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| Prémio Personalidade
. Vencedor: João Coimbra
João Coimbra, o melhor produtor de milho do mundo
Desde os anos de 1990 que tem adotado técnicas de agricultura de precisão na sua exploração agrícola, a quinta da Cholda, localizada na Golegã.
"Não é favor nenhum dizer que temos o melhor produtor do mundo no milho", afirmou José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pescas, referindo-se a João Coimbra, engenheiro agrónomo, licenciado pela Escola Superior Agrária de Santarém. Desde os anos 1990 que tem adotado técnicas de agricultura de precisão na sua exploração agrícola, a Quinta da Cholda, localizada na Golegã e que conta com 17 trabalhadores.
Esta propriedade, adquirida por João d’Assunção Coimbra em 1923 a Luís Oliveira Sommer, proprietário da Quinta da Cardiga, tem sido gerida por várias gerações, mantendo-se na vanguarda da inovação agrícola. Esta propriedade pertence aos dez irmãos, que têm 35 descendentes.
Reconhecido como um dos maiores produtores de milho em Portugal, destaca-se pelo rigor e pela gestão eficiente que aplica às culturas. É defensor da intensificação sustentável e diz que, sem a agricultura intensiva, é impossível alimentar a população mundial.
Além da produção agrícola, João Coimbra está envolvido na administração de empresas familiares dedicadas à exploração agrícola e florestal de sobreiros, eucalipto e pinho, e à produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis.
João Coimbra representa a 4.ª geração à frente da Quinta da Cholda e salientou que tentam honrar e desenvolver o legado do pai, que faleceu há 30 anos. Disse ainda que as empresas familiares conseguem competir "ao melhor nível" se tiverem condições e oportunidades. "Vamos responder à chamada de alimentar o mundo de forma sustentável, de forma equilibrada, e deixar este legado aos nossos filhos e netos em melhores condições para produzir no futuro."
| Prémio Institucional
. Vencedor: EDIA
EDIA, a Autoeuropa da água
José Pedro Salema salientou o processo de expansão que contempla as "infraestruturas que servirão às áreas de Reguengos, Vidigueira e a ligação à Albufeira do Monte da Rocha.
A EDIA (Empresa de Desenvolvimento das Infraestruturas do Alqueva), nasceu em 1995 e é a empresa pública detida pelo Estado português com a missão de conceber, construir, explorar e promover o projeto de Alqueva e conta com 191 trabalhadores.
"A sua grande missão é trabalhar em prol do desenvolvimento integrado de uma região. Não é só a gestão de infraestruturas, é fazer com que, através destas infraestruturas que distribuem água para uma vasta região, se consiga promover e concretizar o desenvolvimento económico e social de uma vasta região", afirmou José Pedro Salema, presidente do Conselho de Administração da EDIA.
Explicou que, apesar de operar a barragem há mais de 20 anos e de gerir uma rede secundária que chega às explorações de muitos agricultores e a várias estações de tratamento de água, que servem uma vasta região no abastecimento público, há ainda obras em curso. José Pedro Salema salientou que há ainda um processo de expansão que contempla as "infraestruturas que servirão a área de Reguengos, a área da Vidigueira e a ligação emblemática à Albufeira do Monte da Rocha, que vai suprir as necessidades hídricas daquele sistema".
Por sua vez, o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, realçou que o Alqueva foi "um investimento dos mais reprodutivos em termos de receita fiscal, dando ao Orçamento do Estado por ano 339 milhões de euros. Ninguém tem consciência de que temos ali uma Autoeuropa. Uma EDIA que, por ano, ajuda a que haja uma produção de mais de 3.200 milhões de euros".
| Categoria Novos Projetos
. Vencedor: Cânhamor
Construção amiga do ambiente
A Cânhamor está a instalar a primeira unidade industrial de transformação e processamento de cânhamo da Península Ibérica, destinada à produção de blocos para uma construção sustentável.
Em Garvão, concelho de Ourique, fica a única fábrica do mundo a controlar todo o processo produtivo do cânhamo, desde a matéria-prima até ao fabrico e venda do produto final. Tem 14 empregados e uma área fabril de 240 metros quadrados.
