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Investimento em inovação potencia evolução da saúde

O aumento do investimento em inovação tem impulsionado transformações significativas no setor da saúde. Em 2023, os gastos globais com investigação e desenvolvimento em saúde terão atingido 1,5 biliões de dólares, refletindo um aumento de 10% em relação ao ano anterior.

Susana Marvão 03 de Maio de 2024 às 14:00
Neurologista utiliza tecnologia robótica e médica para diagnosticar e examinar paciente com software inteligente.
Neurologista utiliza tecnologia robótica e médica para diagnosticar e examinar paciente com software inteligente. Getty Images
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O aumento significativo na expectativa da esperança média de vida nos últimos 60 anos é um testemunho do progresso nas práticas médicas e na acessibilidade aos cuidados de saúde, potenciados por uma clara aposta, materializada em investimento, na inovação neste setor. Em abril de 2023, o FMI estimou que o investimento global em R&D em saúde chegaria a 1,5 biliões de dólares até o final do ano, um aumento de 10% em relação a 2022. Este progresso, conforme indica o Institute for Health Metrics and Evaluation, potenciou um aumento médio de 20 anos na longevidade, um marco que destaca as conquistas na medicina, como o desenvolvimento de novas vacinas, tratamentos para doenças crónicas e avanços tecnológicos em diagnósticos e tratamentos.

Num sentido lato, o "retorno do investimento" nesta área parece "fácil" de mensurar. O McKinsey Health Institute destaca que um enfoque na melhoria da saúde a nível das cidades - prevê-se que os habitantes dos grandes centros urbanos aumentarão para cerca de 70% da população mundial até 2050 - poderia adicionar entre 20 a 25 mil milhões de anos de vida de qualidade às populações urbanas globais. Este impressionante impacto sugere que a inovação não é apenas uma questão de desenvolvimento médico, mas também de implementação eficaz de políticas de saúde que sejam inclusivas e sustentáveis.

A pandemia conduziu a uma aceleração na adoção de novas tecnologias e novos modelos de prestação de cuidados de saúde. Carlos Cruz
Partner e Líder do Setor de Life Sciences & Health Care da Deloitte Portugal
Os especialistas são unânimes ao afirmar que a inovação no setor da saúde deve incluir a capacitação e expansão da força de trabalho médica. Com mais profissionais de saúde bem qualificados e recursos suficientes, as cidades podem ser mais eficazes em responder às necessidades das suas crescentes e diversificadas populações. "Podemos, certamente, afirmar que há um antes e um depois da pandemia ao nível do setor da saúde. A pandemia conduziu a uma aceleração na adoção de novas tecnologias e novos modelos de prestação de cuidados de saúde, otimizando e melhorando o desempenho por parte de prestadores de cuidados, ao mesmo tempo que profissionais de saúde e pacientes percecionaram vantagens na crescente digitalização, garantindo ou facilitando o acesso aos cuidados", refere Carlos Cruz, partner e líder do setor de Life Sciences & Health Care da Deloitte Portugal.

Pandemia "ainda" presente

Em todo o contexto, não podemos (ainda) esquecer que a pandemia de COVID-19 deixou uma marca indelével no setor de saúde global, acelerando a adoção de tecnologias inovadoras e remodelando os modelos de prestação de cuidados. O relatório "2023 Global Health Care Outlook" da Deloitte destaca por exemplo a inevitável aposta na transformação digital e entrega de saúde virtual, nomeadamente em telemedicina, consultas virtuais e até hospitais "domésticos" a tornarem-se elementos fundamentais na prestação de cuidados. Em 2022, a expectativa era que os investimentos em saúde virtual crescessem 39%, indicando um robusto caminho de crescimento e aceitação por parte de pacientes e profissionais de saúde.
IA na linha da frente

A IA pode ajudar os sistemas de saúde a progredir na abordagem das desigualdades no acesso à saúde, melhorando o envolvimento do paciente e informando as autoridades responsáveis sobre a realidade de como as pessoas vivem. Paulo Silva
Health Sciences and Wellness Leader na EY Portugal
Na saúde, como um pouco em todos os setores, a Inteligência Artificial tem terreno fértil, com a sua capacidade de analisar grandes volumes de dados, aprender padrões complexos e realizar tarefas de forma autónoma a revolucionar a forma como se tratam, diagnosticam e preveem doenças. É por isso consistente que no?EY Global Consumer Health Survey 2023?cerca de 52% dos inquiridos tenham afirmado que a IA será comum na área da saúde nos próximos 10 anos, nomeadamente no diagnóstico de doenças, na medicina de precisão, na monitorização remota e prevenção, na gestão de dados e eficiência hospitalar e mesmo nas politicas de saúde, em que num âmbito mais abrangente pode ser utilizada para recolher?insights?sobre as populações as quais tenderão a estar mais informadas, mais exigentes e menos tolerantes à incerteza. "A IA pode ajudar os sistemas de saúde a progredir na abordagem das desigualdades no acesso à saúde, melhorando o envolvimento do paciente e informando as autoridades responsáveis sobre a realidade de como as pessoas vivem", sustenta Paulo Silva, health sciences and wellness leader na EY Portugal. "Veremos no futuro próximo muitas mais aplicações da?Generative AI?pois possui um potencial imenso para contribuir na transformação digital na saúde, contribuindo para a tornar mais precisa, personalizada e eficiente abrindo caminhos para uma medicina mais avançada e centrada no paciente". Simultaneamente, sustenta este especialista, é necessário enfrentar os desafios éticos e de privacidade, garantindo que esta tecnologia seja usada de forma responsável para o bem-estar de todos.
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