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Foto em cima: Carlos Gonçalves e Luís Lima no videocast "Agricultura Agora: Conversas sobre Sustentabilidade e Inovação".
"Estamos a seguir dois grandes caminhos relativamente às matérias-primas: trazê-las de longe para perto e produzir de forma regenerativa, com agricultura regenerativa", afirmou Carlos Gonçalves, administrador da Casa Mendes Gonçalves, durante o videocast "Agricultura Agora: Conversas sobre Sustentabilidade e Inovação", realizado no âmbito do Prémio Nacional de Agricultura, uma iniciativa do BPI, do Negócios e do Correio da Manhã, que conta com o patrocínio do Ministério da Agricultura e Pescas e o apoio da PwC.
Na produção regenerativa, têm-se inspirado nas práticas dos Estados Unidos, testam para criar modelos e, depois, procuram que os agricultores próximos da fábrica, na Golegã, adotem essas práticas. Começaram há cinco anos com os pimentos picantes. Este ano, estão a fazê-lo com a mostarda, num exemplo de agricultura regenerativa, mas também de proximidade da fonte da matéria-prima, uma vez que a mostarda vinha do Canadá. "Esperamos que, no próximo ano, 100% da mostarda já seja produzida na Golegã."
"Montámos toda a nossa estratégia nos critérios de ESG e na inovação, desde sempre. Porque, nesta área de negócio, do outro lado da Casa Mendes Gonçalves, estão as maiores empresas multinacionais do mundo. Portanto, uma empresa a partir da Golegã, de Portugal, tinha de encontrar o seu mercado", disse Carlos Gonçalves. Como explicou, na atividade agroindustrial, a inovação passa muito pela valorização da transformação das matérias-primas.
O preço e a qualidade
Deu o exemplo da marca, Rubies in The Rubble, no Reino Unido, para quem faziam os produtos e que recentemente adquiriram. O seu ketchup foi considerado o melhor do Reino Unido pelo Sunday Times em julho de 2024. "Há uns anos tínhamos ganho o prémio de melhor ketchup numa feira no Dubai. Uma coisa tão simples, é tomate, faz-se da mesma maneira, mas a inovação, neste caso, tem muito a ver com o desperdício alimentar. Juntámos puré de fruta para substituir o açúcar, e com as características e a qualidade do tomate e a produção agrícola próxima da fábrica, conseguimos um produto que vence e é reconhecido", explica Carlos Gonçalves.
Administrador da Casa Mendes Gonçalves
O líder da Casa Mendes Gonçalves salienta que o preço em Portugal é determinante e há quem recorra ao tomate da Polónia ou da Turquia, porque é mais barato. "Uma cadeia de restauração em Portugal compra pelo preço, mas há uma cadeia no Reino Unido, que é muito maior, que nos compra, compensa a estratégia", garante Carlos Gonçalves.
A Casa Mendes Gonçalves nasceu ciente da necessidade de inovação e, por isso, criou, logo no princípio, um departamento de investigação e desenvolvimento, que hoje tem 13 pessoas, e faz parcerias com faculdades e empresas de distribuição. "Fazemos mais de 400 projetos de investigação e desenvolvimento, lançamos 50 a 60 produtos no mercado. Estamos muito bem preparados para falhar. Falamos do sucesso, mas podemos falar de vários insucessos que nos levam, depois, aos sucessos", refere Carlos Gonçalves.
Referindo-se ao mindset das equipas, "é o de fazer, chegar primeiro, antecipar às tendências alimentares do futuro. E usar este potencial de podermos produzir matérias-primas de muita qualidade e muita diferenciação, que, no nosso caso, vão representar produtos finais com qualidade e diferenciação, porque, "nos mercados onde estamos, nem sequer chegamos à fase do preço, se não tivermos estas condições que nos vão garantir um futuro".