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Foto em cima: A empresa tem 540 trabalhadores na fábrica em Esmoriz e mais 95 na Cordebrás.
Manuel Armando Pereira (1933-2012) começou a sua atividade industrial no início dos anos 1960 uma pequena empresa chamada Sofios, produtora de cordéis de algodão e outras fibras a que se seguiu a produção a produzir cordas e cordões de sisal. Tinha o sonho de criar uma empresa de corda mecânica e transformá-la numa das principais fabricantes mundiais. Sabia que tinha que fazer algumas parcerias estratégicas e fundiu-se com outra empresa local dando origem em 11 de outubro de 1969 à Cordex em Esmoriz onde está a fábrica que produz as cordas e fios sintéticos.
Em 2023, a Cordex foi a empresa vencedora na categoria Exportação + Emprego, dos Prémios Exportação e Internacionalização, uma iniciativa do Novo Banco e do Negócios, em parceria com a Iberinform Portugal.
Na década de 1970, a sobrevivência do projeto foi posta à prova, devido à crise intensa na produção de fio de sisal agrícola, que ainda se mantém até hoje. Foi a implementação das cordas sintéticas que permitiu à Cordex resistir. Em 1976, na unidade industrial de Esmoriz, iniciou-se a produção de espuma flexível de poliuretano, que sofreu com o impacto dos elevados preços da energia nos anos 1980, obrigando à sua reformulação. Em 1980, a Cordex deu início a um processo de modernização da fábrica, introduzindo alterações significativas em toda a infraestrutura e na organização da empresa. Nesse período, a produção de enfardadeiras de fardos sintéticos para uso agrícola começou a ganhar relevância. Na década seguinte, a Cordex expandiu a sua linha de produtos, aplicando-se também ao fabrico de cabos industriais, e iniciou a produção de multi-filamentos, utilizando duas linhas avançadas de última geração. Nesta fase, a empresa já se consolidava como uma indústria de transformação de plásticos em produtos especializados.
O sisal do Brasil
A aposta no Brasil surgiu devido ao sisal e, em fevereiro 2000, o projeto de produzir fios de sisal no Brasil converteu-se em realidade através da Cordebrás que, dois anos depois, começou a produção em Camaçari em Salvador da Bahia no Brasil. Isto permitiu à Cordex aproximar-se das matérias-primas dando-lhe uma posição muito mais competitiva no mercado. No Brasil, em 2017, apostaram também num parque logístico Manuel Armando Pereira, que tem 30 mil metros quadrados e prepara o alargamento do parque para 40 mil metros quadrados.
Em outubro de 2006, iniciou a criação da rede comercial com a Cordex North America, com escritórios em Filadélfia (Estados Unidos) e em Toronto (Canadá), que representa 45% das exportações, e antenas comerciais no Reino Unido, França, Alemanha e Holanda, mas também estão presentes em países da América do Sul, na Austrália e na Nova Zelândia. A Cordex exporta 96% dos produtos para cerca de 55 países e, um dos objetivos do plano estratégico 2023-2025, é aumentar em mais 20% as vendas online até 2025, para entrar em mais mercados internacionais.
A oferta no setor da cordoaria está agregada em quatro grandes marcas: CordexAgri (produtos para a agricultura), onde se diz o primeiro e único fabricante de todos os produtos de enfardamento, CordexAqua (pescas e aquacultura), CordexFun (lazer) e CordexPro (construção, embalagem, desporto e lazer, telecomunicações, geo-têxteis…). ´
Automação e descarbonização
Tem 540 funcionários na fábrica em Esmoriz e mais 95 na Cordebrás. A indústria de cordoaria é muito dependente de mão de obra, com funções muito repetitivas ou com esforço físico, que diminui os fatores de atratividade e retenção de recursos humanos. Neste sentido a empresa tem um projeto de maior automação e robotização industrial e logística.
Uma área em desenvolvimento é a produção de fios biodegradáveis. O plástico utilizado é totalmente reciclável porque é feito de termoplásticos poliolefínicos.
A Cordex tem a certificação Zero Waste e a sustentabilidade, o biodegradável e a economia circular tornaram-se elementos-chave na sua estratégia, com a reutilização de desperdícios e estão a entrar, com parceiros, na recolha e tratamento do produto final em fim de vida. Em França, cobra uma ecotaxa nos produtos vendidos para enfardamento agrícola, que depois é aplicada para pagar a recolha dos produtos finais usados, que depois são reciclados.
Outra área em desenvolvimento é a produção de fios biodegradáveis, por exemplo, o plástico utilizado é totalmente reciclável porque é feito de termoplásticos poliolefínicos. Na eficiência energética, o plano estratégico aponta para uma redução do consumo energético em 20% até 2025, sobretudo, com painéis fotovoltaicos em que pretende chegar aos oito MW, e, ainda um projeto de descarbonização no âmbito do PRR (Plano de Recuperação e Reseiliência).