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A CJR Renewables nasceu para ser global

Começou as suas atividades em Portugal, mas em três anos internacionalizou-se e hoje tem projetos em quase 30 países. Foi uma das vencedoras de 2021.

30 de Setembro de 2022 às 14:00
Miguel Rodrigues, executive board member da CJR Renewables Miguel Von Driburg
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A CJR Renewables, com sede em Guimarães, foi criada em 2002 para a construção do parque eólico do Talefe, mas "é quase uma ‘born global’, dado que atuou exclusivamente em Portugal apenas nos seus primeiros três anos de vida", diz Miguel Rodrigues, executive board member da empresa vencedora da categoria "Grandes Empresas Serviços" na 11.ª edição dos Prémios Exportação & Internacionalizaçãoem 2021. O prémio é uma iniciativa do Jornal de Negócios e do Novo Banco, em parceria com a Iberinform Portugal.

Em 2005, a CJR Renewables realizou o primeiro projeto internacional, na República Dominicana. Foi o princípio de uma volta ao mundo, estando agora projetos em 28 países, sobretudo da Europa e das Américas.

Desde cedo, a empresa sabia que a internacionalização seria a chave do sucesso, mas, como salienta Miguel Rodrigues, "dispunha de variáveis essenciais para que este processo fosse um sucesso, desde a robustez financeira à dimensão necessária, ao mesmo tempo que detinha inúmeros recursos e experiência da empresa-mãe, a CJR".

"A Europa e a América Latina são as duas geografias-chave. Para futuro, prevemos que o know-how e a experiência acumulados da CJR Renewables tenham espaço para acrescentar valor e dinamizar a experiência junto de novos mercados", refere o responsável. Mais recentemente, em 2021, a empresa abriu escritórios nos Estados Unidos, pelo potencial do mercado, onde vislumbra a possibilidade de passar a atuar também em economia de escala.

A CJR Renewables está a construir cinco projetos solares, em regime utility-scale e conta já com dois projetos para a área de negócio de service. Miguel Rodrigues
Executive board member da CJR Renewables
A CJR Renewables faz a construção de parques eólicos, parques solares, instalação de aerogeradores, redes elétricas e manutenção de parques solares, mas é a construção de parques eólicos, em que foi pioneira, a área que tem mais peso. Como destaca Miguel Rodrigues, a "CJR Renewables executa a construção de parques de grande dimensão em modelo turn key (chave na mão)". "Esta é uma das nossas vantagens competitivas - oferecemos um serviço com integração de todas as valências, organizadas por unidade de negócio."

Vinte anos, 500 projetos

Na área de atividade solar fotovoltaica, que é a área mais recente, a empresa também oferece uma solução completa de EPC (Engineering, Procurement and Construction) e service. "Esta área também tem vindo a alcançar uma performance estratégica e operacional bastante sustentada, apesar de ainda não alcançarmos a quota de mercado que temos na energia eólica, porém diria que estamos em muito bom caminho. A título de exemplo, observando apenas Portugal, nesta área a CJR Renewables está a construir cinco projetos solares, em regime utility-scale e conta já com dois projetos para a área de negócio de service", revela o gestor.

Em 20 anos, fizeram mais de 500 projetos e Miguel Rodrigues recorda que o que em 2002 "era um desafio gigante hoje não tem importância para ser tema de uma reunião". Os marcos importantes da história da empresa e que celebram como feitos importantes são mais recentes. Em 2013, fizeram o primeiro projeto da empresa no Chile e que era o maior parque eólico do país, localizado no deserto do Atacama. Em 2015, a construção da maior linha de alta tensão enterrada da Polónia, com cerca de 38 km de extensão e que implicou a cooperação de inúmeras entidades públicas, proprietários.

Helicópteros na construção

Em 2017, utilizaram, pela primeira vez, helicópteros no sistema construtivo. "Chegámos a ter nove helicópteros diários para executar torres de transmissão de energia, numa zona muito montanhosa no deserto do Atacama, no Chile", conta Miguel Rodrigues. Em 2020, iniciaram o maior parque eólico da Colômbia, "onde tivemos de interagir com mais de 45 comunidades diferentes para alcançarmos acordos e, hoje, segue com sucesso. São desafios que começam com mais ou menos complexidade, mas no final fica sobretudo a sensação de dever cumprido", sublinha Miguel Rodrigues.

A CJR Renewables é detida pelo Grupo CJR, que nasceu a partir da construtora CJR - Cândido José Rodrigues, criada em 1970. Hoje, tem negócios de engenharia e construção, construção de parques eólicos e solares, aluguer de equipamentos, sete centrais de produção betuminosa e três pedreiras. Representa cerca de 75% do volume de faturação do Grupo CJR. Para Miguel Rodrigues, a CJR é muito importante e foi a génese da CJR Renewables.


Os desafios da gestão: o ano de 2021 foi, "no mínimo, desafiante"

Começou as suas atividades em Portugal, mas em três anos internacionalizou-se e hoje tem projetos espalhados por quase três dezenas de países.


Os últimos três anos de atividade da CJR Renewables têm sido um verdadeiro desafio de gestão para Miguel Rodrigues, administrador e descendente do fundador do Grupo CJR, que elegeu como lema "Lutar pelo Sucesso". Considera que 2021 foi um ano, "no mínimo, desafiante para uma empresa que desenvolve no exterior quase 90% do seu volume de negócios". Foi também paradoxal, porque registou novos recordes na produção mundial de energias renováveis e, ao mesmo tempo, deram-se as disrupções nas cadeias de abastecimento, que provocaram recordes nos preços das matérias-primas.

Na CJR Renewables, não ficámos imunes à inflação, à falta de mão de obra, de matérias-primas ou aos desafios logísticos, que têm consequências diretas nos rendimentos
da empresa.
Miguel Rodrigues
administrador do fundador do Grupo CJR
O ano seguinte, 2022, trouxe um apaziguamento da pandemia, mas acentuou-se uma crise energética sem precedentes por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia, que provocou sanções europeias e norte-americanas ao invasor. "Em muitos países, os governos locais estão já a minimizar a onda de choque provocada por esta crise e, claro, a propor uma aceleração da transição energética para energias limpas", regozija-se Miguel Rodrigues. Mas logo surge o reverso da medalha. "Na CJR Renewables, não ficámos imunes à inflação, à falta de mão de obra, de matérias-primas ou aos desafios logísticos, que têm consequências diretas nos rendimentos da empresa, ao mesmo tempo que provoca uma enorme instabilidade na variável de pricing", afirma Miguel Rodrigues.

Inflação alarmante

Com presença em cerca de 28 países e a entrar no mercado dos Estados Unidos, Miguel Rodrigues vê para 2023 cenários de incerteza. Nos países em que a empresa atua, "a inflação ronda os 8 % e os 13%, ou seja, estamos perante ‘moedas’ com menor poder, preços mais elevados e expectativas de mercado desalinhadas, apesar de as taxas de juro estarem mais elevadas e estarmos perante mais subsídios governamentais".

A empresa tem como estratégia de crescimento a diversificação de mercados, o que também tem riscos, cujo controlo e acompanhamento é essencial para a sustentabilidade do modelo de negócio. Miguel Rodrigues assegura que está atento às várias tendências inflacionistas "particularmente alarmantes" e aos índices de preços da energia, matérias-primas e custos de construção. "Para 2023, a CJR Renewables tem um pipeline de projetos já assegurado, porém, as consequências de tais aumentos acentuados poderão causar desajuste sobretudo nos valores estimados", sustenta Miguel Rodrigues.
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