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"Há uma grande preocupação com o aumento de capacidade de armazenamento da água, porque a tendência para os próximos anos será de redução da precipitação, e, sobretudo, com a intensidade e a concentração da precipitação em determinadas zonas. Precipitação em períodos mais curtos e em menos zonas", assinala Álvaro Mendonça e Moura, presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP).
Defende que os objetivos da política da água devem ser aumentar a capacidade de armazenamento de água e a ligação entre as bacias hidrográficas. É essencial para combater os fogos, manter zonas húmidas, e permitir um desenvolvimento agrícola que retenha as pessoas no território.
"A alternativa é o abandono, o que leva inevitavelmente a um aumento dos fogos, a uma desertificação do país e a uma maior litoralização do território, que já está desequilibrado e muito concentrado entre Braga e Setúbal", adverte Álvaro Mendonça e Moura.
Uso racional da água
"O caminho do uso racional da água tem sido feito, mas há sempre desperdício, até porque ainda há explorações agrícolas que têm de evoluir nesse sentido", disse Álvaro Mendonça e Moura. O antigo embaixador não deixou de sublinhar que tem de se olhar para a evolução dos últimos vinte anos, considerando que hoje em dia uma grande parte da agricultura é de precisão, em que a rega é feita gota a gota.
"Os agricultores fizeram um investimento muito grande porque perceberam que não havia alternativa à poupança da água, porque há menos água disponível, e diminui os custos de exploração", disse Álvaro Mendonça e Moura. Adianta que em determinadas regiões do país já não se encontram explorações agrícolas que não poupem água, mas haverá outras ainda com caminho a percorrer neste aspeto.
Em maio de 2023, quando Álvaro Mendonça e Moura foi eleito e tomou posse como presidente da CAP, ficou muito surpreendido pelo facto de esta organização não participar na elaboração dos planos de eficiência hídrica nas várias regiões do país. Depois de uma conversa com António Costa, primeiro-ministro, este "concordou que não fazia sentido os agricultores não serem ouvidos e atualmente passámos a ser ouvidos".
Limitações dos planos
Álvaro Mendonça e Moura observa nestes planos de eficiência hídrica pelo menos duas limitações. A primeira tem a ver com o facto de não se pensar no conjunto dos utilizadores, como, por exemplo, as câmaras municipais, "em que o desperdício de água é grande. Em alguns casos, mesmo que raros, temos desperdícios a nível municipal superiores a 80%. Mas em muitas câmaras há desperdícios da ordem dos 30%. As câmaras municipais e os sistemas municipais não podem ser excluídos desta visão e têm de entrar nesta equação."
O segundo ponto tem a ver com o que se quer fazer no futuro e pensar não só nas necessidades atuais como nas futuras. O que implica fazer a questão-chave. "Onde é que se vai arranjar mais água se é de mais água que se necessita? Sem isto, um plano de eficiência hídrica é apenas um planozinho de poupança do tipo ‘feche a torneira s.f.f.’", alerta Álvaro Mendonça e Moura. Além disso, os planos de eficiência hídrica devem estar ligados entre si e não ser compartimentados.
Defende que os objetivos da política da água devem ser aumentar a capacidade de armazenamento de água e a ligação entre as bacias hidrográficas. É essencial para combater os fogos, manter zonas húmidas, e permitir um desenvolvimento agrícola que retenha as pessoas no território.
"A alternativa é o abandono, o que leva inevitavelmente a um aumento dos fogos, a uma desertificação do país e a uma maior litoralização do território, que já está desequilibrado e muito concentrado entre Braga e Setúbal", adverte Álvaro Mendonça e Moura.
Uso racional da água
"O caminho do uso racional da água tem sido feito, mas há sempre desperdício, até porque ainda há explorações agrícolas que têm de evoluir nesse sentido", disse Álvaro Mendonça e Moura. O antigo embaixador não deixou de sublinhar que tem de se olhar para a evolução dos últimos vinte anos, considerando que hoje em dia uma grande parte da agricultura é de precisão, em que a rega é feita gota a gota.
"Os agricultores fizeram um investimento muito grande porque perceberam que não havia alternativa à poupança da água, porque há menos água disponível, e diminui os custos de exploração", disse Álvaro Mendonça e Moura. Adianta que em determinadas regiões do país já não se encontram explorações agrícolas que não poupem água, mas haverá outras ainda com caminho a percorrer neste aspeto.
Em maio de 2023, quando Álvaro Mendonça e Moura foi eleito e tomou posse como presidente da CAP, ficou muito surpreendido pelo facto de esta organização não participar na elaboração dos planos de eficiência hídrica nas várias regiões do país. Depois de uma conversa com António Costa, primeiro-ministro, este "concordou que não fazia sentido os agricultores não serem ouvidos e atualmente passámos a ser ouvidos".
Limitações dos planos
Álvaro Mendonça e Moura observa nestes planos de eficiência hídrica pelo menos duas limitações. A primeira tem a ver com o facto de não se pensar no conjunto dos utilizadores, como, por exemplo, as câmaras municipais, "em que o desperdício de água é grande. Em alguns casos, mesmo que raros, temos desperdícios a nível municipal superiores a 80%. Mas em muitas câmaras há desperdícios da ordem dos 30%. As câmaras municipais e os sistemas municipais não podem ser excluídos desta visão e têm de entrar nesta equação."
O segundo ponto tem a ver com o que se quer fazer no futuro e pensar não só nas necessidades atuais como nas futuras. O que implica fazer a questão-chave. "Onde é que se vai arranjar mais água se é de mais água que se necessita? Sem isto, um plano de eficiência hídrica é apenas um planozinho de poupança do tipo ‘feche a torneira s.f.f.’", alerta Álvaro Mendonça e Moura. Além disso, os planos de eficiência hídrica devem estar ligados entre si e não ser compartimentados.