Este projeto surgiu de "uma vontade de mudar o paradigma da construção, torná-lo efetivamente um setor, que em vez de agredir o ambiente o torne amigo. Para chegar até ao ecobloco, o produto da Cânhamor, apoiou-se numa planta, no cânhamo, e no tratamento e no ressuscitar de uma cultura que é ancestral e que é uma das maiores sequestradoras de carbono", explicou Frederico Barreiro, diretor comercial da Cânhamor-Ecoblocos Ibérica.
Este ano recolheram a produção de 300 hectares, "temos previsto mais de 500 hectares na próxima campanha e o objetivo é escalar até aos 3 mil hectares de cânhamo", afirmou Frederico Barreiro. Revelou que a Cânhamor terá "a maior descortiçadora do mundo, com uma capacidade de tratar até 3 mil hectares". Adianta que o impacto deste projeto será tanto no setor da construção, com as 250 casas que esta fábrica conseguirá produzir por mês, como no setor agrícola, na capacidade de tratar o cânhamo, de o separar nas suas diferentes componentes, na fibra, nas aparas e no pó, com uma capacidade à escala mundial".
. Menção Honrosa: Seedsight
Análises aos cereais antes de serem moídos
A SeedSight está focada em dois tipos de commodities associados à indústria agroalimentar, mas a tecnologia é replicável para outros tipos de commodities.
"Na Seedsight, procuramos, através de uma plataforma digital, agregar todas as impressões digitais dos cereais", refere Gonçalo Ramos, co-founder e CCO da Seedsight. Incubada na UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, a Seedsight foi fundada em finais de 2023 por Gonçalo Ramos, Joana Paiva e Paulo Santos. Tem escritórios em Lisboa e em Berlim.
Esta solução disruptiva usa tecnologias blockchain, deep learning, sensores óticos, inteligência artificial e a fibra ótica para realizar análises biomoleculares e biofísicas online, de baixo custo e em larga escala. Permite a otimização da identificação das melhores espécies, origens e fornecedores de sementes e grãos, aos preços mais competitivos.
A sua tecnologia permite análises rápidas e precisas da qualidade dos grãos, previsão do rendimento de farinhas e deteção de micotoxinas, antes de serem moídos. Como explica Gonçalo Ramos, "conseguimos um conjunto de parâmetros em tempo real e de forma mais acessível em termos de custos e em termos de acesso democrático a todos os players que trabalham na cadeia de valor".
Na sua opinião, o objetivo a longo prazo é que "este valor seja afeto a todos os stakeholders que fazem parte da cadeia de valor dos cereais, nomeadamente desde os farmers até aos food processors". Atualmente, a SeedSight está focada em dois tipos de commodities associados à indústria agroalimentar, mas a tecnologia é replicável para outros tipos de commodities.
| Categoria Sustentabilidade
. Vencedor: Lusomorango
Frutos pequenos sustentáveis
A Lusomorango produz e comercializa framboesas, amoras, mirtilos e morangos. Conta com mais de 40 produtores e exporta 95% da sua produção.
A Lusomorango é uma organização de produtores criada em 2005 e dedica-se à produção e comercialização de framboesa, amora, mirtilo e morango, e mais de 95% da produção segue para os países da Europa Central e do Norte. Está sedeada em Odemira, mas tem produtores em Santarém e no Algarve. São cerca de 40 produtores, que fazem atualmente da Lusomorango o maior produtor de frutas e legumes de Portugal em volume de negócios. Fatura 86 milhões de euros, tem mais de 2500 trabalhadores e opera em 561 hectares. Os métodos e as práticas de produção são ambientalmente sustentáveis. "Encaramos a sustentabilidade não só na vertente ambiental, onde promovemos, investimos e incentivamos que os produtores adotem práticas mais eficientes na gestão da água e na utilização de produtos fitofarmacêuticos, mas também na promoção da biodiversidade, uma vez que grande parte dos produtores está em Odemira, em pleno parque natural", referiu Joel Vasconcelos, diretor-geral da Lusomorango.
