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2021 pode bater recorde de exportação de bens de 2019

As exportações de bens foram, de janeiro a agosto de 2021, superiores 4,1% ao período homólogo de 2019, o que permite “projetar 2021 ligeiramente acima de 2019”, mesmo com um contexto de grande incerteza.

04 de Novembro de 2021 às 15:30
Eurico Brilhante Dias marcou presença na entrega dos Prémios Exportação & Internacionalização. Mariline Alves
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"O ano de 2020 foi muito difícil para a sociedade na área da saúde pública, mas também na área empresarial e em particular para o setor exportador e também para a captação de investimento direto estrangeiro", por isso premiar as empresas nas suas atividades de internacionalização e de exportação tem particular importância, afirmou Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado da Internacionalização durante a 11.ª edição dos Prémios Exportação e Internacionalização, uma iniciativa do Jornal de Negócios e do Novo Banco em parceria com a Iberinform Portugal.

A dinâmica de 2019 foi interrompida pela pandemia com as exportações a descerem de forma abrupta apesar da recuperação que se sentiu no segundo semestre de 2020, o que fez com que a quebra das exportações se cifrasse em menos 10%, a queda nos serviços "foi muito mais violenta" devido sobretudo ao turismo e ao transporte aéreo. As empresas exportadoras revelaram-se mais resilientes do que as que têm apenas como foco o mercado interno.

Em 2021, há crescimentos na área de bens que superam os 20% no acumulado homólogo até agosto de 2021 e mesmo na área dos serviços, mas "de forma mais paulatina". Contudo, "o verdadeiro referencial não é 2020". Em comparação com 2019, que representou o recorde das exportações nacionais com mais de 90 mil milhões de euros, a recuperação das exportações de bens permite dizer que de janeiro a agosto de 2021 foram superiores 4,1% ao período homólogo de 2019 com grande tração dos bens de equipamento, dos têxteis e do vestuário, máquinas e aparelhos, bens alimentares, o que permite "projetar 2021 ligeiramente acima de 2019", mesmo com um contexto de grande incerteza.

O regresso aos superavits

"A mesma recuperação não vai acontecer na área de serviços, mas poderá ser este a dar um impulso adicional em 2022. Por isso em 2023 as exportações de bens e serviços poderão recuperar o peso que tinham no PIB em 2019 que era de 44%", assinalou Eurico Dias Brilhante.

Revelou que o objetivo de atingir 50% do PIB em exportações foi deslocado de 2027 para 2030. "De 2015 a 2019, entraram 13 mil empresas em mercados novos, o número médio de mercado servidos por empresa do setor exportador aumentou 0,7%. É preciso diversificar clientes e mercados, de forma a alargar a base mas também para gerir risco", disse Eurico Dias Brilhante.

É preciso diversificar clientes e mercados, de forma a alargar a base, mas também para gerir o risco.

A estabilidade dos fatores de produção e do seu preço é um elemento decisivo para investir e arriscar melhor.
Eurico Brilhante Dias, Secretário de Estado da Internacionalização 

O PRR e Portugal 2030 devem contribuir para uma maior dinamização das exportações de bens e serviços transacionáveis para que se possa aumentar o grau de abertura da economia portuguesa. Acentuou que de 2012 a 2019 Portugal teve um saldo da balança comercial positivo, conseguindo vencer uma espécie de lei de ferro em que ao aumento de atividade se sucedia o crescimento acelerado das importações, criando défice. O caminho futuro é o crescimento económico e das exportações e o regresso aos superavits.

O círculo virtuoso

O círculo virtuoso entre captação de investimento direto estrangeiro e exportações nacionais tem sido a chave, segundo Eurico Dias Brilhante. Considerou que o investimento direto estrangeiro tem um papel muito importante no fluxo exportador nacional. A AICEP com os contratos fechados em outubro atinge os 1,2 mil milhões de euros de investimento apoiado em 2021, tendo nos últimos quatro anos acumulado mais de 5 mil milhões de euros.

Portugal tem ganho quota de mercado na Europa com 1,8 pontos percentuais, segundo o Banco de Portugal, e ganhou quota também na captação de investimento estrangeiro, "estando neste momento no top 10 dos países que mais captam projetos de investimento direto estrangeiro".

A incerteza está não só nos preços da energia com os combustíveis, a eletricidade e o gás, que tem um impacto muito significativo nas operações das empresas portuguesas, e se continuar esta tendência vai aumentar o impacto nos preços dos consumidores como nos elementos de incerteza também em termos de gestão da pandemia. Tudo isto tem impacto nas decisões de investimento e esta incerteza "é o nosso maior inimigo para a recuperação do setor exportador e da economia portuguesa e das economias no seu conjunto". Salientou que a "estabilidade dos fatores de produção e do seu preço é um elemento decisivo para planear, programar bem e para investir e arriscar melhor".

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