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"Em tempos desafiantes, temos de estar muito próximos dos nossos clientes, porque as necessidades do ano passado são diferentes das atuais. No ano passado, o aumento de preços das "commodities" implicou que tivéssemos de fazer financiamentos de curto prazo, em montantes gigantes. Agora, os preços das ‘commodities’ já estão a abrandar, como são os casos do zinco, do níquel, do cobre, e até do gás natural, por isso, os financiamentos de curto prazo vão ser menos importantes, o que vai dar uma liquidez adicional às empresas. É um contexto desafiante mas estamos a navegar à vista para apoiar os nossos clientes", afirmou Andrés Baltar, Chief Commercial Officer Corporate (CCOC) do Novo Banco, na roundtable "O Desígnio das Empresas Portuguesas", que decorreu durante a cerimónia da entrega de prémios da 12.ª edição dos Prémios Exportação & Internacionalização. Esta é uma iniciativa do Jornal de Negócios e o Novo Banco em parceria com Iberinform, que decorreu a 27 de outubro de 2022.
Uma das empresas que sentiram estes apoios foi a Metalogalva, que desenvolve atividade no projeto e fabrico de estruturas metálicas. Como explicou Sérgio Silva, presidente do conselho de administração da Metalogalva, com o forte incremento de preço das matérias-primas "tivemos necessidades do working capital muito fortes porque, para além de estar a crescer em termos de volume de negócios, tivemos de financiar o aumento do working capital por causa do aumento brutal do custo das matérias-primas".
Sérgio Silva assinalou ainda que "um gestor hoje em dia é um gestor de crise permanente", e explica que desde 2008 que temos vindo sempre a gerir crises sucessivas, até coisas novas como a covid-19, a subida os preços do gás e da eletricidade, e agora a inflação, que é um tema novo porque pelo menos a minha geração nunca lidara com a inflação".
Repercutir os preços
Este novo contexto cria outras necessidades de financiamento da empresa e tem influência na mecânica dos preços. A empresa tem fábricas em 12 países e presença comercial noutros territórios, mas "em todos os países em que estamos, na Europa, na Arábia Saudita, no Brasil, na Ucrânia, a inflação é transversal".
"Há empresas que conseguem repercutir logo os custos nos clientes, mas há outras que têm mais dificuldades. Nas nossas próprias empresas temos casos em que de um dia para outro conseguimos fazer valer os novos preços, porque o gás teve este impacto, mas em outras não conseguiremos, porque os timings são mais longos e levam mais tempo", refere Sérgio Silva.
Detalhou as consequências nos dois principais negócios do grupo: a construção civil e obras públicas e nas renováveis. Na construção civil, existem os índices de revisão de preços, que podem corrigir em parte os preços, e nas obras públicas há a figura do pedido do reequilíbrio financeiro. "É um tema que não está bem explorado e os próprios municípios têm dificuldade em o tratar, portanto, ainda não sabem muito bem como é que vão executar o reequilíbrio financeiro pedido", considerou Sónia Fernandes.
Na parte das energias renováveis, em que faz a construção de parques eólicos, parques solares, instalação de aerogeradores, redes elétricas e manutenção de parques solares, os contratos são fechados, o que se vai refletir na margem expectável da obra. "O que estamos a fazer é antecipar compras, tentar fazer aqui um ‘back to back’, estou a fechar negócio com cliente, vou fechar com os fornecedores dos painéis, das infraestruturas metálicas, dos inversores. O que implica um esforço financeiro e estudar as fontes de financiamento", afirmou Sónia Fernandes.
A qualidade média da gestão
Alberto Castro, professor catedrático da Universidade Católica do Porto e membro do júri, referiu um aspeto estrutural de que se fala pouco, em termos do crescimento do país, da dificuldade em exportar e internacionalizar, que é a qualidade média da gestão das empresas, que estudos internacionais, feitos por comparação com outros países, "não nos colocam particularmente bem". Depois observou que o número das empresas que exportam ainda é muito pequeno, mas considerou que nunca haverá muitas empresas exportadoras. "Numa estrutura empresarial em que mais de 90% são micro ou pequenas empresas, se nós tivermos 10% das empresas a exportar já não é mau", assinalou Alberto Castro.
Mas adiantou que já se começa a fazer o caminho para perceber que, na economia moderna, a dimensão é importante. "Para isso é preciso que se criem incentivos mas, sobretudo, que se acabem com os desincentivos. As empresas quando passam, por exemplo, de pequenas para médias, muitas vezes levam com uma carga de trabalhos em cima que conduz a que, sobretudo em empresas familiares, as pessoas se questionem porque é que se vão meter naquela confusão", sublinhou Alberto Castro.
