- Partilhar artigo
- ...
Foto em cima: Em 2023, o Esporão produziu 14 milhões de garrafas de vinho e um milhão de garrafas de azeite.
"A regulação mais apertada da venda e consumo de bebidas alcoólicas e os riscos das alterações climáticas são dos dois maiores riscos com que nos enfrentamos neste momento", referiu João Roquette, presidente do Esporão. Adianta que "as alterações climáticas impactam a produção agrícola no geral, aumentando custos de produção e pressionando também a oferta. O futuro do nosso negócio dependerá da forma como os mitigamos e nos adaptamos".
Em 2023, o Esporão foi a empresa vencedora na categoria Setor Estratégico: Agricultura e Agroalimentar, dos Prémios Exportação e Internacionalização, uma iniciativa do Novo Banco e do Negócios, em parceria com a Iberinform Portugal.
João Roquete, CEO do Esporão sublinha que "existe, em alguns mercados importantes, uma alteração na relação dos mais jovens com o consumo de álcool, impactando a procura e criando pressão sobre preços e rentabilidade". Em 2023, o Esporão faturou 51 milhões de euros, com a produção de 14 milhões de garrafas de vinho e um milhão de garrafas de azeite.
Os principais mercados são Portugal, Brasil, EUA e o norte da Europa, sendo as exportações responsáveis por cerca de 46% do volume total. As principais marcas de vinho incluem Esporão, Monte Velho, Assobio, Bico Amarelo, Quinta dos Murças e Quinta do Ameal; no azeite, destacam-se Herdade do Esporão e, na cerveja, Sovina.
O sonho do Esporão
A história do Esporão é a de um projeto sonhado em grande que se tornou realidade. Em 1973, na Herdade do Esporão, havia apenas a Torre e a capela em ruínas, um curral de vacas, alguns armazéns agrícolas e pouco mais. Na época, o Alentejo produzia menos de 3% do vinho nacional. Foi o Esporão que se tornou a âncora da modernidade do vinho alentejano - tanto do vinho como do azeite", afirmou José Roquette numa entrevista ao Público em julho de 2022, quando tinha Joaquim Bandeira como sócio na Finagra, empresa que adotou a designação Esporão em 2009.
Em 1975, a herdade foi intervencionada pelo Estado, sendo devolvida em 1979, quando se retomou a plantação das vinhas. O primeiro vinho foi engarrafado em 1985, e a moderna adega foi construída em 1987, com o lançamento do primeiro vinho Esporão, seguido, em 1991, pela marca Monte Velho.
A estrela Michelin foi o reconhecimento do trabalho feito, equiparando a experiência do restaurante à qualidade dos nossos produtos e enriquecendo a experiência completa de visita à herdade. João Roquette
CEO do Esporão
Em 1994, José Roquette, antes de adquirir a posição de Joaquim Bandeira, propôs, com o seu conhecimento, a venda da Herdade do Esporão à Sogrape, que não se mostrou interessada. Após assumir a totalidade do capital, José Roquette intensificou a distribuição dos vinhos, tanto internacionalmente quanto no mercado interno. Em 1996, adquiriu a Herdade dos Perdigões e, em 1997, iniciou a produção de azeites extra-virgens e inaugurou o primeiro enoturismo certificado em Portugal.
Produção biológica
O que, em 1973, parecia ser apenas o sonho de dois amigos transformou-se, ao longo de 50 anos, num projeto com perspetivas internacionais e geracionais. João Roquette integrou a gestão da empresa em 2005, seguindo os passos do pai, José Roquette. A sua visão e estratégia trouxeram a internacionalização e a sustentabilidade para o centro da cultura empresarial.
Em termos de produção agrícola, o Esporão iniciou a transição para o modo de produção biológico em 2007, abrangendo, em 2021, a Herdade do Esporão, no Alentejo, e a Quinta dos Murças, no Douro, adquirida em 2008. Como explica João Roquette, "a Quinta do Ameal, na região dos Vinhos Verdes, comprada em setembro de 2019, ainda está em transição para o modo biológico, e todos os azeites feitos com azeitona própria já são bio. Essencialmente, o modo de produção biológico permite alcançar uma maior qualidade na produção agrícola e nos produtos resultantes, com vantagens para o meio ambiente e para a saúde das pessoas." Para João Roquette, "o principal desafio do Esporão é garantir uma proposta de valor forte e alinhada com as tendências e desafios de mercado". O gestor identifica mudanças no consumo, que tende a preferir vinhos com menor teor alcoólico, biológicos e com uma maior predominância de vinhos brancos sobre os tintos. "Os azeites deverão continuar a crescer, estando presentes em mercados onde o consumo de vinho é saudável, com uma distribuição e marcas fortes", afirma João Roquette.
Os números em 2023 e 2024
Vendas: 51 milhões de euros
Produção: 14 milhões de garrafas de vinho, 1 milhão de garrafas de azeite
Trabalhadores: 300 pessoas