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West Sea: engenharia e inovação abrem mercados

A West Sea foi a vencedora da categoria Exportações - Grandes Empresas - Bens Transacionáveis em 2021. Hoje, num contexto mais adverso, a empresa que gere os estaleiros de Viana do Castelo tem na localização um dos trunfos do negócio.

27 de Setembro de 2022 às 14:00
Vítor Figueiredo, administrador da West Sea, empresa do Grupo Martifer.
DR
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Para 2023 é previsível "uma conjuntura que não é a desejável, no entanto, temos a estratégia definida e as nossas perspetivas são otimistas", afirma Vítor Figueiredo, administrador da West Sea, empresa do Grupo Martifer que no ano passado foi a vencedora da categoria Exportações - Grandes Empresas - Bens Transacionáveis na 11.ª edição dos Prémios Exportação & Internacionalização, uma iniciativa do Jornal de Negócios e do Novo Banco, em parceria com a Iberinform Portugal . "Claro que tanto o fator inflação como as subidas das taxas de juro são importantes para as tomadas de decisão de investimento, mas entendemos que as oportunidades vão continuar a aparecer", sublinha.

O balanço que a empresa faz dos últimos dois últimos anos, 2021 e 2022, também é positivo, mas com nuances, até porque a faturação do negócio da indústria naval da Martifer, de que a West Sea é o navio-almirante, caiu de 118,9 milhões de euros em 2020 para 91,7 milhões de euros em 2021. No primeiro semestre de 2022, os rendimentos operacionais da indústria naval ascenderam a 32,3 milhões de euros, menos 38,0% face ao período homólogo, com a construção naval a representar 36% e a reparação naval cerca de 64%. No final do primeiro semestre de 2022, a carteira de encomendas totalizava 243 milhões de euros.

Temos mantido uma atividade comercial bastante dinâmica, com oportunidades de diversos clientes internacionais que nos abrem boas perspetivas para o futuro. Vítor Figueiredo
Administrador da West Sea, empresa do Grupo Martifer
Na pandemia, o impacto foi sobre um dos principais produtos da West Sea, que são os navios cruzeiros, atividade turística muito afetada. Como explica Vítor Figueiredo, "provocou um abrandamento significativo no ritmo dos investimentos dos clientes, provocando uma ligeira desaceleração no nosso ritmo de produção. Por outro lado, a atividade de reparação naval não sofreu grandes impactos, tendo mantido o seu ritmo normal. Com a questão da guerra, os impactos mais sentidos estão relacionados com os preços das matérias-primas e da energia, que têm contribuído para um cenário de instabilidade."

O elevado valor da construção

A atividade de reparação e conversão naval representa cerca de 30% do total da produção da West Sea, que tem uma lista diversificada de clientes e de diversas geografias. Quanto à construção naval, Vítor Figueiredo considera que é "um produto muito específico e de elevado valor". Acrescenta que "quando um estaleiro tem um contrato de construção em curso, normalmente tem grande parte da sua capacidade tomada e o peso dessa construção é sempre significativo. Temos mantido uma atividade comercial bastante dinâmica, com boas oportunidades de diversos clientes internacionais, com planos de investimento bastante interessantes e que nos abrem boas perspetivas para o futuro." Uma das vantagens da West Sea tem sido a localização, com a proximidade de rotas internacionais de fluxo de navios de carga. A proximidade dos eixos do Atlântico Norte permite a captação de clientes internacionais. É o que dá vocação exportadora à West Sea.

Os produtos e serviços da West Sea têm como principais concorrentes empresas dos países europeus, porque, como sublinha Vítor Figueiredo, "estamos e queremos continuar a estar no mercado de produtos com elevada incorporação tecnológica e engenharia". Na sua opinião, a West Sea tem uma "equipa de engenharia muito bem preparada e do melhor que se pode encontrar". O facto de ter capacidade de engenharia é diferenciador, a que se junta a inovação que é também um dos fatores que podem colocar a West Sea em outros patamares. "Tanto na construção como na reparação, o tema da eficiência energética e as questões ambientais têm aberto oportunidades que temos concretizado e achamos que teremos um papel importante a desempenhar nessas áreas", considera Vítor Figueiredo.

Doca espera licenciamento

A West Sea está a preparar o seu maior investimento nos estaleiros navais de Viana do Castelo com a construção de uma nova doca, que terá 220 metros de comprimento e 45 metros de largura, o que lhe vai permitir atuar na área da reparação naval no mercado dos navios de maior dimensão, ajudando a equilibrar o peso da atividade de reparação e construção. Mas, como refere Vítor Figueiredo, "este investimento já deveria estar em curso, mas os constrangimentos de licenciamento têm sido um entrave difícil de ultrapassar".

Um novo campo que se pode abrir à West Sea relaciona-se com a possível construção para a Northern Explorer do primeiro navio de cruzeiro com zero carbono. Encontra-se "numa fase preliminar de desenvolvimento deste projeto que, se for bem-sucedido por parte do seu promotor, temos uma boa oportunidade de o vir a materializar. Estar desde o início no grupo de desenvolvimento deste projeto é muito importante para nós, com a oportunidade de desenvolver e ser integradores das diferentes tecnologias", salienta Vítor Figueiredo.
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