Mas, neste modelo de sustentabilidade, também se considera a vertente social. "Somos pioneiros naquilo que se refere à aprovação de um código de conduta e à sua implementação na relação laboral das empresas com os seus trabalhadores e com a comunidade", salientou Joel Vasconcelos.
| Categoria Inovação de Produto
. Vencedor: Fertiprado
Misturas de sementes funcionais
Os produtos Proterra podem servir para atrair polinizadores, fixar azoto atmosférico, aumentar a fertilidade do solo e o teor de matéria orgânica, além de promover a biodiversidade.
"Criei esta empresa há 35 anos para não ficar desempregado, mas hoje tenho um grande orgulho em ter tido esta iniciativa", disse David Crespo, engenheiro agrónomo e fundador da Fertiprado, quando recebeu o prémio. A empresa faturou 14,5 milhões de euros, conta com 60 colaboradores e trabalha uma área entre 7 mil e 8 mil hectares na Herdade dos Esquerdos.
A Fertiprado nasceu em 1990 como uma empresa de sementes e desenvolveu, sobretudo, misturas de sementes biodiversas, ricas em leguminosas, para pastagens e forragens, que depois alargou a outras áreas do setor agrícola com o projeto Proterra. Este "deu origem a uma gama de produtos, que são misturas de sementes biodiversas e ricas em leguminosas, as quais chamamos misturas funcionais, porque cada uma delas cumpre uma função específica e, muitas vezes, algumas funções secundárias", referiu José Freire, diretor comercial e de marketing da Fertiprado.
Os produtos Proterra podem servir para atrair polinizadores, fixar azoto atmosférico, aumentar a fertilidade do solo e o teor de matéria orgânica do solo, além de promover a biodiversidade. José Freire deu como exemplo os produtores de arroz que utilizam a gama Proterra para ocuparem os seus canteiros com uma cultura que lhes permite tê-los livres de infestantes e "pouparem muito dinheiro em herbicidas, evitarem a utilização de herbicidas ou de outros produtos de ciência química", concluiu José Freire.
. Menção Honrosa: Salsicharia da Gardunha
Os snacks saudáveis de frango e peru
"Durante o seu processo de produção, não inclui fritura, mas sim uma secagem lenta, que vai conferir ao produto um sabor mais estaladiço e mais autêntico", explicou Cecília Carlos.
Foi fundada em 1982 por José e Isabel Carlos, está localizada no Fundão, opera no setor da charcutaria tradicional, produzindo enchidos e presuntos, tem uma faturação acima dos 11 milhões de euros e conta com 80 empregados. No âmbito da sua estratégia de desenvolvimento e inovação, a Salsicharia da Gardunha desenvolveu a gama Oh! Snack. Tem "como o objetivo oferecer ao consumidor, nesta gama de snacks, um snack que respondesse a três necessidades, a saúde e bem-estar, a responsabilidade e a conveniência. Desenvolvemos, assim, uma gama de snacks feitos à base de carne, é o que a Salsicharia da Gardunha sabe trabalhar", referiu Cecília Carlos, uma das responsáveis pela empresa.
Esta gama de snacks constituída por bites e que utilizam "carne de peru e frango portuguesa, ingredientes de origem natural, sem aromas adicionados, e, obviamente, um produto rico em proteína. Durante o seu processo de produção, não inclui fritura, mas sim uma secagem lenta, que vai conferir ao produto um sabor mais estaladiço e mais autêntico", explicou Cecília Carlos. Em 2022 fez o lançamento da marca Fumeiro da Gardunha."
| Categoria Inovação de Processo
. Vencedor: Frutas Classe
Uma embalagem que fala com o consumidor
"A comunicação deve ser feita por quem produz e não por quem comercializa", considera Sérgio Constantino, administrador da Frutas Classe.
Frutas Classe foi fundada em 2001, dedica-se à produção, comercialização e distribuição de frutas e legumes, fatura 20 milhões de euros, tem 180 trabalhadores e uma área produtiva de 110 hectares. Em 2008 iniciaram a produção de morangos, tendo desenvolvido marcas como a Amorango e a Mimo, tendo implementado o projeto Morango 4.0 para criação de produtos alimentares mais sustentáveis.
