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A inovação, quando bem feita, está na base do aumento da produtividade e da maior satisfação das necessidades das populações. Mais inovação significa mais crescimento económico e o avanço dos negócios, das empresas e dos serviços públicos, que se converte num natural avanço do país.
Afonso Eça, diretor executivo do Centro de Excelência de Inovação e Novos Negócios (CEINN) do BPI, fala de como o investimento em inovação tem um cariz cumulativo, por um lado, e multiplicador, por outro. O investimento em inovação, quando bem aplicado, converte-se em talento, conhecimento e instrumentos que podem ser utilizados futuramente. Multiplicador porque o investimento em inovação origina maior produtividade, o que traz riqueza, que pode ser canalizada para mais investimento em inovação.
Qual é a visão do BPI para a inovação em Portugal?
Há várias décadas que o BPI tem vindo a apoiar a criação de um ecossistema de inovação – fomos, por exemplo, promotores do lançamento da COTEC Portugal e de outras instituições de charneira entre a universidade e as empresas, como é o caso do INESC e do INEGI. Estas instituições, entre outras, têm um papel determinante na relação das empresas com as instituições universitárias e no objetivo de traduzir a capacidade de investigação em valor económico.
Há uma forte vontade de inovar e excelentes iniciativas de inovação, transversais aos vários setores da economia.
Esta motivação e estas iniciativas, com os apoios e ambiente socioeconómico adequados, contribuirão para o crescimento económico do país e ajudarão Portugal a prosperar e a convergir com a Europa.
Quais os principais desafios que a inovação enfrenta em Portugal?
A boa notícia é que Portugal já começou a percorrer o caminho e tem, hoje, um ecossistema de inovação forte e próspero, onde é fomentado o diálogo e a partilha de recursos e experiências. Se, a este caminho, for acrescentado um passo em direção à investigação e desenvolvimento e a uma melhor retenção de talento, não há nenhuma razão para Portugal não entrar num ciclo ainda mais virtuoso de inovação e crescimento económico.
Os riscos para esta evolução estão na herança de relativamente baixo investimento em inovação e em investigação científica, que se converte numa dificuldade em atrair talento e em ter os instrumentos certos para inovar e transformar digitalmente a sociedade. Adicionalmente, existe em Portugal uma dificuldade em agir de forma concertada entre indústrias e setores – público e privado. Na inovação, esta dificuldade também é sentida e, portanto, é importante que os esforços dos vários agentes económicos não sejam encarados como um fim em si mesmo, mas sim parte de um esforço coletivo.
Que papel desempenha o banco na promoção da inovação em Portugal?
O BPI tem na sua génese a inovação. Fomos o primeiro banco a surgir após a abertura do setor à iniciativa privada e a primeira instituição bancária cotada na bolsa portuguesa. Procuramos, na nossa atividade, inovar constantemente na maneira como fazemos as coisas e não só ter novas características nos nossos produtos, como também lançar novos produtos e iniciativas distintivas.
Sendo um banco, temos ainda, no nosso negócio, um papel intrínseco de financiamento e apoio à inovação de PME e de grandes empresas. Procuramos manter a qualidade do nosso serviço e dar apoio no dia-a-dia da inovação dos nossos clientes, ao mesmo tempo que garantimos boas condições de financiamento. É exemplo disto o acordo que assinámos com o Fundo de Investimento Europeu (FEI), que prevê a mobilização de até 155 milhões de euros em linhas de crédito para melhorar o acesso ao financiamento de empresas portuguesas de pequena e média dimensão (PME).
Por último, reconhecemos que não promovemos a inovação sozinhos. O BPI procura estar presente e contribuir construtivamente para o ecossistema de inovação português. Para isso, somos parceiros de iniciativas como o Prémio PME Inovação COTEC BPI, da Fintech House e da Fábrica de Unicórnios e procuramos manter um diálogo constante e parceria com start-ups e empresas com soluções inovadoras.
