Outros sites Medialivre
Notícia

Bial: uma história de sucesso sustentada na inovação

António Portela, CEO da Bial, foi distinguido com o Prémio Personalidade, pela visão estratégica e investimento na área da I&D. O gestor partilhou uma verdadeira história de inovação, a de uma empresa que fazia cópias de medicamentos e que se transformou em uma empresa farmacêutica com presença internacional. A Bial é a materialização da aposta na investigação e desenvolvimento.

30 de Junho de 2023 às 16:00
António Portela, CEO da Bial, foi distinguido com o Prémio Personalidade Mariline Alves
  • Partilhar artigo
  • ...
Falta um ano para que a Bial complete 100 anos de atividade na indústria farmacêutica. Hoje liderada por António Portela, bisneto do fundador que assume o cargo de CEO, a Bial personifica a história da inovação em Portugal. Uma jornada que começou há 30 anos com a aposta na investigação e desenvolvimento, nomeadamente na área da neurociência. À época, o departamento de I&D era composto por três pessoas que deram os primeiros passos em projetos na área química. "Nessa altura, as condições para fazer investigação e desenvolvimento em Portugal eram muito poucas", mencionou António Portela, CEO da Bial, distinguido com o Prémio Personalidade, pela visão estratégica e investimento na área da I&D. Hoje, são 130 os cientistas, de 25 nacionalidades, a trabalhar com a Bial.

No início dos anos 90, a empresa começou a fazer cópias de medicamentos, o que hoje se apelidam de genéricos. "Copiávamos aquilo que faziam outras empresas, mas sem grande diferenciação", explicou o executivo. Nasciam assim o Clavamox e o Reumon Gel, duas marcas tradicionais da Bial, que, não sendo investigação da empresa portuguesa, são duas licenças de medicamentos impregnados de inovação. "Isto permitiu-nos, por um lado, ter produtos no mercado. Por outro lado, aprender com as multinacionais, assimilar o que estavam a fazer e a desenvolver. Havia realmente poucas condições para fazermos investigação e desenvolvimento, assim como havia poucas pessoas que o fizessem. Tivemos de ir procurar recursos fora."

Um longo processo de investimento

O caminho da inovação foi seguindo, materializado no Zebinix e no ONgentys, desenvolvidos, patenteados e comercializados pela Bial em dezenas de países em todo o mundo. Mas o processo da inovação não é propriamente célere e a entrada destes dois medicamentos no mercado é um claro exemplo disso. Patenteado em 1996, o Zebinix só foi lançado na Europa em 2009 e nos Estados Unidos em 2014. "Há um hiato temporal enorme que é um hiato de investimento intensivo. Aliás, cada vez mais intensivo nos últimos anos."

O ONgentys, patenteado em 2005 para a doença de Parkinson, chegou ao mercado europeu em 2016, demorou 11 anos para ser comercializado. Chegou ao mercado americano e japonês em 2020 e continua a chegar a algumas geografias, como Coreia e Austrália. "Este processo é muito lento. A aposta que temos feito demora muitíssimos anos a dar frutos. Para cada uma daquelas moléculas chegar ao mercado, sintetizamos, em média, 15.000 moléculas. Durante estes anos todos, a maior parte delas, ou seja, 14.999, vão para o lixo. Há uma que chega ao mercado, portanto, temos de estar dotados de uma equipa realmente com competências absolutamente extraordinárias, quer competências técnicas, quer competências ao nível da resiliência e da forma de trabalhar, de não desistir do que estão a fazer."

Não só triplicámos a nossa faturação nos últimos 10 anos, como também internacionalizámos a empresa. António Portela
CEO da Bial
A equipa da Bial é hoje composta por 850 pessoas, das quais 130 são cientistas. António Portela explicou na sessão que 80% destes recursos são licenciados e mais de 10% são doutorados. "Temos uma aposta muitíssimo grande na qualidade das pessoas porque entendemos que só assim conseguimos desenvolver produtos ou serviços com qualidade e trazer inovação." A Bial investe cerca de 20% da sua faturação em investigação e desenvolvimento. "Estamos sempre no topo do ranking das empresas que mais investem em investigação e desenvolvimento. Curiosamente, em 2021, que são os últimos dados do Ministério da Ciência, somos mesmo a empresa que em Portugal mais investiu em investigação e desenvolvimento. Investimos mais de 80 milhões de euros em 2021, um valor absolutamente extraordinário, pelo menos para a nossa dimensão.

De local a internacional

Todo este investimento transformou a companhia, que passou assim de ser uma empresa local, que só operava em Portugal e copiava o que outras empresas faziam, para ser uma empresa com filiais em 10 países, com medicamentos patenteados nos Estados Unidos, na Europa, no Japão ou na China. "Fomos capazes. Este processo fez com que também montássemos as nossas próprias filiais, portanto, passámos de um processo de exportação, há 30 anos, para um processo de internacionalização no qual montámos as nossas filiais em Espanha, na Alemanha, Itália, França, Inglaterra. E temos parcerias com empresas farmacêuticas nos Estados Unidos, no Japão, na China, nos grandes mercados a nível mundial. Não só triplicámos a nossa faturação nos últimos 10 anos, como também internacionalizámos a empresa." Hoje, a Bial assume-se como uma das empresas ao nível das neurociências que mais cartas dão na Europa, quer pela sua extensa presença, quer pelos medicamentos que disponibiliza. "E isto advém claramente da nossa aposta da investigação e desenvolvimento."
Mais notícias