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Negócios Iniciativas | John Williams Stilwell: “A água permite-nos ter um plano de negócios mais previsível”

O valor acrescentado bruto da agricultura em regadio é seis vezes superior à agricultura em sequeiro, diz John Williams Stilwell, no videocast sobre “O desafio da água na agricultura além de ajudar a absorver as mudanças climáticas quando o clima está mais volátil.

21 de Março de 2025 às 14:00
Bruno Colaço
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Foto em cima: John Williams Stilwell foi o convidado do último videocast sobre "O desafio da água na agricultura".

Em janeiro de 2019, um grupo de investidores internacionais organizado na Duck River Agriculture, denominação inspirada no nome romano do rio Guadiana, rio dos Patos, começou os seus investimentos agrícolas em amendoais e olivais. "Fomos plantar amendoal numa região nova, na Beira Baixa, onde temos cerca de metade da nossa área", refere John Williams Stilwell, CFO da Duck River Agriculture, no videocast sobre "O desafio da água na agricultura", realizado no âmbito do do 13.º Prémio Nacional da Agricultura, uma iniciativa do BPI e da Medialivre, com o patrocínio do Ministério da Agricultura e Alimentação e o apoio da PWC.

Depois, a Duck River alargou os seus investimentos ao amendoal e ao olival no Alentejo. Acrescenta que "os projetos agrícolas estão inseridos em perímetros de rega, porque a segurança e a sustentabilidade no abastecimento e na gestão da água são fulcrais e basilares do nosso modelo de negócio".

A água permite-nos ter um plano de negócios mais previsível, assumir custos a prazo, retira volatilidade às produções e às receitas, o que não é possível com o sequeiro. John Williams Stilwell
CFO da Duck River Agriculture

John Williams Stilwell explicou que a "água confere qualidade ao produto", e que os compradores têm preferência pela amêndoa produzida em regadio relativamente à produção em sequeiro, "porque é um produto mais consistente, mais homogéneo". Adianta que "a água permite-nos ter um plano de negócios mais previsível, assumir custos a prazo, retira volatilidade às produções e às receitas, o que não é possível com o sequeiro".

O regadio e o sequeiro

John Williams Stilwell revela que os estudos evidenciam o fator diferenciador da água na agricultura e indicam que o valor acrescentado bruto da agricultura em regadio é seis vezes superior à agricultura em sequeiro, além de ajudar a absorver as mudanças climáticas quando o clima está mais volátil.

Recorda que a Andaluzia teve uma seca extrema durante dois anos com grandes quebras na produção de azeite com o mercado mundial a afundar porque a Espanha é o maior produtor mundial de azeite. Os produtores em Portugal de azeite em regadio "foram altamente beneficiados, porque as suas produções seguiram estáveis, graças ao acesso à água desse grande reservatório que é o Alqueva".

Para John Williams Stilwell esta infraestrutura é uma "das coisas muito bem feitas em Portugal e criou uma nova agricultura", que se tem expandido. Alerta, no entanto, que "a expansão precisa de um reforço de abastecimento de água, porque já resultou recentemente em cortes para algumas culturas recentemente".

Digital e tecnologia

O CFO da Duck River Agriculture salientou que, além da água de regadio, a empresa e o negócio agrícola beneficiam da digitalização e das novas tecnologias. "Desde o primeiro momento que procuramos ser uma empresa moderna e estar na agricultura como uma postura inovadora através de uma digitalização quase total da nossa gestão, desde o campo às áreas administrativas, financeiras, desde os tratores até ao analista que está no escritório, a informação flui de forma digital e automatizada, tanto quanto possível", afirma John Williams Stilwell.

Revelou ainda que a Duck River aproveita a revolução da cloud, que permite aceder a softwares, soluções e ferramentas, por preços muito competitivos, que há alguns anos, apenas estariam ao alcance das maiores empresas com orçamentos de milhões.

As tecnologias como a rega com sistemas de gota a gota, com base em previsões meteorológicas e sondas no solo e estações meteorológicas nas herdades, permitem que "as explorações agrícolas mais profissionais reguem apenas o estritamente necessário para a planta produzir a níveis ótimos. Arrisco-me a dizer que na agricultura moderna não há desperdício de água, é muito residual o desperdício de água, porque é um bem escasso e é um custo", concluiu John Williams Stilwell.

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