O Prémio Nacional de Inovação (PNI), que promovemos com o Negócios e a Claranet, é um exemplo claro de como podemos colaborar para promover a inovação e o seu efeito multiplicador em Portugal.
Quais os principais desafios que enfrentam na promoção da inovação?
Para nos tornarmos ainda mais inovadores, temos de cultivar continuamente uma cultura interna de fazer mais e melhor. O desafio é inovar não descurar o nosso negócio corrente, com o investimento de tempo, esforço e recursos que isso implica e, mesmo assim, continuar a inovar de forma incremental e, com ainda mais desafio, de forma disruptiva. Em ecossistema e em projetos conjuntos, há o desafio de conciliar os interesses e formas de trabalhar das várias entidades envolvidas e, em cada projeto, retirar o máximo de proveito para o banco ao mesmo tempo que agimos de forma cooperativa.
Além disso, com a evolução tecnológica os requisitos de qualificação estão sempre a mudar, o que coloca desafios ao nível do talento. E aqui, as empresas têm a opção de preencher os postos de trabalho no mercado aberto e tornar-se um espaço onde se desenvolvem as competências e controla a construção do pipeline de talentos a partir de dentro.
No BPI, por exemplo, criámos academias para desenvolver talento na área da inteligência artificial (data science). É muito positivo conseguir atrair esse tipo de talento. Damos condições salariais atrativas, damos formação e, também muito importante, damos condições para que os projetos inovadores onde trabalham sejam concretizados. E o nível de transformação desses projetos é de tal forma transversal ao banco, que os nossos colaboradores noutras áreas estão também a obter qualificações para extrair o máximo potencial dessas tecnologias.
Que papel espera desempenhar o BPI no futuro da inovação em Portugal, nomeadamente no setor da banca?
Para nós, o objetivo é sempre procurar fazer mais e melhor. O nosso objetivo é trabalhar para continuarmos a ser uma referência da inovação da banca em Portugal e liderar o financiamento à inovação na economia. Ao mesmo tempo que vemos formas de manter a qualidade do nosso serviço e dos nossos balcões, no futuro, pretendemos manter a oferta de acordo com as necessidades dos clientes e manter os nossos produtos atualizados digitalmente.
Temos ainda o compromisso de explorar tecnologias e temas mais disruptivos, como o open banking, a inteligência artificial, o euro digital, ou a web 3.0, procurando integrá-los no nosso negócio ou através da inserção da tecnologia no nosso portfolio de produtos e serviços atual ou através de novos produtos e serviços.
Só no último ano, o banco foi pioneiro no lançamento de um balcão em realidade virtual (BPI VR), de um mercado de colecionáveis digitais/NFT (D-verse) e de um jogo no mundo virtual Roblox (Age Planet Craft Tycoon).
Que avaliação fazem da primeira edição do Prémio Nacional de Inovação?
A primeira edição do PNI foi um sucesso. O balanço é claramente positivo. Contando com mais de 100 candidaturas e com eventos cheios, os objetivos de premiar e falar sobre inovação em Portugal ficaram mais que cumpridos. O trabalho com o Negócios e a Claranet, com o apoio da Nova SBE como knowledge partner e da COTEC Portugal como parceiros institucionais foi positivo e deixa-nos expectantes para a segunda edição.O que se pode esperar da segunda edição do PNI?
A segunda edição do PNI vai ter várias novidades. Vamos premiar empresas com base no seu tamanho ou segmento de negócio, iniciativas que se destaquem na utilização de determinadas tecnologias e uma personalidade de destaque na inovação em Portugal.
Esperamos poder destacar o que de melhor se está a fazer em Portugal na inovação e, assim, inspirar outras organizações, públicas e privadas, a trilhar este caminho. Do nosso lado, pode esperar-se o total compromisso do BPI, em mais uma iniciativa onde o banco vai colaborar com parceiros para promover e premiar a inovação em Portugal.