"O projeto Embalagem do Futuro é um projeto disruptivo em Portugal e na Europa", afirma Sérgio Constantino, administrador da Frutas Classe. Acrescenta que quer "criar uma certificação real, em tempo real para o consumidor final. Os consumidores podem ter acesso a esta informação através do scan do QR code que vai na embalagem. A partir daí, pode obter todas as informações, tanto no formato visual, como mediante uma conversa com a embalagem, em que pode perguntar as suas curiosidades, as suas dúvidas, e ficar totalmente esclarecido, sem qualquer receio de consumir os produtos produzidos em Portugal".
Na sua opinião, esta embalagem do futuro é uma forma de o produtor falar e chegar diretamente ao consumidor final, o que não acontecia, porque, até agora, a comunicação com o consumidor final era feita pelos grandes players do Mercado.
Sérgio Constantino considera que "a comunicação deve ser feita por quem produz e não por quem comercializa". Adianta ainda que este projeto ajuda a dar uma nova imagem da agricultura, que tem sido "vista como o patinho feio da economia". A Frutas Classe é premiada pela segunda vez consecutiva depois de na 12.ª edição ter recebido uma menção honrosa em inovação de processo.
. Menção Honrosa: Olibest
Azeite com tecnologia
Tem apostado na tecnologia em toda a cadeia de produção. Desenvolveu um software de gestão logística, está a desenvolver um modelo de inteligência artificial para o processo de extração e o lagar é totalmente automatizado.
A Olibest foi criada em 2018, é tem um lagar, situado no concelho de Serpa, com tecnologias de última geração, onde, na passada campanha, foram transformados 65 milhões de quilos de azeitona representando mais de 7% do consumo nacional de azeite. O azeite é vendido a granel, sendo que cerca de 30% tem como destino o mercado nacional, outros 30% são exportados para Espanha e outro terço para Itália. Fundada em 2018, fatura 38,6 milhões de euros e tem 30 trabalhadores.
Tem apostado na tecnologia em toda a cadeia de produção. Desenvolveu um software de gestão logística que permite fazer o controlo desde a colheita da azeitona à receção no lagar. "Conseguimos saber exatamente onde é que a azeitona está, que horas é que sai do campo, que horas é que chega ao lagar. Por isso, podemos ser rápidos na receção e rápidos na extração do azeite", explica Jeremias Távora, diretor-geral da Olibest.
Esta empresa desenvolve um modelo de inteligência artificial que permita obter maiores rendimentos com todos os dados que já existem sobre o processo de extração, "que nos permita obter uma menor perda e, por isso, maior rendimento do azeite que extraímos", refere Jeremias Távora. Acrescenta que o lagar é totalmente automatizado, evitando "erros humanos e distrações, e conseguir manter num só sítio todo o histórico do azeite, desde a receção da azeitona até a expedição do azeite em camiões". Fazem ainda a gestão integral das explorações de olival de produção própria em conjunto com as de outros produtores. O grande desafio, segundo Jeremias Távora, está na valorização dos subprodutos, "o que nos lagares fazem muita diferença porque tem muita influência nos seus resultados".
. Vencedor: João Coimbra
João Coimbra, o melhor produtor de milho do mundo
Desde os anos de 1990 que tem adotado técnicas de agricultura de precisão na sua exploração agrícola, a quinta da Cholda, localizada na Golegã.
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Ana Dias, João Coimbra, José Manuel Fernandes, e Ana Rosas Oliveira na entrega do Prémio Personalidade do Prémio Nacional de Agricultura 2024.
"Não é favor nenhum dizer que temos o melhor produtor do mundo no milho", afirmou José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pescas, referindo-se a João Coimbra, engenheiro agrónomo, licenciado pela Escola Superior Agrária de Santarém. Desde os anos 1990 que tem adotado técnicas de agricultura de precisão na sua exploração agrícola, a Quinta da Cholda, localizada na Golegã e que conta com 17 trabalhadores.
