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BA Glass: uma experiência limite de flexibilidade

A capacidade produtiva teve que ser adaptada ao mercado. Linhas de produção que produziam garrafas para cerveja ou refrigerantes foram convertidas para produzir embalagens para alimentação. Foi preciso encontrar negócios em novos mercados e clientes para substituir reduções significativas.

05 de Novembro de 2020 às 12:15
A BA Glass produz anualmente oito biliões de garrafas em 11 cores. Alexandre Azevedo
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"2020 começou muito positivo para muitas indústrias e também para o vidro de embalagem, com vários indicadores a fazerem acreditar que o crescimento económico seria eventualmente superior ao expectável", referiu Sandra Santos, presidente executiva da BA Glass. O volume de negócios cresceu no primeiro trimestre, mas em março os sinais de incerteza foram-se adensando.

"Quando o mundo entrou em confinamento quase total, o impacto no consumo foi dramático e com o encerramento de bares e restaurantes, o vidro de embalagem, principal negócio da BA Glass, foi muito afetado, sobretudo nos segmentos como os refrigerantes, as cervejas e os vinhos espirituosos, tradicionalmente ligados ao consumo fora de casa e que representavam cerca de 75% das vendas.

"Durante este período estes segmentos assistiram a uma queda abrupta no consumo, atingindo, em alguns casos, reduções de 70%. Por outro lado, no segmento de alimentos e azeites, os produtos mais vocacionados para venda em supermercados e o consumo em casa, assistiram a um crescimento de vendas muito relevante durante o período de confinamento", recorda Sandra Santos.

12 fábricas, sete países

As unidades de produção, como pertenciam à cadeia alimentar, mantiveram-se em funcionamento nos vários países em que a BA Glass está presente como Portugal, Espanha, Alemanha, Polónia, Roménia, Bulgária e Grécia. Implicou uma significativa reorganização das tarefas e atividades, e, como diz Sandra Santos, "suportamo-nos numa imensa disciplina e comprometimento das várias equipas, garantindo que todos pudessem continuar a trabalhar em segurança", mas sublinha que "não foi fácil implementar medidas comuns nas nossas 12 fábricas, localizadas em sete países".

"As nossas equipas, tanto de produção como de vendas, tiveram de se adaptar a tempos que exigem flexibilidade e persistência. A capacidade produtiva teve de ser adaptada às novas necessidades do mercado. Linhas de produção que produziam garrafas para cerveja ou refrigerantes foram convertidas para produzir embalagens para alimentação. Negócios em novos mercados e clientes tiveram de ser desenvolvidos para mitigar reduções significativas em outros mercados/clientes, particularmente nos mercados de exportação", explicou Sandra Santos.

Efeito champanhe

Em todas as geografias sem exceção, a situação tem-se mantido bastante complexa, particularmente afetada pelos encerramentos do canal Horeca, em que as embalagens de vidro predominam. O terceiro trimestre iniciou-se com uma espécie de "efeito champanhe", como diz Sandra Santos, após a abertura dos bares e restaurantes e a chegada do verão. Vários clientes iniciaram a reposição de stocks preparando-se para a retoma do consumo.

No quarto trimestre vieram de novo as incertezas, com os clientes a anteciparem uma segunda vaga e a reduzirem novamente os seus stocks. "Planear diferentes cenários passou a ser uma atividade rotineira, sempre com o foco na preparação para a implementação. O ano tem sido muito desafiante, e assim continuará. Flexibilidade é a regra chave para mantermos as fábricas a trabalhar em pleno e garantir o rendimento das famílias dos nossos trabalhadores", garante Sandra Santos.

A BA Glass produz por ano mais de oito biliões de garrafas em 11 cores nas fábricas de Avintes, Marinha Grande, Venda Nova (Portugal), Léon, Vila Franca de los Barros (Espanha), Gardelegen (Alemanha), Sierakow e Jedlice (Polónia), Bucareste (Roménia), Sófia e Plovdiv (Bulgária) e Atenas (Grécia). Conta com 3.800 funcionários, e distribui embalagens de vidro em mais de 80 países por todo o mundo.


Mais mercados e clientes para sustentar crescimento

"Os nossos clientes estão a adaptar-se a uma nova realidade e estamos convictos de que muitas oportunidades surgirão", diz Sandra Santos.

Em 2019, a faturação do grupo BA Glass foi de 923 milhões de euros e as exportações representaram 25% do total das vendas, mas há que ter em conta que a empresa só considera exportação as vendas que realiza para os países onde não têm unidades de produção.

O ano de 2020 veio alterar as contas e a estratégia de crescimento teve de ser substituída pela capacidade de resistência, mas sem esquecer que "os nossos clientes estão a adaptar-se a uma nova realidade e estamos convictos de que muitas oportunidades surgirão. Continuaremos o nosso projeto de crescimento, com uma base de clientes e mercados mais alargada", considera Sandra Santos. Uma das formas é encontrar novas oportunidades fora dos mercados naturais para compensar as quebras de vendas nestes mercados.

"É um ano que vai ficar para sempre marcado como um ano carregado de incertezas e emoções, em que as alterações de padrões de consumo foram bastante relevantes, obrigando a uma constante necessidade de adaptação, flexibilidade e muita resiliência", diz Sandra Santos, presidente da comissão executiva da BA Glass.

Mudança de chairman

Curiosamente também é o ano em que Carlos Moreira da Silva, ao fim de 22 anos na gestão da empresa, na qual controla direta e indiretamente 50% do capital, saiu e o seu lugar de chairman passou a ser ocupado por Paulo Azevedo, do Grupo Sonae, que já era administrador não executivo. Os outros restantes 50% do capital estão nas mãos da família Silva Domingues.

Segundo a líder executiva da BA Glass, as perspetivas para 2021 são conservadoras, mas acrescenta que "grande parte dos nossos clientes acredita que será difícil voltar aos números de consumo de 2019. Mas também é verdade que outros vão terminar o ano com um volume de vendas muito superior ao de 2019".

Para Sandra Santos, esta crise sanitária, que põe a saúde humana em risco, faz com que o tema da sustentabilidade se torne absolutamente crítico. "O vidro é um material permanente e inerte, que poderá ser reciclado infinitas vezes sem alterar as suas propriedades originais, preservando o sabor e, mais importante, a saúde de todos os consumidores. Temos projetos importantes a serem desenvolvidos na área da sustentabilidade ambiental. Procuramos a neutralidade carbónica, um requisito essencial na preservação do nosso planeta", disse Sandra Santos.

Candidaturas estão abertas Estão abertas as candidaturas à 10.ª edição dos Prémios Exportação e Internacionalização, que é uma iniciativa do Jornal de Negócios e do Novo Banco em parceria com a Iberinform Portugal, com o objetivo de promover o sucesso das empresas nacionais nas exportações e nos negócios internacionais, sobretudo num ambiente recessivo provocado pela pandemia e a quebra da economia. A retoma progressiva da economia nacional e a melhoria da sua competitividade neste quadro de pandemia dependem em muito do incremento da capacidade exportadora e da aposta na internacionalização das empresas portuguesas. Os Prémios Exportação distinguem as empresas com melhor performance exportadora, enquanto nos Prémios Internacionalização se premeiam os casos de sucesso na internacionalização, e serão entregues numa cerimónia a realizar a 3 de dezembro de 2020.
https://cofinaeventos.com/premioexportacaoeinternacionalizacao/
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