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Portal Ethiack: mais vale prevenir do que remediar

A Ethiack está a desenvolver uma plataforma autónoma que pretende identificar vulnerabilidades nas infraestruturas digitais expostas, de modo instantâneo, contínuo e com mais de 99% de precisão. A plataforma combinará hacking ético automático e manual com inteligência artificial para testar webapps, API e redes internas.

07 de Julho de 2023 às 14:00
O Portal Ethiack combina o Hacking Artificial e o Hacking Humano e explora as sinergias das duas abordagens, aprendendo e melhorando continuamente.
O Portal Ethiack combina o Hacking Artificial e o Hacking Humano e explora as sinergias das duas abordagens, aprendendo e melhorando continuamente. Getty Images
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A sociedade está hoje imersa na dimensão digital, desde o setor de consumo a sistemas críticos. Um facto inegável e que pode transformar-se em caos se a tecnologia for interrompida ou comprometida, explica a Ethiack, empresa vencedora do Prémio Nacional de Inovação (PNI) no segmento de Tecnologia e na categoria de Cibersegurança. "As organizações trabalham online, remoto e ágil, o que se traduz em sistemas grandes e complexos, e por isso vulneráveis", explica a empresa na sua proposta, adiantando que, em 2021, 75 novas vulnerabilidades foram descobertas por dia, com o cibercrime a atingir danos diários de 14 milhões de euros a nível global.

"Prevenir o cibercrime passa pela segurança ofensiva, que permite testar sistemas e identificar vulnerabilidades para a sua mitigação. As soluções atuais falham em termos de qualidade e frequência de teste, exigindo muito esforço humano, em tempos de escassez de profissionais". Assim, a Ethiack está a desenvolver uma plataforma autónoma capaz de identificar vulnerabilidades nas infraestruturas digitais expostas, de modo instantâneo, contínuo e com mais de 99% de precisão. A plataforma combinará hacking ético automático e manual com IA para testar WebApps, API e redes internas.

O Portal Ethiack é o primeiro produto comercializado por esta startup fundada há pouco mais de um ano
A premissa que levou a empresa a investir nesta solução foi precisamente o facto de terem a noção de que, cada vez mais, as empresas vão ser alvo de ciberataques, que causam milhões de euros em danos e prejuízos, algo que poderá ser minizado caso estejam dotadas de uma plataforma contínua de testes, explicou ao Negócios Jorge Monteiro, CEO da Ethiak. "Queremos mesmo ajudar a sociedade a estar mais segura", referiu.

Abordagem única e eficiente

Após a identificação clara do problema e de uma análise de mercado dos produtos e serviços concorrentes, com o know-how interno e de alguns parceiros e mentores, a Ethiack estudou, desenhou e avaliou o que define como "uma solução eficaz e contínua ao problema de segurança no ciberespaço".

De forma a proteger os ativos digitais das organizações continuamente e com precisão, desenvolveram uma solução de cibersegurança ofensiva que fosse autónoma. "Optámos por uma abordagem única e eficiente, uma plataforma de hacking simbiótico que identifica, classifica e propõe uma resolução para as vulnerabilidades autónoma e continuamente de toda a infraestrutura digital de uma organização", dizem na proposta.

O Portal Ethiack combina o Hacking Artificial (90%) e o Hacking Humano (10%) e explora as sinergias das duas abordagens, aprendendo e melhorando continuamente. O Hacking Artificial realiza continuamente reconhecimento de ativos digitais e identificação de vulnerabilidades, com partilha instantânea de conhecimento. "Testamos os sistemas com uma abordagem black-box, ou seja, sem qualquer conhecimento privilegiado ou prévio. Quando uma nova vulnerabilidade é detetada, nós testamos, reparamos e re-testamos".

O modelo antiacker

A empresa explica que o hacking humano são hackers éticos criativos focados em bugs lógicos e advanced exploit research de forma a aumentar a profundidade e qualidade dos testes. "Assim, é possível personalizar os testes a uma amostra específica e em tempo necessário. Os hackers podem criar um artiacker, que aprende a sua estratégia e forma de hacking".

A plataforma da Ethiack é continuamente alimentada e implementada pelo conhecimento humano através de machine learning e inteligência artificial, gerando módulos de segurança autonomamente.
Para a Ethiack, o ‘game-changer’ é o facto de a plataforma ser continuamente alimentada e implementada pelo conhecimento humano através de machine learning e inteligência artificial, gerando módulos de segurança autonomamente. "A nossa solução é inovadora porque é simbiótica (hacking artificial & hacking humano) e acreditamos que o futuro é a aprendizagem e equilíbrio do conhecimento humano e artificial". Adicionalmente, o Portal Ethiack é acessível a todas as empresas, tendo em conta que a cibersegurança é um bem cada vez mais essencial. Este é o primeiro produto comercializado por esta startup, fundada há pouco mais de um ano por André Baptista e Jorge Monteiro, que contempla neste momento sete pessoas, quer da área técnica quer da componente de marketing e gestão.

Testar é a solução

"As empresas deveriam encarar a cibersegurança como um investimento", diz Jorge Monteiro, que salientou ainda o facto de, muitas vezes, o investimento ser feito soluções defensivas. "As organizações ainda preferem construir muralhas à volta das suas infraestruturas digitais em vez as testar. E a única forma de prevenir ciberataques, é testando". O executivo fez o paralelo com a área médica: vamos ao médico quando nos dói algo ao invés de fazermos check-ups regulares para prevenir eventuais problemas. "Na Ethiack fazemos análises e testes e assim ajudarmos as empresas a estarem mais prevenidas". Aliás, ao invés do que muitas vezes se pensa, nem só as pequenas empresas têm falhas nos seus sistemas de segurança. Jorge Monteiro disse claramente que até as grandes e maduras empresas têm problemas de cibersegurança.

PNI: uma prova de confiança A conquista do Prémio Nacional de Inovação foi "deveras importante" para a Ethiack, funcionando como o que Jorge Monteiro classificou de "prova de confiança". "Somos jovens. O tema de cibersegurança requer muita confiança, maturidade, tem de estar no pilar do negócio. E este prémio vem precisamente conferir-nos essa confiança. Vem validar que estamos a fazer algo de inovador, de diferente dos restantes players do mercado".
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