Esta propriedade, adquirida por João d’Assunção Coimbra em 1923 a Luís Oliveira Sommer, proprietário da Quinta da Cardiga, tem sido gerida por várias gerações, mantendo-se na vanguarda da inovação agrícola. Esta propriedade pertence aos dez irmãos, que têm 35 descendentes.
Reconhecido como um dos maiores produtores de milho em Portugal, destaca-se pelo rigor e pela gestão eficiente que aplica às culturas. É defensor da intensificação sustentável e diz que, sem a agricultura intensiva, é impossível alimentar a população mundial.
Além da produção agrícola, João Coimbra está envolvido na administração de empresas familiares dedicadas à exploração agrícola e florestal de sobreiros, eucalipto e pinho, e à produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis.
João Coimbra representa a 4.ª geração à frente da Quinta da Cholda e salientou que tentam honrar e desenvolver o legado do pai, que faleceu há 30 anos. Disse ainda que as empresas familiares conseguem competir "ao melhor nível" se tiverem condições e oportunidades. "Vamos responder à chamada de alimentar o mundo de forma sustentável, de forma equilibrada, e deixar este legado aos nossos filhos e netos em melhores condições para produzir no futuro."
| Prémio Institucional
. Vencedor: EDIA
EDIA, a Autoeuropa da água
José Pedro Salema salientou o processo de expansão que contempla as "infraestruturas que servirão às áreas de Reguengos, Vidigueira e a ligação à Albufeira do Monte da Rocha.
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Ana Dias, José Pedro Salema, José Manuel Fernandes, e Ana Rosas Oliveira, na entrega do Prémio institucional do Prémio Nacional de Agricultura 2024.
A EDIA (Empresa de Desenvolvimento das Infraestruturas do Alqueva), nasceu em 1995 e é a empresa pública detida pelo Estado português com a missão de conceber, construir, explorar e promover o projeto de Alqueva e conta com 191 trabalhadores.
"A sua grande missão é trabalhar em prol do desenvolvimento integrado de uma região. Não é só a gestão de infraestruturas, é fazer com que, através destas infraestruturas que distribuem água para uma vasta região, se consiga promover e concretizar o desenvolvimento económico e social de uma vasta região", afirmou José Pedro Salema, presidente do Conselho de Administração da EDIA.
Explicou que, apesar de operar a barragem há mais de 20 anos e de gerir uma rede secundária que chega às explorações de muitos agricultores e a várias estações de tratamento de água, que servem uma vasta região no abastecimento público, há ainda obras em curso. José Pedro Salema salientou que há ainda um processo de expansão que contempla as "infraestruturas que servirão a área de Reguengos, a área da Vidigueira e a ligação emblemática à Albufeira do Monte da Rocha, que vai suprir as necessidades hídricas daquele sistema".
Por sua vez, o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, realçou que o Alqueva foi "um investimento dos mais reprodutivos em termos de receita fiscal, dando ao Orçamento do Estado por ano 339 milhões de euros. Ninguém tem consciência de que temos ali uma Autoeuropa. Uma EDIA que, por ano, ajuda a que haja uma produção de mais de 3.200 milhões de euros".
| Categoria Novos Projetos
. Vencedor: Cânhamor
Construção amiga do ambiente
A Cânhamor está a instalar a primeira unidade industrial de transformação e processamento de cânhamo da Península Ibérica, destinada à produção de blocos para uma construção sustentável.
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Diogo Sousa Louro e Frederico Barreiro na entrega do Prémio Nacional de Agricultura à Cânhamor, na categoria de Novos Projetos.
Em Garvão, concelho de Ourique, fica a única fábrica do mundo a controlar todo o processo produtivo do cânhamo, desde a matéria-prima até ao fabrico e venda do produto final. Tem 14 empregados e uma área fabril de 240 metros quadrados.