Uma das empresas que sentiram estes apoios foi a Metalogalva, que desenvolve atividade no projeto e fabrico de estruturas metálicas. Como explicou Sérgio Silva, presidente do conselho de administração da Metalogalva, com o forte incremento de preço das matérias-primas "tivemos necessidades do working capital muito fortes porque, para além de estar a crescer em termos de volume de negócios, tivemos de financiar o aumento do working capital por causa do aumento brutal do custo das matérias-primas".
Sérgio Silva assinalou ainda que "um gestor hoje em dia é um gestor de crise permanente", e explica que desde 2008 que temos vindo sempre a gerir crises sucessivas, até coisas novas como a covid-19, a subida os preços do gás e da eletricidade, e agora a inflação, que é um tema novo porque pelo menos a minha geração nunca lidara com a inflação".
Repercutir os preços
Este novo contexto cria outras necessidades de financiamento da empresa e tem influência na mecânica dos preços. A empresa tem fábricas em 12 países e presença comercial noutros territórios, mas "em todos os países em que estamos, na Europa, na Arábia Saudita, no Brasil, na Ucrânia, a inflação é transversal".
"Há empresas que conseguem repercutir logo os custos nos clientes, mas há outras que têm mais dificuldades. Nas nossas próprias empresas temos casos em que de um dia para outro conseguimos fazer valer os novos preços, porque o gás teve este impacto, mas em outras não conseguiremos, porque os timings são mais longos e levam mais tempo", refere Sérgio Silva.
Temos contratos fechados, obras plurianuais, e não conseguimos porque temos de respeitar contratos, os preços. O que se reflete na margem da obra em si. Sónia Fernandes
CFO da CJR II Renewables
Nos negócios da CJR, a evolução da inflação e o aumento da componente das matérias-primas nem sempre podem ser repercutidos nos preços dos clientes. "Temos contratos fechados, obras plurianuais, e não conseguimos porque temos de respeitar contratos, os preços. O que se reflete na margem da obra em si", disse Sónia Fernandes, CFO da CJR II Renewables.CFO da CJR II Renewables
Detalhou as consequências nos dois principais negócios do grupo: a construção civil e obras públicas e nas renováveis. Na construção civil, existem os índices de revisão de preços, que podem corrigir em parte os preços, e nas obras públicas há a figura do pedido do reequilíbrio financeiro. "É um tema que não está bem explorado e os próprios municípios têm dificuldade em o tratar, portanto, ainda não sabem muito bem como é que vão executar o reequilíbrio financeiro pedido", considerou Sónia Fernandes.
Na parte das energias renováveis, em que faz a construção de parques eólicos, parques solares, instalação de aerogeradores, redes elétricas e manutenção de parques solares, os contratos são fechados, o que se vai refletir na margem expectável da obra. "O que estamos a fazer é antecipar compras, tentar fazer aqui um ‘back to back’, estou a fechar negócio com cliente, vou fechar com os fornecedores dos painéis, das infraestruturas metálicas, dos inversores. O que implica um esforço financeiro e estudar as fontes de financiamento", afirmou Sónia Fernandes.
A qualidade média da gestão
Alberto Castro, professor catedrático da Universidade Católica do Porto e membro do júri, referiu um aspeto estrutural de que se fala pouco, em termos do crescimento do país, da dificuldade em exportar e internacionalizar, que é a qualidade média da gestão das empresas, que estudos internacionais, feitos por comparação com outros países, "não nos colocam particularmente bem". Depois observou que o número das empresas que exportam ainda é muito pequeno, mas considerou que nunca haverá muitas empresas exportadoras. "Numa estrutura empresarial em que mais de 90% são micro ou pequenas empresas, se nós tivermos 10% das empresas a exportar já não é mau", assinalou Alberto Castro.
Mas adiantou que já se começa a fazer o caminho para perceber que, na economia moderna, a dimensão é importante. "Para isso é preciso que se criem incentivos mas, sobretudo, que se acabem com os desincentivos. As empresas quando passam, por exemplo, de pequenas para médias, muitas vezes levam com uma carga de trabalhos em cima que conduz a que, sobretudo em empresas familiares, as pessoas se questionem porque é que se vão meter naquela confusão", sublinhou Alberto Castro.