-se chegar a acordo "quando toda a gente dizia que não era possível".
A directiva foi feita e aprovada por "maioria e um nível de satisfação de todas as partes. Toda a gente perdeu um bocadinho, eu também perdi algumas coisas que não queria ter perdido, mas sobretudo ganhei o essencial. E penso que ganhámos todos. Porque ganhar um é perfeitamente irrelevante".