Este projeto surgiu de "uma vontade de mudar o paradigma da construção, torná-lo efetivamente um setor, que em vez de agredir o ambiente o torne amigo. Para chegar até ao ecobloco, o produto da Cânhamor, apoiou-se numa planta, no cânhamo, e no tratamento e no ressuscitar de uma cultura que é ancestral e que é uma das maiores sequestradoras de carbono", explicou Frederico Barreiro, diretor comercial da Cânhamor-Ecoblocos Ibérica.
Este ano recolheram a produção de 300 hectares, "temos previsto mais de 500 hectares na próxima campanha e o objetivo é escalar até aos 3 mil hectares de cânhamo", afirmou Frederico Barreiro. Revelou que a Cânhamor terá "a maior descortiçadora do mundo, com uma capacidade de tratar até 3 mil hectares". Adianta que o impacto deste projeto será tanto no setor da construção, com as 250 casas que esta fábrica conseguirá produzir por mês, como no setor agrícola, na capacidade de tratar o cânhamo, de o separar nas suas diferentes componentes, na fibra, nas aparas e no pó, com uma capacidade à escala mundial".
. Menção Honrosa: Seedsight
Análises aos cereais antes de serem moídos
A SeedSight está focada em dois tipos de commodities associados à indústria agroalimentar, mas a tecnologia é replicável para outros tipos de commodities.
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Paula Alves e Gonçalo Ramos, na entrega da menção honrosa à Seedsight, na categoria de Novos Projetos, do Prémio Nacional de Agricultura.
"Na Seedsight, procuramos, através de uma plataforma digital, agregar todas as impressões digitais dos cereais", refere Gonçalo Ramos, co-founder e CCO da Seedsight. Incubada na UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, a Seedsight foi fundada em finais de 2023 por Gonçalo Ramos, Joana Paiva e Paulo Santos. Tem escritórios em Lisboa e em Berlim.
Esta solução disruptiva usa tecnologias blockchain, deep learning, sensores óticos, inteligência artificial e a fibra ótica para realizar análises biomoleculares e biofísicas online, de baixo custo e em larga escala. Permite a otimização da identificação das melhores espécies, origens e fornecedores de sementes e grãos, aos preços mais competitivos.
A sua tecnologia permite análises rápidas e precisas da qualidade dos grãos, previsão do rendimento de farinhas e deteção de micotoxinas, antes de serem moídos. Como explica Gonçalo Ramos, "conseguimos um conjunto de parâmetros em tempo real e de forma mais acessível em termos de custos e em termos de acesso democrático a todos os players que trabalham na cadeia de valor".
Na sua opinião, o objetivo a longo prazo é que "este valor seja afeto a todos os stakeholders que fazem parte da cadeia de valor dos cereais, nomeadamente desde os farmers até aos food processors". Atualmente, a SeedSight está focada em dois tipos de commodities associados à indústria agroalimentar, mas a tecnologia é replicável para outros tipos de commodities.
| Categoria Sustentabilidade
. Vencedor: Lusomorango
Frutos pequenos sustentáveis
A Lusomorango produz e comercializa framboesas, amoras, mirtilos e morangos. Conta com mais de 40 produtores e exporta 95% da sua produção.
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Pedro Santos, Joel Vasconcelos, e Diana Ramos, na entrega do Prémio Sustentabilidade à Lusomorango, no âmbito do Prémio Nacional de Agricultura
A Lusomorango é uma organização de produtores criada em 2005 e dedica-se à produção e comercialização de framboesa, amora, mirtilo e morango, e mais de 95% da produção segue para os países da Europa Central e do Norte. Está sedeada em Odemira, mas tem produtores em Santarém e no Algarve. São cerca de 40 produtores, que fazem atualmente da Lusomorango o maior produtor de frutas e legumes de Portugal em volume de negócios. Fatura 86 milhões de euros, tem mais de 2500 trabalhadores e opera em 561 hectares. Os métodos e as práticas de produção são ambientalmente sustentáveis. "Encaramos a sustentabilidade não só na vertente ambiental, onde promovemos, investimos e incentivamos que os produtores adotem práticas mais eficientes na gestão da água e na utilização de produtos fitofarmacêuticos, mas também na promoção da biodiversidade, uma vez que grande parte dos produtores está em Odemira, em pleno parque natural", referiu Joel Vasconcelos, diretor-geral da Lusomorango.
