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Foto em cima: O setor florestal e as indústrias associadas contribuem com mais de 5% do PIB nacional.
O setor florestal e as indústrias associadas contribuem com mais de 5% do PIB nacional e representam aproximadamente 10% das exportações portuguesas. A APCOR - Associação Portuguesa da Cortiça, a Biond - Forest Fibers from Portugal, e o Centro Pinus têm desempenhado um papel relevante no desenvolvimento da floresta portuguesa, nomeadamente do montado, do eucalipto e do pinheiro. Por esse motivo, na edição do ano passado, estas três associações foram galardoadas com o Prémio Especial do Júri dos Prémios Exportação e Internacionalização, uma iniciativa do Novo Banco e do Negócios, em parceria com a Iberinform Portugal.
Em 2023, as exportações de cortiça atingiram 1,2 mil milhões de euros, correspondendo a uma taxa de crescimento das exportações portuguesas de cortiça em valor praticamente nula (0,1%) e a uma contração da procura em volume de cerca de 16%, face ao período homólogo. Para Paulo Américo Oliveira, presidente da APCOR, o "foco deve centrar-se essencialmente em recuperar a competitividade da indústria e em elevar a imagem da cortiça através de campanhas de comunicação internacional, de forma a retomar estruturalmente o ciclo de crescimento". O objetivo é alcançar, em 2030, os 1,5 mil milhões de euros em exportações de cortiça.
Eucalipto e pinho
As exportações de pasta, papel e cartão cifraram-se em 3,1 mil milhões de euros, abrangendo mais de 170 mercados, segundo dados da Biond, que representa os setores da floresta, pasta, papel e cartão. Esta é, portanto, uma bioindústria estratégica para Portugal, que se destaca como o maior produtor europeu de papel de escritório e o terceiro maior de pasta de papel, exportando para 130 países.
Nas indústrias florestais dependentes da madeira de pinho, a fileira do pinheiro-bravo diferencia-se pelo seu significativo contributo para o emprego, assegurando 88% dos postos de trabalho e concentrando 80% das empresas. Segundo dados do Centro Pinus, na primeira transformação de madeira existem mais de 300 empresas. Em termos de exportações, este setor representa 38% das indústrias florestais, com um valor de 2,467 mil milhões de euros em 2023.
Um dos principais desafios do Centro Pinus é o acompanhamento das políticas públicas, "que se torna cada vez mais complexo e indispensável", destacou João Gonçalves, presidente do Centro Pinus. Ele exemplificou a necessidade de articulação entre as políticas energética e florestal, afirmando: "Estamos a queimar cerca de 25% da madeira de pinho, num cenário em que o défice estrutural de madeira ascende a cerca de 50% do consumo daquela matéria-prima".
"Em Portugal, enfrenta-se um desafio transversal nas diferentes fileiras florestais - pinheiro, eucalipto e sobro - caracterizado por um défice crescente de matéria-prima", revelou Gonçalo Almeida Simões, diretor-geral da Biond - Forest Fibers from Portugal. No caso das bioindústrias que operam principalmente com eucalipto, este problema é crítico, apesar de Portugal apresentar condições únicas para o cultivo do Eucalyptus Globulus, considerado mundialmente como a espécie de maior qualidade e produtividade.
Arborização e incêndios
Em termos de ações que o Centro Pinus está empenhado em conquistar apoio público à gestão florestal adequado à pequena propriedade no âmbito da Política Agrícola Comum. "Estamos a trabalhar para que as arborizações com plantas de pinheiro-bravo mais produtivas possam triplicar. Há um ano começámos a plantar a área florestal de demonstração e investiremos para se tornar uma referência nas melhores práticas de gestão", informou João Gonçalves.
Paulo Américo Oliveira elenca como desafios imediatos, tanto da APCOR, como de um sector que exporta mais de 90% da sua produção, atual conjuntura de instabilidade internacional e a inflação. "Tem provocado a desaceleração do crescimento e dos consumos que exigem constantes ajustes nas cadeias de abastecimento, o que não poderia deixar de nos afetar". Refere os efeitos sobre principal cliente da cortiça, o mercado vinícola, que regista quebras significativas tanto na produção (-10% face ao ano anterior) como no consumo (-2,6%) e no comércio internacional de vinho (-9%).
Com experiência e conhecimento em gestão florestal sustentável, a Biond financiou, entre 2018 e o final de 2024, projetos de cerca de 10 mil pequenos proprietários, de adesão voluntária e com um caráter demonstrativo, com cerca de 90 mil hectares. "As áreas geridas pela Biond apresentam uma incidência de incêndios 3,6 vezes inferior em comparação com áreas não intervencionadas, além de um aumento de 23% na produtividade", refere Gonçalo Almeida Simões.