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Logoplaste: Internacionalização é como andar de bicicleta

Com seis fábricas em fase de construção e já com outras seis unidades de produção em planeamento, o processo de internacionalização da Logoplaste prossegue em velocidade de cruzeiro. Com presença em 16 países, a empresa aponta no médio prazo ao mercado alemão.

20 de Novembro de 2018 às 12:30
O mercado externo representa 90% da facturação da Logoplaste. Alexandre Azevedo
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O processo de internacionalização da Logoplaste é "um jogo sem fim". "Temos de estar constantemente a crescer, a lançar novas fábricas, novos projectos e a actualizar as fábricas já existentes. É como andar de bicicleta, se paramos caímos", diz ao Negócios o CEO da empresa, Filipe de Botton.

Um ano depois de ter conquistado o Prémio Internacionalização na categoria Grandes Empresas, uma iniciativa conjunta do Negócios e do Novo Banco, a fabricante de embalagens rígidas de plástico prossegue a sua aposta no mercado externo, que representa já mais de 90% da facturação total da empresa portuguesa.

Além das seis fábricas anunciadas há cerca de um ano e que estão ainda em fase de execução, a empresa sediada na Aldeia de Juzo, Cascais, está já na fase final de negociação com vista ao início, a partir de 2019, da construção de cerca de seis novas unidades para concluir até ao final de 2021.

A jóia da coroa é, porém, a unidade Tabler Station, situada na West Virgínia, Estados Unidos, e que está na fase final de execução, tendo inauguração prevista para o início do próximo ano, pese embora não tenha sido ainda apontada uma data final. Esta será a maior fábrica do mundo de embalagens de bens de consumo e representa um investimento, por parte da empresa, em torno dos 197 milhões de dólares (cerca de 172,5 milhões de euros).


90%
Mercado externo
Mais de 90% da facturação total da Logoplaste é proveniente dos mercados internacionais em que está presente.



A expectativa é de que esta unidade garanta uma facturação na ordem dos 150 milhões de euros por ano e que comece a entregar produto já a partir de Abril de 2019.

Assim, as seis unidades que estão próximas da conclusão vão somar-se às 63 já em pleno funcionamento, num conjunto de 16 países que se reparte pela Europa, América do Norte Brasil e Vietname. No Canadá, por exemplo, a empresa detém quatro fábricas, 10 nos EUA, duas na Holanda e três na Polónia.

Esta crescente aposta no mercado externo vai diminuir o peso relativo de Portugal nas contas da Logoplaste. Se actualmente as vendas feitas no mercado luso representam 9% das vendas totais, este valor deverá cair para 6% no final de 2019. "Esta evolução não é porque as vendas em Portugal diminuam do ponto de vista absoluto, mas porque em termos relativos o crescimento tem sido feito em novas geografias", explica o presidente executivo Filipe de Botton.

Aposta futura na Alemanha

Uma das provas que confirma a importância atribuída ao mercado luso prende-se precisamente com o facto de, em Cascais, estar instalado um dos dois grandes centros e inovação e desenvolvimento da Logoplaste, sendo que o outro está sediado em Chicago, EUA. A empresa continua a "investir de forma significativa nestes dois centros de I&D", afiança Botton.

Em 2017, o volume de negócios da Logoplaste ascendeu a 500 milhões de dólares (perto de 438 milhões de euros), com a empresa a prever para 2018 um crescimento homólogo de 10%

Para apostas futuras fica reservada a entrada no mercado alemão. "Por questões estratégicas e de dimensão do mercado, gostávamos de estar no mercado alemão", reconhece Filipe de Botton que acredita ter essa oportunidade nos próximos dois a três anos.


Perguntas a Filipe de Botton
CEO da Logoplaste

Temos de criar sempre o "uau factor"

O líder da Logoplaste considera que as empresas têm de olhar para o mercado global.

A crescente aposta na internacionalização significa que o mercado português será cada vez menos uma prioridade para a Logoplaste?
A aposta no mercado externo não descura o mercado interno. Hoje em dia acho que falar em mercado interno ou externo é um conceito um bocado ultrapassado. Actualmente, toda e qualquer empresa na Europa dedica-se ao mercado global. Os grandes "players" mundiais estão presentes nos mercados internos. Qualquer mercado por natureza é o mercado internacional.

Perante a evolução da Logoplaste, pode dizer-se que "parar de crescer é morrer"?
A grande vantagem de uma empresa estar constantemente em crescimento também tem muito a ver com a motivação que isso traz às pessoas que trabalham na empresa. O desafio permanente e a necessidade constante de inovar. Temos na empresa uma regra de ouro que passa por, em todas as reuniões a que nós vamos, com quem quer que seja, termos de criar o que chamamos de "uau factor": uau, não tinha pensado nisso! Ou seja, criar um factor surpresa.

Actualmente, toda e qualquer empresa na Europa dedica-se ao mercado global. Filipe de Botton
CEO da Logoplaste 

Criar um efeito disruptivo?
Mais do que disruptivo, um efeito diferente. Fazer com que com nos ouve tenha uma reacção do género, "boa não tinha pensado nisso".

A entrada do gigante de "private equity" Carlyle no capital da Logoplaste, que é hoje detido em cerca de metade por capital estrangeiro, é decisiva para a aposta na internacionalização?
Para continuar a crescer e, sobretudo, em projectos muito grandes era fundamental termos capitais próprios, ter dinheiro. Como hoje em dia em qualquer programa de investimento que se faça a banca exige, no mínimo, 30% de fundos próprios, e tendo em conta que estamos a investir neste projectos todos (construção de seis novas fábricas) em torno de 250 milhões de dólares, e que pura e simplesmente os sócios da Logoplaste não tinham esses fundos, houve necessidade de atrair capital, fazer um aumento de capital para trazer os fundos necessários e, assim, criar condições para crescer com estes projectos. É uma forma de poder manter a Logoplaste em crescimento permanente e é uma também uma forma de dar feedback a todos os colaboradores da empresa que merecem pela segurança que dá o crescimento de qualquer empresa e de lhes transmitir tranquilidade porque esta é uma aposta de longo prazo.
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