Mas, neste modelo de sustentabilidade, também se considera a vertente social. "Somos pioneiros naquilo que se refere à aprovação de um código de conduta e à sua implementação na relação laboral das empresas com os seus trabalhadores e com a comunidade", salientou Joel Vasconcelos.
| Categoria Inovação de Produto
. Vencedor: Fertiprado
Misturas de sementes funcionais
Os produtos Proterra podem servir para atrair polinizadores, fixar azoto atmosférico, aumentar a fertilidade do solo e o teor de matéria orgânica, além de promover a biodiversidade.
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António Brito, David Crespo, e António Vicente, na entrega do prémio à Fertiprado que venceu a categoria Inovação de Produto do Prémio Nacional de Agricultura
"Criei esta empresa há 35 anos para não ficar desempregado, mas hoje tenho um grande orgulho em ter tido esta iniciativa", disse David Crespo, engenheiro agrónomo e fundador da Fertiprado, quando recebeu o prémio. A empresa faturou 14,5 milhões de euros, conta com 60 colaboradores e trabalha uma área entre 7 mil e 8 mil hectares na Herdade dos Esquerdos.
A Fertiprado nasceu em 1990 como uma empresa de sementes e desenvolveu, sobretudo, misturas de sementes biodiversas, ricas em leguminosas, para pastagens e forragens, que depois alargou a outras áreas do setor agrícola com o projeto Proterra. Este "deu origem a uma gama de produtos, que são misturas de sementes biodiversas e ricas em leguminosas, as quais chamamos misturas funcionais, porque cada uma delas cumpre uma função específica e, muitas vezes, algumas funções secundárias", referiu José Freire, diretor comercial e de marketing da Fertiprado.
Os produtos Proterra podem servir para atrair polinizadores, fixar azoto atmosférico, aumentar a fertilidade do solo e o teor de matéria orgânica do solo, além de promover a biodiversidade. José Freire deu como exemplo os produtores de arroz que utilizam a gama Proterra para ocuparem os seus canteiros com uma cultura que lhes permite tê-los livres de infestantes e "pouparem muito dinheiro em herbicidas, evitarem a utilização de herbicidas ou de outros produtos de ciência química", concluiu José Freire.
. Menção Honrosa: Salsicharia da Gardunha
Os snacks saudáveis de frango e peru
"Durante o seu processo de produção, não inclui fritura, mas sim uma secagem lenta, que vai conferir ao produto um sabor mais estaladiço e mais autêntico", explicou Cecília Carlos.
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Cláudia Coelho e Cecília Carlos na entrega da menção honrosa à Salsicharia da Gardunha, na categoria Inovação de Produto.
Foi fundada em 1982 por José e Isabel Carlos, está localizada no Fundão, opera no setor da charcutaria tradicional, produzindo enchidos e presuntos, tem uma faturação acima dos 11 milhões de euros e conta com 80 empregados. No âmbito da sua estratégia de desenvolvimento e inovação, a Salsicharia da Gardunha desenvolveu a gama Oh! Snack. Tem "como o objetivo oferecer ao consumidor, nesta gama de snacks, um snack que respondesse a três necessidades, a saúde e bem-estar, a responsabilidade e a conveniência. Desenvolvemos, assim, uma gama de snacks feitos à base de carne, é o que a Salsicharia da Gardunha sabe trabalhar", referiu Cecília Carlos, uma das responsáveis pela empresa.
Esta gama de snacks constituída por bites e que utilizam "carne de peru e frango portuguesa, ingredientes de origem natural, sem aromas adicionados, e, obviamente, um produto rico em proteína. Durante o seu processo de produção, não inclui fritura, mas sim uma secagem lenta, que vai conferir ao produto um sabor mais estaladiço e mais autêntico", explicou Cecília Carlos. Em 2022 fez o lançamento da marca Fumeiro da Gardunha."
| Categoria Inovação de Processo
. Vencedor: Frutas Classe
Uma embalagem que fala com o consumidor
"A comunicação deve ser feita por quem produz e não por quem comercializa", considera Sérgio Constantino, administrador da Frutas Classe.
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Armando Esteves Pereira, Pedro Marques e Amândio Santos, na entrega do prémio Inovação de Processo à Frutas Classe, no Prémio Nacional de Agricultura.
Frutas Classe foi fundada em 2001, dedica-se à produção, comercialização e distribuição de frutas e legumes, fatura 20 milhões de euros, tem 180 trabalhadores e uma área produtiva de 110 hectares. Em 2008 iniciaram a produção de morangos, tendo desenvolvido marcas como a Amorango e a Mimo, tendo implementado o projeto Morango 4.0 para criação de produtos alimentares mais sustentáveis.
"O projeto Embalagem do Futuro é um projeto disruptivo em Portugal e na Europa", afirma Sérgio Constantino, administrador da Frutas Classe. Acrescenta que quer "criar uma certificação real, em tempo real para o consumidor final. Os consumidores podem ter acesso a esta informação através do scan do QR code que vai na embalagem. A partir daí, pode obter todas as informações, tanto no formato visual, como mediante uma conversa com a embalagem, em que pode perguntar as suas curiosidades, as suas dúvidas, e ficar totalmente esclarecido, sem qualquer receio de consumir os produtos produzidos em Portugal".
Na sua opinião, esta embalagem do futuro é uma forma de o produtor falar e chegar diretamente ao consumidor final, o que não acontecia, porque, até agora, a comunicação com o consumidor final era feita pelos grandes players do Mercado.
Sérgio Constantino considera que "a comunicação deve ser feita por quem produz e não por quem comercializa". Adianta ainda que este projeto ajuda a dar uma nova imagem da agricultura, que tem sido "vista como o patinho feio da economia". A Frutas Classe é premiada pela segunda vez consecutiva depois de na 12.ª edição ter recebido uma menção honrosa em inovação de processo.
. Menção Honrosa: Olibest
Azeite com tecnologia
Tem apostado na tecnologia em toda a cadeia de produção. Desenvolveu um software de gestão logística, está a desenvolver um modelo de inteligência artificial para o processo de extração e o lagar é totalmente automatizado.
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Cláudia Coelho e Cecília Carlos na entrega da menção honrosa à Salsicharia da Gardunha, na categoria Inovação de Produto.
A Olibest foi criada em 2018, é tem um lagar, situado no concelho de Serpa, com tecnologias de última geração, onde, na passada campanha, foram transformados 65 milhões de quilos de azeitona representando mais de 7% do consumo nacional de azeite. O azeite é vendido a granel, sendo que cerca de 30% tem como destino o mercado nacional, outros 30% são exportados para Espanha e outro terço para Itália. Fundada em 2018, fatura 38,6 milhões de euros e tem 30 trabalhadores.
Tem apostado na tecnologia em toda a cadeia de produção. Desenvolveu um software de gestão logística que permite fazer o controlo desde a colheita da azeitona à receção no lagar. "Conseguimos saber exatamente onde é que a azeitona está, que horas é que sai do campo, que horas é que chega ao lagar. Por isso, podemos ser rápidos na receção e rápidos na extração do azeite", explica Jeremias Távora, diretor-geral da Olibest.
Esta empresa desenvolve um modelo de inteligência artificial que permita obter maiores rendimentos com todos os dados que já existem sobre o processo de extração, "que nos permita obter uma menor perda e, por isso, maior rendimento do azeite que extraímos", refere Jeremias Távora. Acrescenta que o lagar é totalmente automatizado, evitando "erros humanos e distrações, e conseguir manter num só sítio todo o histórico do azeite, desde a receção da azeitona até a expedição do azeite em camiões". Fazem ainda a gestão integral das explorações de olival de produção própria em conjunto com as de outros produtores. O grande desafio, segundo Jeremias Távora, está na valorização dos subprodutos, "o que nos lagares fazem muita diferença porque tem muita influência nos seus resultados".